Os cuidados essenciais com o recém-nascido no inverno
Especialistas dão dicas valiosas para ajudar os pais de bebês que chegam ao mundo na época mais gelada do ano
Ter um recém-nascido em casa, sobretudo quando se trata do primeiro filho, traz uma série de dúvidas. “Como sei o que ele está sentindo? Será que estou agindo da maneira certa?”. Questionamentos como esses são normais, afinal, lidar com um bebê que depende inteiramente de nós não é uma tarefa simples. Quando a criança nasce no inverno, então! A preocupação parece vir redobrada, pelo receio de que ela passe frio e fique doente.
Para ajudar as famílias nessa missão, conversamos com especialistas que listaram quais são os cuidados essenciais com o recém-nascido nos dias de baixas temperaturas.
Como saber se o bebê está com frio?
Mãos e pés ficam gelados com facilidade, portanto, é mais eficaz encostar na barriga e nas costas para sentir se estão frias. Caso estejam, é sinal de que a criança precisa ser aquecida.
“O bebê deve estar com uma camada de roupa a mais que o adulto, pois tem menor quantidade de gordura e menor capacidade de tremer a musculatura para gerar calor”, explica Patrícia Tosta, pediatra do Fleury Medicina e Saúde. “Entretanto, se perceber que ele está suando na nuca, na cabeça ou nas costas, é sinal de que está hiperaquecido e pode desidratar. Nesse caso, recomenda-se tirar um pouco de roupa”, diz.
Banho e troca de fralda
Feche as janelas e separe previamente tudo de que for precisar. “O banho deve ser rápido, para que a criança não fique exposta ao frio por muito tempo”, orienta a médica.
Segundo ela, uma boa dica é deixar o vapor de água aquecer o banheiro por alguns minutos ou, se a temperatura ambiente estiver muito baixa, usar um aquecedor antes (com atenção para não posicioná-lo em uma área molhada). Encoste o dorso da mão ou o antebraço na água para saber se ela não vai machucar a pele do recém-nascido. Outra opção é utilizar um termômetro de banheira – espere que ele marque entre 36º e 37ºC.
“Assim que terminar, envolva o bebê com uma toalha, cobrindo inclusive a cabeça, para evitar a perda de calor do corpo. Caso esteja muito frio, é melhor trocá-lo no próprio local: tire a toalha molhada, seque bem entre os dedos e em todas as dobras de pele”, recomenda Patrícia.
Nas trocas de fralda, vale novamente a agilidade. “Limpe e seque a região de maneira rápida, para expor o bebê ao frio pelo menor tempo possível”, indica a pediatra, que sugere mais uma vez o uso do aquecedor, se o ambiente estiver bastante gelado.
Como manter o quarto do bebê quentinho
O primeiro passo é não colocar o berço próximo à janela, além de tomar cuidado com as frestas. “Todo ambiente onde o recém-nascido permanece deve ser arejado e ter circulação de ar, mas as janelas precisam ser bem vedadas e ter manutenção adequada”, destaca Clery Bernardi Gallacci, pediatra e neonatologista do Hospital e Maternidade Santa Joana. “Caso elas apresentem algum tipo de vazamento, devem ser consertadas o quanto antes. Enquanto isso não ocorre, é possível usar toalhas como vedação”, diz.
Preferencialmente, não cubra a criança. Assim, você mantém qualquer risco de sufocamento bem longe. Vista o pequeno em camadas, garantindo que ele fique quentinho e continue seguro.
Pode usar aquecedor?
Sim, mas com parcimônia. “O melhor é não deixar o aquecedor ligado por um longo período. Os modelos elétricos, por exemplo, podem derreter os polos de eletricidade e causar curto-circuito. Além disso, a umidade do ambiente pode cair muito, levando ao ressecamento das mucosas e a problemas respiratórios”, alerta Patrícia Tosta.
É importante se atentar ainda às condições dos fios do aparelho, não usar extensões e colocá-lo longe de cortinas ou de água. “Aquecedores a óleo sem termostato, à lenha ou a gás levam ao aumento do monóxido de carbono no quarto”, ressalta. Entre as opções, a versão a óleo com termostato é a mais indicada.
“O superaquecimento não é recomendado, pois pode levar o recém-nascido à desidratação, hipertermia [aumento de temperatura corporal] e até à apneia [parar de respirar durante o sono]. Ainda é importante cuidar da umidificação do ambiente”, completa Clery. Para isso, é possível usar um recipiente contendo água.
Gorrinhos e luvas: sim ou não?
“Como a cabeça tem grande área corporal, é uma região de fácil troca de calor com o ambiente. Portanto, se ela resfriar, o corpo todo do bebê pode sofrer queda de temperatura. As extremidades (mãos e pés) também podem ser áreas difíceis de se manter aquecidas. Gorros e luvas são recomendados, mas evite utilizar lãs e tecidos com menos elasticidade, para não levar à irritação da pele e ao desconforto”, diz Patrícia.
A neonatologista do Hospital Santa Joana destaca ainda a questão do tamanho das peças. No caso do gorro, se for grande, pode cair sobre o nariz da criança, impedindo-a de respirar. Se for pequeno, pode gerar o que ela chama de “compressão do segmento cefálico”, ou seja, apertar a cabecinha. “Para o uso de luvas, também temos que prestar atenção ao período de desenvolvimento do lactente, pois em torno do terceiro ou quarto mês de vida, ele leva muito as mãos à boca”, comenta a médica. Nessa fase, suspenda o uso.
Cuidados com o frio na rua
De acordo com Patrícia Tosa, é possível sair nos dias mais frios, desde que não esteja ventando demais e por um curto período de tempo – menos de 15 minutos. “Cuidado ao colocar a criança no carro, para que camadas excessivas de roupas não comprometam a segurança, apertando-a demais no bebê conforto”, indica.
Lembre-se de que o recém-nascido ainda não recebeu vacinas essenciais e é importante ficar de olho em doenças infecciosas. “Vale evitar ambientes fechados. Os passeios ao ar livre podem ser feitos com a criança no carrinho e com proteção apropriada, como é realizado em países onde o inverno é mais rigoroso”, sugere Clery.
Doenças frequentes no inverno
“As doenças respiratórias são as mais comuns nessa época do ano, quando a umidade do ar cai e o tempo seco prejudica a saúde do bebê, deixando-o vulnerável”, afirma Roberta Pilla, médica otorrinolaringologista pediátrica.
Segundo a especialista, entre os principais problemas, estão:
- bronquiolite
- gripe
- pneumonia
- rinite
- asma
Essas doenças podem levar a quadros de insuficiência respiratória, piora das mamadas, risco de desidratação e até a casos graves com necessidade de internação. Logo, precisam ser acompanhadas de perto pelo médico. “A exposição a mudanças bruscas de temperatura, correntes de vento e ar condicionado também pode ser prejudicial”, ressalta.
“Outra questão do frio são as alterações na pele”, destaca o pediatra e neonatologista Paulo Telles. Alguns exemplos que ele aponta são:
- ressecamento
- eczemas
- dermatites
“Evite banhos muito quentes e demorados, use pouco sabonete e sempre aqueles indicados para bebês. Hidrate bem a pele ao final e, se possível, mais uma ou duas vezes ao dia”, orienta o médico. Com esses cuidados essenciais, a chegada da criança na época fria do ano fica mais segura e tranquila.
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