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Gripe, resfriado ou alergia? Saiba como diferenciar

Espirros, tosse, nariz escorrendo… Problemas respiratórios em crianças podem ter alguns sintomas em comum. Como distingui-los, então? Especialista explica

Por Da Redação
12 abr 2023, 11h35

Até os 5 anos de idade, uma criança contrai, em média, de sete a dez infecções respiratórias por ano, segundo algumas das evidências científicas mais confiáveis. Isso significa que, se você tem um filho nessa faixa etária, ele tende a ficar doente quase uma vez por mês! Para tornar o desafio ainda maior, há diversos problemas que acometem as vias aéreas, com sintomas que podem ser parecidos, mas com tratamentos que são distintos. Será que é gripe, alergia ou resfriado? Recentemente, o “jogo de adivinhação” ganhou mais uma possibilidade de peso: será que é Covid-19? Para entender melhor as diferenças, conversamos com a alergista e imunologista pediátrica Mônica Serour de Souza e Mello, do Hospital Vitória (RJ).

A gripe e o resfriado são doenças causadas por vírus e transmitidas por gotículas de secreções respiratórias de uma pessoa infectada”, diz ela. “Já a alergia respiratória é desencadeada por agentes alergênicos – como ácaros, poluição, fungos, pólen, pelos de animais e a queda brusca de temperatura”, explica.

Falando sobre as duas primeiras questões, a gripe e o resfriado podem ter sintomas mais parecidos. No entanto, existem algumas distinções, sobretudo na intensidade e na duração deles. A gripe é uma doença mais aguda e surge de um dia para o outro, com sintomas fortes. Costuma durar entre uma e duas semanas, de acordo com a especialista, e tem como agentes causadores os vírus da família Influenza. O resfriado, por sua vez, apresenta uma evolução lenta e sinais mais leves. Em geral, melhora em poucos dias e raramente evolui para complicações. Alguns dos principais agentes causadores são rinovírus, adenovírus e parainfluenza.

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a alergia respiratória tem um mecanismo diferente: é uma resposta exagerada do sistema imunológico, que é o aparelho de defesa do nosso organismo, ao contato com substâncias que afetam as vias aéreas e o sistema respiratório. “A principal diferença [em termos de sintomas] entre as alergias respiratórias e as infecções virais é a ausência de febre, comenta Mônica. Em outras palavras, o aumento da temperatura corporal pode ser uma consequência de gripes e resfriados – de alergias, normalmente não.

Em comum, todas essas doenças têm o fato de que costumam aparecer com maior frequência na temporada de outono/inverno. Segundo a imunologista, o frio, o tempo seco, a baixa umidade e a presença de poluentes no ar favorecem a sobrevida e a transmissão dos vírus, já que contribuem para o ressecamento das vias respiratórias. “Isso torna o organismo mais vulnerável a microrganismos invasores”, diz. Alergias como asmas, rinite e sinusite também podem ter maior incidência, por conta do clima seco e da concentração de poluentes no ar, tanto em ambientes internos, quanto externos.

Diagnóstico de gripe, resfriado e alergia

Para diagnosticar a gripe ou o resfriado, em geral não é necessário realizar exames, afirma Mônica. Apesar disso, existe um teste, conhecido como Painel Viral, que ajuda a detectar essas doenças. Ele é feito com o auxílio de um swab (objeto semelhante a um cotonete), coletando amostras de secreções do nariz e da garganta, como o teste de Covid.

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A detecção de alergia é baseada nos sinais apresentados. “Mas também podem ser feitos os testes, realizados em consultório, pelo médico, para confirmar essa alergia e identificar o agente responsável”, explica a imunologista.

As diferenças no tratamento

É importante entender a origem da infecção ou da alergia respiratória para indicar a melhor forma de agir diante do problema. O tratamento de gripes e resfriados, por exemplo, consiste no uso de medicamentos para aliviar os sintomas, como analgésicos e antitérmicos, além de repouso e ingestão de líquidos. Fora isso, não existe solução mágica. Só mesmo paciência. “Não há nenhum remédio que cure o resfriado. O próprio organismo é quem reage, eliminando o vírus”, aponta a médica. “Em alguns casos mais específicos e em pacientes de risco, é preciso usar medicamentos antivirais para atuar especificamente sobre o vírus da gripe”, ressalta. Se for necessário, o médico é quem vai orientar.

O tratamento de quadros alérgicos pode incluir o uso de medicamentos antialérgicos, corticoides e broncodilatadores, conforme os sintomas apresentados pela criança.

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E como saber quando é preciso buscar atendimento de urgência? “Na presença de sinais graves, como febre alta, difícil de controlar, dificuldade respiratória, inapetência (ausência séria de apetite) e desidratação, procure um médico”, orienta a imunologista.

Os sintomas de cada doença

Como os tratamentos e a conduta costumam ser diferentes, de acordo com cada quadro, é importante prestar atenção nos sintomas. Aqui, a alergista e imunologista pediátrica lista os principais:

Sintomas de gripe

  • Febre alta
  • Calafrios
  • Dores musculares
  • Dor de cabeça
  • Dor de garganta
  • Tosse
  • Mal-estar intenso
  • Perda de apetite
criança deitada em uma cama. Mulher sentada ao lado dela observa um termômetro
(ArtistGNDphotography/Getty Images)

Sintomas de resfriado

  • Congestão nasal
  • Coriza
  • Febre baixa
  • Dor de garganta leve
  • Tosse

Sintomas de alergia respiratória

  • Coceira nos olhos e no nariz
  • Espirros frequentes
  • Tosse seca
  • Coriza
  • Coceira na garganta
  • Olhos lacrimejando
  • Geralmente, não há febre

Dá para prevenir?

“Apesar de haver diferenças entre gripe e resfriado, de forma geral, as duas são doenças contagiosas, causadas por vírus, que pioram com a baixa imunidade”, explica Mônica. Por isso, segundo ela, as mesmas dicas de prevenção funcionam para ambas: se possível, fuja de mudanças de temperatura muito bruscas (como sair de um lugar aquecido para outro, com ar condicionado forte, rapidamente), o que pode afetar a imunidade. Higienize bem as mãos com frequência, usando água e sabão ou álcool em gel, e tente não colocar as mãos nos olhos, no nariz e na boca.

Evitar contato próximo com indivíduos infectados, ter uma dieta com alimentos ricos em vitamina C, não compartilhar objetos pessoais e evitar locais aglomerados e com pouca circulação de ar também são precauções essenciais. São os métodos dos quais ficamos muito íntimos nos últimos anos, durante a pandemia. “Exclusivamente em relação à gripe, é importante tomar a vacina contra o vírus Influenza. No caso do resfriado, não há vacina”, diz a especialista.

Já a prevenção de reações alérgicas respiratórias inclui beber pelo menos um litro de água por dia, evitar o tabagismo (passivo, no caso das crianças), manter a casa limpa e livre de poeira, optar por não usar tapetes, carpetes, cortinas de pano e brinquedos de pelúcia (sobretudo nos quartos), manter os animais de estimação também fora do local em que a criança dorme e fazer lavagens nasais com soro fisiológico. “Desta forma, você remove as impurezas e diminui o efeito das substâncias alergênicas no sistema respiratório”, recomenda Mônica.

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E a Covid-19?

Ao primeiro sinal de tosse, coriza ou espirro, alguém já levanta a hipótese da doença. E não é para menos! Ela parou o mundo nos últimos anos. Assim como a gripe e os resfriados, a Covid-19 também é uma causada por vírus e é transmitida por gotículas de secreções respiratórias de uma pessoa infectada.

Nesse caso, o agente causador é o Sars-CoV-2, da família dos coronavírus. “A evolução, geralmente, é gradual, com quadro agravado após o oitavo dia de infecção, quando pode haver complicações”, diz a imunologista pediátrica. É possível que a criança tenha uma dificuldade mais séria para respirar, por exemplo. No entanto, boa parte dos casos pediátricos são assintomáticos, ou seja, o pequeno pode até testar positivo e ter a presença do vírus detectado em seu organismo, mas não apresenta sintomas. ”Outro diferencial importante é a falta de paladar e de olfato, muito comum em pessoas com Covid-19, mas rara nos demais casos”, lembra ela.

A realização de testes é importante para que a pessoa contaminada se coloque em isolamento, em caso de resultado positivo, precocemente, impedindo uma possível cadeia de transmissão”, aponta a especialista. Ela explica que a testagem em massa é a melhor maneira de rastrear o vírus, identificar novos focos e viabilizar medidas de contenção para controlar a propagação das doenças.

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