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12 ações para criar meninos longe do machismo e que respeitem as mulheres

A desconstrução é um processo longo e trabalhoso que começa na infância e dentro de casa, mas traz benefícios para os homens e mulheres do futuro.

Por Ketlyn Araujo
Atualizado em 8 mar 2022, 16h13 - Publicado em 29 abr 2021, 12h38

“Homem não chora”, “Meninas usam rosa, meninos usam azul”, “Isso não é coisa de homem”, “Aja feito homem!”, “Ele é o homem da casa”. Poderíamos perder um dia inteiro só para listar frases machistas que homens e meninos ouvem por aí desde a primeira infância, e que no fim das contas não contribuem em nada para uma sociedade que deveria ser pautada pela equidade.

O machismo, ao contrário do que algumas pessoas possam pensar, não prejudica apenas as mulheres, apesar de sermos as mais afetadas. Isso porque um contexto machista acaba fazendo com que homens reprimam suas emoções, sofram em silêncio, usem de violência para resolver conflitos, economizem no afeto e cresçam com problemas psicológicos e emocionais, consequência de uma falsa ideia de superioridade de gênero.

O ponto positivo é que a sociedade repensa, aprende –  ainda que lentamente -, e discussões sobre esses e outros temas são cada vez mais populares e naturalizadas. Ainda assim, na prática, pode ser um tanto quanto complicado educar meninos sem cair nos estereótipos e preconceitos enraizados. Para mudar isso, comece fazendo a sua parte dentro de casa: a seguir, listamos 12 medidas para criar e educar meninos longe do machismo, com mais respeito às mulheres e valorizando a sensibilidade.

1. Ensine ao seu filho que chorar não é sinônimo de fraqueza

A maioria dos homens da geração dos nossos pais e avós aprendeu, desde cedo, que “homem não chora”, já que lágrimas, muitas vezes, são vistas socialmente com um olhar de fraqueza, descontrole e sensibilidade exagerada – o que, no pensamento machista, é ligado ao feminino.

O primeiro passo para criar meninos mais sensíveis e menos durões, portanto, é ensinar a eles que está tudo bem chorar, mesmo que algum outro membro da família pense o contrário: sejam lágrimas de raiva, de tristeza, de felicidade… o choro é um mecanismo para expressar emoções variadas, e também deve ser validado.

2. Faça com que ele tenha contato com bons exemplos 

Sabemos que crianças, principalmente na primeira infância, tendem a repetir comportamentos aos quais têm acesso dentro de casa e junto de pessoas próximas. Por isso que fazer com que o seu menino tenha contato com outros bons exemplos masculinos – que respeitam as mulheres e não as ridicularizam, que conversam sobre emoções, que se responsabilizam pelas tarefas domésticas – é também uma forma de “plantar a sementinha” para que seu filho cresça evitando algumas atitudes sexistas tão naturalizadas. Pode ser o próprio pai da criança, um tio, um primo, um amigo próximo… você deve saber quem são seus aliados nesta missão.

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3. Ensine-o a respeitar as mulheres, todas elas!

Um dos ensinamentos base da criação é incentivar o filho a tratar todas as pessoas com respeito, sejam homens ou mulheres, para que essa diferenciação nem sequer exista no futuro.

No entanto, sabemos o mundo em que vivemos agora e, por isso, precisamos reforçar, desde cedo, que os meninos precisam respeitar todas as mulheres. Isso vai desde as mais velhas, como tias, avós e professoras às coleguinhas, primas e outras pessoas de seu convívio, seja ele próximo ou não.

4. Deixe seu menino livre para brincar do que quiser

Já dissemos diversas vezes, mas não custa repetir: brinquedo não tem gênero e não determina a sexualidade de ninguém (e cor também não, viu?). Podar o seu filho e querer controlar com o que ele vai brincar, inclusive, pode gerar apenas frustração na criança, que deveria ser livre para se divertir da maneira que bem entende – desde que isso não a coloque em perigo.

Então, sim, meninos também podem brincar de boneca, de casinha, de cozinha, atividades que podem até fazê-lo valorizar e entender melhor a importância do trabalho doméstico desde cedo. Meninos também podem dançar livremente, soltar a voz, vestir rosa e ter uma princesa da Disney favorita. Assim como meninas podem se aventurar em esportes e videogames e, inclusive, não gostarem de roupas em tons pastel.

5. Incentive seu filho a expressar emoções

Enquanto mulheres crescem com a fama de serem tagarelas, fofoqueiras e precisarem sempre conversar sobre sentimentos, há uma ideia (machista) de que homens resolvem seus próprios problemas sozinhos, sem necessidade de pedir ajuda. O tempo passa e o que a gente vê são seres que não conseguem expressar emoções, que se fecham e, pior ainda, sofrem calados.

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Para evitar isso, incentive seu filho a falar e expressar o que está sentindo, de bom ou de ruim, seja por meio de mecanismos como desenhos e pinturas ou por meio de uma conversa franca e sincera. É importante, ainda, validar as emoções do pequeno, para que ele sinta que pode confiar em você e, mais para a frente, seja capaz de construir relações de troca, e não superioridade.

6. Se for difícil para ele, procure ajuda profissional

Nem toda criança vai ser capaz de falar sobre emoções tão naturalmente, e para muitas delas isso ainda é um processo dolorido. Se for o caso do seu filho, ou seja, se notar que algo o incomoda, mas ele não consegue falar sobre, não hesite em procurar por ajuda profissional desde cedo.

A terapia, quando feita com uma abordagem que tem a ver com a personalidade da criança e é ministrada por um profissional qualificado, pode ajudar e muito na manutenção das relações e amadurecimento durante a vida adulta – por mais que possa parecer difícil no começo, cuidar da saúde mental só traz benefícios a longo prazo.

7. Converse, escute e dialogue muito

Além de falar sobre emoções, é importante que você dê abertura para o seu filho conversar sobre o que ele quiser, já que uma boa comunicação é a chave de relações saudáveis. É importante, ainda, não minimizar os incômodos da criança, escutar bastante o que ela diz e dialogar, principalmente quando ela já está maiorzinha e entrando em contato com mais gente.

Para um futuro de equidade, precisamos valorizar homens que conversam e escutam, e não apenas falam supondo que estão certos o tempo todo.

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8. Mostre exemplos de personagens que são imperfeitos, vulneráveis e, mesmo assim, encantadores

Mostrar ao seu filho histórias de personagens masculinos, seja em filmes infantis, livros, desenhos animados e séries de TV, é outro jeito de fazer com que ele se identifique e não se sinta sozinho por enfrentar certos desafios da infância. Outros meninos imperfeitos, vulneráveis e sensíveis, mesmo que na ficção, podem servir de espelho para o seu pequeno.

9. Não o impeça de sonhar

Mais do que isso, não julgue os sonhos e desejos do seu filho, mesmo se eles não forem aqueles que correspondem às suas expectativas. Da mesma forma que é essencial permitir que um menino brinque com o que quiser, é fundamental também deixá-lo livre para sonhar de acordo com as suas próprias vontades: isso contribui para um desenvolvimento mais saudável e colabora para a evolução do amor próprio e da autoconfiança.

10. Dê carinho e amor

Outra problemática social é a de que homens devem demonstrar sentimentos menos do que mulheres, conhecidas por serem exageradas e melosas na hora de expressar amor por alguém.

A maneira mais simples de incentivar seu filho a crescer e se tornar um homem que demonstra afeto, é dando afeto: beijos e abraços não precisam acontecer só em datas especiais, muito menos cafunés, colo e carinho.

11. Ensine-o que força física não mede caráter

Você provavelmente já cruzou com um homem que esbanjava força física, mas deixava muito a desejar em força emocional. É que faz parte do “pacote” do machismo, ainda, a ideia de que é aceitável que homens resolvam questões e conflitos por meio de violência física, nos quais o mais forte vence a batalha.

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Para derrubar isso, porém, um ambiente doméstico livre de violência é essencial, bem como uma educação que atue para que meninos não briguem ao se sentirem ameaçados ou vítimas.

12. Trabalhe para desconstruir pequenos machismos dentro de você

De nada adianta querer criar filhos menos machistas e mais empáticos se esses padrões não forem quebrados (ou ao menos questionados) dentro de você. Como qualquer processo de desconstrução, derrubar ideias machistas, principalmente aquelas que vieram da nossa criação, não é fácil e demanda tempo e esforço, mas os resultados são sempre positivos.

Se você não souber por onde começar, use a boa e velha internet para encontrar artigos, livros e textos sobre masculinidade tóxica, machismo estrutural e patriarcado. Caso você prefira algo mais visual, recorra a filmes e séries que expõem o quanto o machismo é e sempre foi prejudicial para homens e mulheres ao longo dos anos.

Por fim, troque ideia e esteja cercado/a por pessoas, inclusive outras mães e pais, que apresentam um pensamento mais livre e aberto ao diálogo. Ao propor essa mudança interna, vai ficar muito mais fácil ensinar sobre isso ao seu pequeno dentro de casa.

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