Dormir na cama dos pais é prejudicial? Veja 5 dicas pra fazer a transição!

Depois dos primeiros meses, o sono do pequeno no próprio cantinho pode ser incentivado. Confira estratégias para que o processo seja mais tranquilo!

Por Flávia Antunes
Atualizado em 10 mar 2021, 11h38 - Publicado em 5 mar 2021, 18h26
Criança-dormindo
 (Arte: Bebê.com.br/ Foto: Yuri_Arcurs/Getty Images)
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Nos primeiros meses de vida, é natural (e até recomendado) que o bebê durma no mesmo quarto que os pais. As justificativas são várias: ter o pequeno por perto facilita a amamentação noturna, garante maior segurança em relação a acidentes e até ajuda na construção do vínculo da família.

Mas como lembra a pediatra Aline Piedade, quarto compartilhado não é sinônimo de cama compartilhada. “O recém-nascido deve dormir no quarto dos cuidadores até completar o sexto mês de vida, mas em berço próprio, como orienta a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)”, afirma.

“Isso porque dividir a cama apresenta diversos perigos, como de morte súbita, além do risco de sufocamento por travesseiros, lençóis, cobertas e até mesmo por contato com o corpo dos pais quando em sono profundo”, alerta a especialista. 

Quando começar a dormir no próprio quarto? 

Passado este período no mesmo cômodo que os pais, no entanto, chega o momento de migrar para o próprio cantinho. Aqui, não existe um manual que determina uma idade certa, mas as especialistas tendem a concordar que o pequeno já pode estar preparado antes de completar o primeiro aniversário.

“Entre os três e seis meses, a mãe já está mais acostumada com a criança e o bebê já consegue ter um sono mais contínuo, pois não tem tantas cólicas. Assim, o recomendado é buscar começar a desenvolver uma autonomia, sempre de acordo com o funcionamento próprio da família”, indica a pedagoga e criadora do projeto SOS Soneca, Carima Orra.

Já o momento em que a transição em si ocorre é particular, pois depende muito da dinâmica da casa e de como os integrantes estão se sentindo em relação a este passo. “O processo vai ser mais tranquilo se os pais estiverem tranquilos, se conseguirem estabelecer um ritmo em conjunto com o bebê”, diz Maria Thereza França, psiquiatra e psicanalista pela Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP).

Ela lembra ainda o papel importante que os adultos desempenham nesta hora, para que o filho comece a delimitar seu próprio espaço sem que se sinta menos querido pela família. “Se depender da criança, ela ficará grudada com os pais por um longo tempo. Então é super importante que a mãe consiga ajudar o bebê a ir se ‘desligando’ dela, mas não afetivamente. Ou seja, que mantenha um vínculo amoroso, afetuoso e próximo, mas não de grude”, explica a psiquiatra.

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Assim, se o desejo atual dos pais é começar a fazer a transição do pequeno, separamos cinco dicas práticas para que este processo seja mais brando. Lembrando que o momento ideal para que a passagem aconteça depende da dinâmica da própria família, então não existe uma idade “certa”. Confira:

1. Apresente o quarto e diferencie suas funções

O primeiro passo, na visão da pedagoga, é fazer com que o pequeno entenda para que serve aquele novo ambiente onde passará as próximas noites. “Apresente o lugar para ele, para que consiga distinguir o horário de dormir do de brincar. Quando está no quarto dos pais, por exemplo, está brincando, conversando, criando memórias… “, exemplifica.

“Já quando vai para o seu quarto, significa que é hora de dormir. Desta forma, a criança começa a construir essa relação com o sono a partir do ambiente em que está”, acrescenta Carima. 

2. Deixe o lugar aconchegante

Aqui, vale tudo: separar os brinquedos preferidos do filho, livros, papeis de parede divertidos e, claro, uma caminha segura. “Ele precisa gostar do ambiente! Então dê espaço para que ajude nas escolhas, cole os adesivos, opine a respeito das luzes…”, sugere a criadora do SOS Soneca.

Para conquistar um ambiente agradável para boas noites de sono, cabe até aplicar a técnica Feng Shui, posicionando os móveis com critério, regulando a entrada de luz natural e dentre outras estratégias.

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3. Crie (e inclua a criança) em uma rotina de sono

Ninguém nega a importância de se estabelecer desde cedo uma rotina de sono com as crianças, para que tenham menos dificuldade para dormir e consigam reabastecer as energias. Para isso, os pais podem delimitar o horário da última refeição e quais atividades serão feitas depois dela (uma leitura, brincadeiras calmas e cabaninha na cama são algumas opções), e repetir o processo todos os dias.

4. Transmita segurança para a criança

O próprio jeito com que os pais falam do momento do sono é capaz de fazer com que a criança sinta-se acolhida no seu cantinho, como ilustra a pedagoga. “Vale conversar com o filho, dizendo frases como ‘dormir é gostoso, certo? Nada como chegar de uma viagem e ter um ambiente seu, te esperando!’. É importante que ele se sinta seguro em seu espaço”, diz.

Utensílios físicos também podem ajudar na tarefa, como luzes noturnas ou, novamente, brinquedos que deem segurança ao pequeno.

5. Garanta que a criança acorde todos os dias no quarto dela

Mesmo que aconteçam trocas entre as camas durante a madrugada, Carima orienta que ao amanhecer a criança esteja deitada em seu próprio quarto. “Em vez de trazer a criança para a cama, o ideal é ir até o quarto dela, acolhê-la e explicar que o choro não fará com que durma na cama dos pais”, sugere.

E se a criança tiver pesadelo?

“Mamãe, tive um pesadelo! Posso dormir com vocês?”. Independente do cansaço, sabemos o quão difícil é recusar um pedido desse – e nem precisa! O ideal é que o acolhimento ocorra, mas lembrando que esta é uma situação pontual.

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“Se você não quer manter a cama compartilhada – ou não quer que esse comportamento torne-se frequente –, explique ao seu filho que ele dormiu com vocês pois teve um pesadelo e que vocês estarão ali sempre que ele precisar. Mas reforcem (positivamente) o quanto é legal e divertido dormir no próprio quarto“, indica Aline.

Outra maneira é a mãe ou pai migrar por um tempinho para o cômodo do filho, acalmando-o, deixando uma luzinha acesa e explicando sem desespero que não se passa de um pesadelo e que ficará por lá até que o pequeno adormeça.

Mas se os incidentes noturnos se repetirem por muito tempo, talvez seja hora de dedicar uma atenção maior ao assunto. “Os pais devem perceber o pesadelo como um sinal de algo que está despertando ansiedade na criança – observando o que pode estar contribuindo para isso e, eventualmente, buscando ajuda especializada”, recomenda a psicanalista.

As consequências do sono no mesmo quarto

Mais uma vez, é importante lembrar que a decisão do quarto compartilhado parte da família. Porém, as especialistas elencam algumas consequências tanto para os adultos quanto para as crianças quando estas noites de sono todos juntos são frequentes.

“Primeiramente, o casal precisa de privacidade. Com o filho no meio da cama ou com essa interferência constante, pode acabar havendo um distanciamento dos pais”, comenta Carima.

Já o pequeno, pode sentir os impactos em sua saúde emocional, tendo dificuldade para dormir sozinho ou medo de passar a noite em outros lugares, por exemplo. “Isso posteriormente pode se refletir nos papéis e lugares que cada membro da família ocupa, com a criança ficando em uma posição de controle em relação ao casal”, finaliza Maria Thereza.

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