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7 dicas práticas para se organizar financeiramente para chegada do bebê

Especialistas da área financeira ensinam, na prática, como planejar o orçamento e priorizar despesas a curto e longo prazo.

Por Ketlyn Araujo
25 jan 2022, 16h06

Enquanto alguns casais descobrem e enfrentam uma gravidez não planejada, outros têm a possibilidade de organizar, a curto ou longo prazo, quando desejam ter filhos, seja por vias naturais, adoção ou investindo em métodos de fertilização. De qualquer maneira, a chegada do novo membro à família é uma experiência que transforma a vida, inclusive no seu aspecto financeiro. 

É comum, então, que muitos casais que almejam ter filhos enfrentem dúvidas quanto à montagem de um orçamento possível e dedicado à vinda do bebê e cuidados com ele, que começam desde a descoberta da gestação (ou entrada no processo de adoção) e vão, geralmente, até o início da vida adulta.

Mas para começar, Janaina Gimael, educadora financeira e autora do livro “De gente grande para gente pequena: lições de educação financeira que adultos espertos precisam aprender antes de ensinar às crianças”, explica que para tudo aquilo que é importante na vida e envolve dinheiro, o ideal é ter um planejamento financeiro.

“A diferença é que, quando se fala em ano sabático ou faculdade, há um prazo específico para o objetivo ser finalizado, ficando mais fácil de calcular a necessidade de dinheiro relacionado. No caso de uma criança, trata-se de um projeto de muitos anos, mas, ainda assim, é possível dimensionar algumas coisas que serão prioridade e estabelecer um plano para elas”, reforça a especialista.

Além de Janaina, conversamos também com Querli Tolfo, facilitadora em Gestão de Finanças Pessoais do time de educação do Ailos, e Enzo Ribeiro, especialista em soluções financeiras inteligentes. Juntos, trazemos sete dicas práticas que vão te ajudar na organização financeira para a chegada do seu filho.

1. Primeiro, defina os gastos prioritários

Janaina comenta que, quando falamos sobre os gastos nos primeiros anos de vida da criança, é preciso considerar que tudo é bastante relativo. Sempre vão existir as despesas básicas, como saúde, higiene e alimentação, mas somam-se a elas outros custos que podem ser vistos como prioridade para alguns casais, mas para outros não.

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A especialista acrescentar que ao colocar as despesas no papel, é necessário levar em conta, pelo menos, que a criança terá que se alimentar bem e vestir-se adequadamente e com proteção. Neste momento, é importante tentar fazer uma previsão dos gastos da família com fraldas descartáveis que são usadas, no mínimo, até os dois anos.

Além disso, também é preciso levar em consideração que o pequeno vai precisar contar com suporte médico (como um plano de saúde, para quem não quiser recorrer ao sistema público, e remédios), produtos de higiene, e necessitará de investimento em educação.

Os responsáveis precisam definir se vão querer colocar a criança na escolinha desde cedo, se pretendem que ela faça outras atividades e o que pensam sobre contratar ou não uma babá. Assim, os pais devem fazer o exercício de anotar o que é prioridade no caso do seu filho, pois tudo isso pode variar e acaba influenciando no orçamento.

Conversar com amigos que tenham bebês ou demais familiares já experientes neste sentido também pode ser benéfico, bem como pesquisar em fontes específicas e confiáveis sobre parentalidade.

2. Detalhe o planejamento para entendê-lo melhor

Após refletir sobre o que será prioridade, Querli assume que a melhor maneira de investir em um planejamento financeiro para quando se deseja ter filhos é colocando em prática o hábito de fazer, analisar e ajustar um orçamento pessoal – e isso vale para qualquer contexto da nossa vida.

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“A dica é: estude sobre educação financeira, aprenda a fazer um orçamento simples, no caderno ou em aplicativos como Excel. O importante é registrar todos os seus ganhos e receitas de um lado, e todas as suas despesas e gastos de outro”, ensina a profissional.

Ela ainda fala que são múltiplas as formas de fazer este planejamento, por exemplo listando suas contas por tipo (moradia, alimentação, lazer, estudos, investimentos…). Desta maneira, você será capaz de analisar quais itens pesam mais e, então, fazer os ajustes necessários, seja diminuindo as despesas ou aumentando sua renda pessoal.

É importante, por fim, considerar se haverá ou não uma redução no valor recebido pelos pais ou pelas mães junto com a chegada do bebê. Principalmente para empreendedores e autônomos, este momento pode representar uma redução significativa no orçamento da família.

“Em qualquer planejamento, o ideal é entender suas receitas e despesas: checar se dá para cortar ou substituir gastos para sobrar mais, estabelecer o valor necessário do que se deseja, calcular o tempo para juntar a quantia, além de ir atrás de receita extra se preciso”, resume Janaina.

Criança-contando-dinheiro
(towfiqu ahamed/Getty Images)

3. Não espere pela “hora certa” para se organizar

Não existem regras sobre com quanto tempo de antecedência, idealmente, o casal que planeja ter filhos deve organizar seu orçamento. Mas Enzo considera essencial que os futuros pais ou mães coloquem, dentro do planejamento financeiro, não apenas os custos já previstos, mas também uma reserva financeira de pelo menos 30% da renda da família, por um período de dois anos, voltada para uso emergencial.

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Para Janaina, o ideal é preparar o orçamento o quanto antes, independentemente do momento em que se pretende ter filhos. Ela defende que pessoas que têm esta área organizada, uma reserva e já está poupando ou investindo, podem se adaptar melhor ao imprevisto ou a planos que pretendem realizar, incluindo a chegada de uma criança.

“Outra dica para se preparar com antecedência é ter um plano de saúde, pois se você pretende contratá-lo, saiba que o período de carência para ter direito ao acompanhamento de parto é de dez meses, logo, é preciso tê-lo antes de engravidar. Se isso não cabe no seu orçamento ou você quer usar o SUS, reserve, mesmo assim, um dinheiro para qualquer imprevisto que ocorra na gestação ou durante o processo de adoção. Isso te dará segurança, física e emocional, para este momento de espera”, acrescenta Querli.

4. Faça o cálculo com base na sua realidade atual 

Para saber quanto, em média, um casal irá gastar com os filhos, é imprescindível fazer este cálculo com base na realidade de cada um. Além de gastos essenciais e previamente mencionados, a estimativa, garante Querli, precisa envolver a condição econômica da família, que tipo de educação e estilo de vida serão proporcionados às crianças, a região onde os pais ou mães moram e se irá existir ou não uma rede de apoio para esta família contar.

Enzo realizou uma estimativa padrão, com base nos seis primeiros anos de vida da criança, ou 72 meses. O profissional considerou os valores médios das despesas básicas citadas, como higiene, alimentação, saúde, vestuário e educação, e chegou em um valor por volta dos R$ 90.000, sendo apontado em torno de R$ 11.500 só no primeiro ano de vida do bebê. Veja o cálculo das despesas por ano:

Ele ainda diz que o padrão tende a se alterar à medida que a criança alcança os quatro anos de idade, quando a maior despesa passa a ser a educação particular (cerca de R$ 37.000, durante 36 meses). Plano de saúde (R$ 10.000) e alimentação (R$ 8.000) vêm logo depois, assim como vestuário (R$ 6.000) e higiene (R$ 2.000).

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5. Se possível, corte despesas e mude hábitos

Com o sonho da parentalidade como prioridade, é preciso foco para deixar as finanças em ordem e, assim, fazer com que a falta de dinheiro não seja um empecilho. Esta é a hora de olhar para o seu planejamento e entender se é possível cortar gastos ou, pelo menos, fazer algumas substituições na rotina.

“Também vale pensar em formas de adquirir renda extra, então, o que faria, por exemplo, com que você pudesse aumentar a sua receita hoje? Ou, ainda, se focar na sua educação, você terá mais oportunidade? Quanto tempo levaria para isso? De repente, todas essas medidas podem ser vistas como um investimento para que fique mais fácil ter as finanças alinhadas para a chegada de uma criança”, explicita Janaina.

Enzo aconselha que maneiras simples de diminuir os gastos consistem em anotá-los, fazer uma autoanálise e focar em reduzi-los com base naquilo que costuma ser supérfluo, como refeições fora de casa, serviços de entrega de comida, aplicativos de transporte, planos de celular mais caros do que o necessário, assinaturas de serviços de streaming, roupas que já se têm no armário e viagens internacionais.

“O importante é ter em mente que a sua renda precisa sustentar o seu padrão de vida atual com uma sobra, porque a criança aumentará estes custos. Priorize o lazer com gasto reduzido, como comer aquela comidinha caseira feita pela família mais vezes, e avalie se é mesmo necessária a troca de carro ou equipamentos eletrônicos, como celulares. No lugar da viagem longa, talvez um passeio mais curto passe a fazer parte da rotina da família, considerando o soninho da criança, e no lugar da promoção de cerveja, vamos ficar de olho na de fraldas”, reflete Querli.

“Nada disso tem como intenção fazer com que a família deixe de viver momentos de prazer, mas um filho traz mudanças significativas na estrutura familiar e suas prioridades”.

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6. Procure maneiras de economizar com o enxoval

Grávida olhando roupas de bebê
(NataliaDeriabina/Getty Images)

Também levando em consideração o estilo de vida e prioridades de cada família, uma outra forma de se planejar financeiramente para a chegada do bebê é pensar em maneiras de economizar com o enxoval, o que pode ser feito de múltiplas formas.

Recorra a grupos em redes sociais e aplicativos de mensagens especializados em trocas de roupas, calçados e brinquedos infantis, colocando-se também à disposição para receber doações de familiares e amigos que são pais e mães de crianças maiores, já que peças de vestuário são perdidas em velocidade recorde durante os primeiros anos de vida da criança.

Procure também por promoções de itens de higiene pessoal, faça uma boa pesquisa sobre brechós confiáveis e outras lojas – físicas ou virtuais – que vendam produtos de segunda mão para o enxoval. Se for o caso, considere fazer uma vaquinha ou pedidos especiais de fraldas e outros itens em um eventual chá de bebê, o que sempre ajuda.

7. Pense também no futuro da criança 

Após completar a organização de todo o orçamento pessoal, criando o hábito de atualizá-lo, ajustá-lo e fazer novas quando necessário, Querli orienta os pais a conversarem sobre a possibilidade de criar uma reserva econômica pensada para o futuro do seu filho, com auxílio de uma instituição financeira de confiança.

Para isso, busque por soluções a longo prazo, com as quais você poderá contar em caso de necessidades futuras, ou para a realização de um desejo maior, como um intercâmbio ou faculdade. Quando adultos se dispõem a aperfeiçoar não apenas as finanças, mas outras áreas da vida, opina Janaina, eles também estão ajudando a próxima geração. Para ela, o dinheiro deve ser visto como uma solução, um meio para a realização de sonhos, e não um empecilho.

“Se o sonho é de ser pai ou mãe, e existe uma consciência de que é preciso melhorar a parte financeira para que isso aconteça de forma mais tranquila, já estamos falando em um primeiro passo muito positivo – e ele é sempre o mais importante, aquele que vai servir de base para todos os outros, por mais complicado que isso possa parecer”, reflete.

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