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6 terapias e práticas que ajudam a reduzir a ansiedade durante a gravidez

Especialistas explicam como funcionam estas atividades focadas no bem-estar, que podem ser feitas pela gestante de forma independente ou combinada.

Por Ketlyn Araujo
Atualizado em 22 out 2021, 18h14 - Publicado em 22 out 2021, 13h34

Gestar uma criança é, naturalmente, um momento repleto de expectativas, que pode desencadear na grávida uma série de emoções – positivas e negativas. Lidar com a pressão da família, com os resultados de exames médicos e de acompanhamento, com as preocupações com a saúde (própria e do bebê) e, ainda, com as incertezas sobre o futuro, muitas vezes, leva a gestante a desenvolver ou reforçar um quadro de ansiedade, que quando não tratado pode gerar graves consequências na saúde mental.

Por outro lado, hoje temos, além da tão necessária psicoterapia em suas linhas distintas, conhecimento de várias práticas capazes de atuar no bem-estar físico e mental de quem espera pelo nascimento do bebê. São outras formas de relaxamento e conexão, que combinadas ou não, podem acalmar corpo e mente da gestante, desde que sempre ministradas com aval do obstetra e acompanhamento adequado de profissionais da área.

Conversamos com especialistas e destrinchamos seis destas terapias na intenção de te mostrar, a seguir, por que cada uma delas pode ser benéfica, bem como quais são as possíveis contraindicações.

Pilates

O que é:  O método pilates visa trabalhar o corpo como um todo, da cabeça aos pés, afirma Luana Oliveira, fisioterapeuta e professora de pilates da clínica ON Evolução Corporal. A curto prazo, diz ela, a prática melhora a flexibilidade muscular, a mobilidade articular, diminui dores, fortalece os músculos, atua no aumento do condicionamento físico, melhora o controle da respiração, diminui o estresse e a ansiedade. A longo prazo, entre os benefícios já conhecidos  estão o alinhamento da postura, melhora da consciência corporal e de dores crônicas, auxiliando em uma melhor qualidade de vida.

Na gravidez: Exercícios de pilates recomendados especificamente para gestantes são aqueles focados no fortalecimento do assoalho pélvico e na região da coluna lombar, já que as inúmeras mudanças que acontecem no corpo durante a gravidez podem sobrecarregar essas áreas. Vale ressaltar que uma avaliação prévia para a indicação do exercício correto deve ser realizada antes de qualquer prática, respeitando a condição da grávida e o período da gestação.

“Podemos trabalhar o fortalecimento da coluna lombar da gestante com o exercício de ponte, que é muito fácil de realizar e previne as dores lombares durante a gravidez. Já para o fortalecimento e mobilidade do assoalho pélvico podemos realizar o ‘Foot Work’, exercício de mobilidade articular com anteversão e retroversão em cima da bola, gerando maior força e mobilidade da região, o que facilita muito na hora do parto”, exemplifica a professora, que destaca o pilates como responsável, também, por melhorar o humor, a qualidade do sono e diminuir o estresse.

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grávidas fazem pilates
(macniak/Thinkstock/Getty Images)

Já para amenizar a ansiedade da gestante, fala Luana, o foco está no controle da respiração e em exercícios capazes de promover o relaxamento do corpo, como os que envolvem puxar o ar pelo nariz e soltá-lo pela boca de forma controlada, bem como os de alongamento usando a bola terapêutica ou equipamentos.

O que evitar: “Exercícios de flexão de tronco, que exigem uma força excessiva do abdômen, principalmente os em isometria, são contraindicados, e exercícios que oferecem riscos de quedas e na posição de decúbito ventral (deitada de barriga pra baixo) também não são recomendados. Em relação à gestante, não é indicado nenhum tipo de atividade física sem uma liberação médica, mas dependendo do período da gravidez e do aval do obstetra, podemos associar a prática de pilates com terapias como hidroterapia, caminhadas, ioga, massagem relaxante, dentre outras”, arremata Luana.

Acupuntura

O que é: A acupuntura age no corpo humano por meio de um arco reflexivo-sensitivo, ou seja: ao ser inserida na pele, a agulha de acupuntura provoca um estímulo naquele local, que é conduzido ao sistema nervoso central da pessoa, explica Silvana Maria Fernandes, acupunturiatra do Centro de Medicina Integrativa do Hospital e Maternidade Pro Matre, que compara o estímulo da técnica – e sua resposta corporal – ao ato de encostarmos a mão em um local quente, por exemplo.

Essa resposta, reforça Silvana, depende dos pontos utilizados e vem sob a forma de liberação de substâncias do próprio corpo, que podem ter efeito analgésico, relaxante muscular, anti-inflamatório e sedativo. Já os benefícios da acupuntura, que pode ser utilizada para alívio de dores (musculares, dores de cabeça, câimbras, torcicolos), para tratar dores viscerais (estômago, intestino, cólica uterina), insônia, distúrbios da esfera emocional (ansiedade, pânico e depressão), na recuperação pós-operatória, isoladamente ou integrada a outros tratamentos, dependem da desordem em questão e se a doença é aguda ou crônica.

Na gravidez: “Particularmente na gestação a acupuntura é uma opção terapêutica importante, em virtude das restrições medicamentosas impostas durante este período”, explica. Além disso, pode ser realizada não apenas em todas as fases da gestação, mas também no parto, pós-parto e no período de lactação.

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O ideal, porém, recomenda Silvana, seria que a pessoa que planeja engravidar já começasse as sessões de acupuntura, dado que a técnica milenar tem como objetivo equilibrar corpo e mente identificando, por meio da história clínica, as desarmonias daquele corpo mesmo antes da concepção.

acupuntura na gestação
(Wavebreakmedia/Thinkstock/Getty Images)

O que evitar: De maneira geral, informa a expert, a contraindicação principal à acupuntura é a fobia de agulhas, já que no tratamento são utilizadas agulhas finas, quase como um fio de cabelo, em pontos específicos para acalmar a mente. Nos casos de fobia, entretanto, já é possível utilizar outras opções que dispensam as agulhas, como a técnica de microssistema na orelha (auriculoterapia) e a laser acupuntura.

“Outras contraindicações incluem dificuldade de entendimento em pacientes com comprometimento mental, indivíduos muito debilitados fisicamente e pacientes com distúrbios de coagulação ou que fazem uso de medicações anticoagulantes. Todos esses devem ser avaliados cuidadosamente na indicação de agulhas, mas poderiam se beneficiar com técnicas de auriculoterapia e laser acupuntura e, portanto, são contraindicações relativas”, reforça Silvana.

“Há uma particularidade, no entanto, durante a gestação, que não é dita como contraindicação, mas sim restrição, que seria a utilização de certos pontos de acupuntura, que não devem ser usados em determinadas fases gestacionais. O médico acupunturiatra deve avaliar todos estes fatores na consulta inicial e a cada sessão de acupuntura durante o período gestacional”.

Incluída na política de Práticas Integrativas do Ministério da Saúde, no acompanhamento materno fetal integral, durante o pré-natal, a acupuntura pode ser integrada à meditação, à ioga, à atividade física monitorada por educador físico, à fisioterapia obstétrica e aos acompanhamentos e suporte psicológico e nutricional.

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Ioga

O que é: Mais uma tradição de caráter milenar, a prática de ioga é conhecida por promover bem-estar e tranquilidade para quem a torna parte da rotina. Segundo Ricardo Carneiro, professor de ioga da clínica ON Evolução Corporal, fazer ioga traz benefícios cientificamente comprovados, como o alívio do estresse e da ansiedade, melhora da insônia e das dores corporais, além de promover tônus muscular, atuar no alongamento do corpo, promover mais qualidade de vida e equilíbrio emocional.

Na gravidez: Você sabia que já existe até uma modalidade de ioga específica para gestantes? Ela ajuda no fortalecimento da musculatura do assoalho pélvico – essencial para um bom trabalho de parto -, melhora dores nas costas causadas pelo ganho de peso durante a gravidez, promove uma maior aceitação e conexão com o corpo e com o bebê frente às mudanças físicas e mentais da gestação e, graças aos exercícios respiratórios, traz integração entre corpo e mente (o que, como consequência, deixa a saúde mental em dia).

Grávida praticando ioga com outra mulher
(Pavel Danyuk/Pexels)

“As práticas devem ser feitas com regularidade ao longo de toda a gestação, e para cada trimestre existem técnicas específicas e benéficas para mãe e para o bebê, desde que aprovadas pelo médico responsável pela saúde da mulher”, acentua Ricardo.

O que evitar: Posturas com torções – que pressionam os órgãos internos- devem ser evitadas, diz o professor, ainda mais no início da gravidez, período no qual o risco de perdas gestacionais costuma ser maior. Articulações também devem ser cuidadas por conta do sobrepeso da grávida, mas é importante reforçar que um instrutor qualificado para adequar a prática à realidade de cada praticante, além do acompanhamento médico periódico, devem estar presentes na ioga durante a gestação.

Ter sido praticante antes de engravidar faz diferença durante os nove meses, pois permite maior aptidão física e mental para a realização das posturas e exercícios. Já quem busca pela atividade apenas após a descoberta da gravidez, sem nunca antes ter praticado, deve realizar os exercícios de forma branda, considerando a ioga mais do que uma simples atividade física, mas uma forma de bem-estar e conexão entre corpo e mente.

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Florais de Bach

O que é: Os chamados Florais de Bach, descobertos pelo médico Edward Bach no começo do século XX, nada mais são do que compostos feitos com essências extraídas de flores e plantas, água e álcool, que prometem um maior equilíbrio da mente e auxiliam no tratamento dos mais diversos transtornos de ordem física e emocional. Devem ser consumidos diariamente, seja de modo sublingual (gotas) ou diluídos em água – de acordo com orientação terapêutica.

A psicóloga e terapeuta integrativa Bianca Panvequi explica que os florais atuam no sistema neurocognitivo humano, cuidando, de forma sutil, dos sintomas e da causa do problema em questão. A curto prazo, portanto, os florais evitam crises, enquanto que a longo prazo agem de maneira curativa.

Floral de bach
(Yan Krukov/Pexels)

Na gravidez: “Existem florais indicados especificamente para gestantes, mas, em geral, eles são focados em dores ocasionadas por mudanças e fobias, sendo que o uso está ligado à queixa. Eles podem ser benéficos para promover equilíbrio, dar mais tranquilidade antes do parto, evitar medos, inseguranças e até atuar em disfunções ocasionadas por crenças pré-existentes”, diz ela.

O que evitar: Não existem contraindicações para o uso dos florais na gestação, fala Bianca, mas tanto a composição exata do floral quanto o uso, ainda mais durante a gravidez, devem ser feitos com acompanhamento e orientação do especialista.

“É complicado indicarmos um floral específico [para a gestante], já que sempre fazemos uma avaliação da paciente. Dessa forma, evitamos cuidar apenas dos sintomas da ansiedade, mas também da causa. Aromaterapia, musicoterapia e meditação podem ser combinados ao uso dos florais, mas procurar por bons terapeutas é imprescindível”, finaliza.

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Meditação

O que é: Por serem exercícios que combinam concentração e respiração, meditações diversas, encontradas em serviços de streaming, aplicativos específicos e canais do YouTube, podem ser feitas na intenção de amenizar o estresse e a ansiedade durante a gravidez, conforme explica a terapeuta integrativa e instrutora da técnica Pranic Healing, Ruth Nobuko Nakabayashi Hoshina.

Na gravidez: “Existem vários tipos de meditação, a Contemplativa, a da Mente Vazia (conhecida como Shamata), a Meditação dos Corações Gêmeos (MCG) e muitas outras. Todas elas são boas durante a gestação, mas as de concentração podem ser mais difíceis de se realizar, exatamente por não ser tão fácil assim focar durante a gravidez”, diz ela. Por ser guiada e poder ser praticada tanto na sua versão completa (cerca de 20 minutos), quanto na sua versão curta (apenas 1 minuto), Ruth recomenda a MCG para as grávidas.

Grávida fazendo yoga
(g-stockstudio/Thinkstock/Getty Images)

“Por ser uma meditação dirigida, a MCG não requer conhecimento e nem prática, apenas que as orientações sejam seguidas. Não é sobre religião, filosofia ou crença, mas simplesmente sobre abençoar o planeta com bondade amorosa, promovendo a calma interior, a quietude, a paz. Com isso, a sensação de felicidade aumenta e, consequentemente, o sistema de imunidade melhora. Outra vantagem desta meditação é que a vibração se propaga pelo ambiente em que a pessoa está praticando, e afeta positivamente os outros membros da família ”, reforça a profissional.

Na intenção de ter mais serenidade, calma, quietude interior e equilíbrio, a meditação pode ser praticada não apenas durante a gestação, mas principalmente no pós-parto, para amenizar os efeitos do puerpério. Uma dica para iniciantes é fazer o esforço de começar a meditar diariamente por poucos minutos, de forma guiada, e ir aumentando o tempo de prática e concentração ao longo dos dias e meses, até que se torne um hábito.

O que evitar: Ainda segundo a especialista, pesquisas científicas não mencionam nenhuma contraindicação quando falamos em meditações durante a gestação, que também não possuem restrições quanto às vestimentas ou locais nos quais podem ser feitas: sentar em uma posição confortável, escutar as orientações, absorver a energia da prática e aproveitar os benefícios que ela promove são as principais recomendações.

Reiki

O que é: De acordo com a fonoaudióloga e terapeuta Reiki Felomenia Pinho, o termo ‘Reiki’ significa ‘energia vital universal’, e foi descoberto por Mikao Usui, no Japão, em 1865, mas chegou ao Brasil nos anos 1980, no Rio de Janeiro, por Stephen Cord Seiki. A prática, na qual o terapeuta qualificado aproxima suas mãos ou toca um ponto-chave do corpo do paciente, ligado aos chamados sete chakras, visa o reequilíbrio energético através da transmissão de energia de quem aplica, e também auxilia no progresso de outros tratamentos. As sessões de Reiki duram, aproximadamente, uma hora.

grávida recebendo reiki

Na gravidez: Por ser um tratamento não-invasivo, que funciona mediante toques sutis e delicados, o Reiki é fortemente recomendado para gestantes que desejam aliviar o estresse e a ansiedade durante a gestação, já que amplia a percepção própria, diminui tensões e regula a respiração.

Práticas como a psicoterapia, a fonoterapia, a musicoterapia, a massoterapia e a fisioterapia costumam ter seus efeitos potencializados quando combinadas ao Reiki.

O que evitar: “O Reiki faz parte dos Cuidados Integrativos, sendo utilizado em hospitais renomados do Brasil, como Sírio-Libanês e no Einsten, além de consultórios e nas Unidades Básicas de Saúde (SUS). É através das mãos do terapeuta Reiki que a pessoa tem a reconexão com esta fonte de amor puro, com a sua essência, com o divino que nos habita. Ele é indicado para pessoas de todas as idades e pode ser aplicado em qualquer ser vivo, sem contraindicação”, completa a profissional.

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