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Os desafios que os pais encaram nas férias escolares – e como contorná-los

Conversamos com especialistas para entender as principais preocupações trazidas pelo recesso escolar e a melhor forma que os pais têm de enfrentá-las

Por Isabelle Aradzenka
Atualizado em 22 jul 2022, 11h33 - Publicado em 15 jul 2022, 16h34
Os desafios que os pais encaram nas férias e como contorná-los
 (MoMo Productions/Getty Images)
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É natural que, quando as crianças frequentam escolas – seja em meio período ou em turno integral -, a família já tenha uma rotina organizada: é o tempo que os filhos passam longe do lar que geralmente os adultos utilizam para trabalhar, resolver as questões de casa e as pendência pessoais. Isso soa familiar por aí? Caso a resposta seja positiva, não precisamos nem mencionar que a chegada do período de férias escolares traz uma série de desafios que precisam ser contornados. Afinal, é uma fase em que os pequenos solicitam (muito) mais a presença e preocupação dos pais.

Em primeiro lugar, precisamos entender de uma vez por todas que tudo se transforma dentro da família durante as férias. “Nestas semanas de descanso, muitas vezes as crianças irão interromper os pais durante o horário de trabalho e em pensamentos que os adultos querem se concentrar. Isso dificulta a produtividade e a rotina do lar”, explica Aline De Rosa, especialista e pesquisadora em desenvolvimento infantil integrativo.

Quando falamos de compromissos fora de casa, então, a preocupação dobra de tamanho! “Na hora de sair para resolver questões externas, em geral é necessário levar a criança e precisamos planejar o ‘passeio’ – se o pequeno estará com fome, se é importante levar uma roupa extra e quais serão as outras necessidades -, diferente de quando os adultos estão sozinhos”, completa.

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O ambiente da casa, lógico, também não sai ileso. O lar da família, consequentemente, ficará mais bagunçado. Seja porque os brinquedos estarão espalhados pelos cômodos ou pelo movimento dinâmico que a presença das crianças traz para o espaço.

Por último, além de todas os fatores tangíveis, é impossível descartarmos a influência do comportamento dos próprios pequenos no ritmo do mês de descanso. “Pode acontecer de os pais relaxarem quanto ao sono dos filhos neste período. Com as crianças se deitando e acordando mais tarde, isto acaba por prejudicar a sua conduta na casa, deixando-as mais cansadas, mau humoradas e com dificuldade de concentração”, alerta Aline.

Só de mencionar alguns destes desafios, pensar nas férias pode parecer um tanto quanto cansativo. No entanto, para a pesquisadora, ainda é possível superarmos os obstáculos e caminharmos para que o recesso não seja um momento em que os pais tenham medo ou fiquem desesperados e ansiosos.

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Férias escolares: lidando com as mudanças

O melhor conselho prático? Os adultos entenderem que não temos o controle de tudo! É importante desapegar do conceito de que os pais devem dar conta de todas as responsabilidades ao mesmo tempo, como continuar trabalhando e produzindo no máximo, entreter as crianças, encontrar programas divertidos para a família, fazer viagens, manter a casa organizada, preparar refeições caseiras todos os dias, controlar o comportamento dos filhos (se um dia eles vão acordar mais chateados, animados ou calmos) e por aí vai…

“Você não vai conseguir dar conta de tudo ao mesmo tempo. Por isso, é preciso flexibilizar a rotina: entender que, se hoje a família irá sair para um programa diferente, não sobrará tempo para cozinhar, por exemplo”, explica a especialista.

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A solução, portanto, seria priorizar as responsabilidades dia após dia. Acorde e reflita através de pensamentos como: “de que forma as coisas poderão correr bem hoje?” e “qual é a tarefa mais importante que é preciso fazer, levando em consideração as necessidades dos adultos e das crianças?”

A sensação de que precisamos entreter a criança sempre

Mais uma das armadilhas que as férias podem trazer para os pais é a sensação de que o adulto não irá conseguir entreter a criança dentro da casa, principalmente se ela permanecer solicitando sua presença durante as brincadeiras e tarefas.

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“O desafio de se ter o filho perto o tempo inteiro gera este sentimento, e uma das reclamações mais frequentes é a de que ele não consegue brincar sozinho”, pontua Aline.

Para isso, precisamos trazer novamente o conceito de que pais não têm a responsabilidade de entreter os filhos o dia inteiro e há outras responsabilidades que demandam atenção, seja o trabalho ou os cuidados da casa. “Brinco que os pais não são recreadores de festa infantil. É necessário aprender a lidar com o tédio, e não precisamos preencher todos os vazios da vida da criança”, sugere a especialista.

Aliás, o adulto é geralmente o mais ansioso e o que fica desesperado para suprir a ausência do “nada para fazer”. Temos dificuldade em lidar com o tédio e sentimos que precisamos produzir o tempo todo. No entanto, a pesquisadora tranquiliza: “Olhe para seu filho e saiba que está tudo bem se ele sentir um pouco de tédio e ficar chateado, pois não há nenhuma atividade para ser feita. Já, já, ele encontrará uma solução para isso.”

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Caso o “já, já” esteja demorando um pouco além da conta e a criança comece a chorar ou solicitar pelos adultos, está tudo bem. Nesta hora, acolha o sentimento do pequeno e, quem sabe, sugira atividades. “Diga frases como: ‘Estou aqui, tenho certeza de que você irá encontrar uma brincadeira’ ou ‘que tal brincar de quebra cabeça?’, por exemplo. Mas lembre-se de deixar a criança viver a frustração do tédio e lidar com este sentimento, para então ela encontrar uma solução”, finaliza.

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Maskot / Getty Images

A criança como parte da casa

Que tal conceder autonomia para o pequeno e envolvê-lo nas tarefas da casa? Esta é uma ótima forma de ajudá-lo a trabalhar o tédio sem solicitar a presença dos pais. “Fazer a criança se sentir útil vai entretê-la e naturalmente ela precisará menos da companhia dos mais velhos”, acrescenta Aline.

Convide-a para auxiliar em tarefas descomplicadas da casa. “Por exemplo: não é hora de ligar a televisão para que você consiga adiantar o almoço. Chame seu filho, coloque-o em uma cadeira e dê uma folhinha de alface para ele lavar. Busque uma atividade que não te atrapalhe, não faça bagunça, mas deixe-o se sentir parte da casa”, sugere a pesquisadora.

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