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O que você deve prestar atenção ao escolher a creche ou berçário do filho

Segundo especialistas, informar-se ao máximo e buscar boas referências antes mesmo de fazer a matrícula do pequeno é fundamental.

Por Ketlyn Araujo
25 mar 2022, 18h00

Parte do processo de desenvolvimento infantil, priorizar uma adaptação escolar respeitosa, tanto para a criança quanto para os responsáveis por ela, é essencial para que o pequeno tenha os recursos necessários para enxergar o novo ambiente como seguro e, a partir daí, iniciar o aprendizado.

Além disso, quando pensamos na inserção de bebês e crianças nestes ambientes de transição, pais e demais tutores devem também estar atentos se a creche ou berçário em questão são seguros para o pequeno, possuem infraestrutura e maneiras eficazes de contato com os responsáveis, ainda mais nos primeiros meses e anos de vida, quando a criança ainda não consegue verbalizar tudo que se passa com ela.

As recentes notícias sobre maus tratos de bebês e crianças pequenas em creches chocou e preocupou os pais, acendendo um alerta sobre o tema segurança em ambientes escolares. Para entender melhor sobre o tema, conversamos com Claudiane Quaglia, psicóloga comportamental, pedagoga e especialista em educação infantil e psicoterapia infantil na Clínica PSEQ, e Luciana Brites, CEO do Instituto NeuroSaber e especialista em Educação Especial e Psicopedagogia clínica e institucional.

As especialistas elencam, a seguir, o que é preciso considerar ao escolher a creche ou berçário da criança na intenção de evitar maiores problemas e garantir a segurança dela.

Pesquise, informe-se, obtenha referências confiáveis

Claudiane afirma que, ao matricular qualquer criança em um ambiente educacional, é preciso tomar uma série de cuidados, pois o objetivo é que ela esteja apta para se desenvolver de forma saudável e feliz neste novo espaço. A insegurança dos pais, completa a profissional, é algo totalmente justificável nesse contexto, de mudanças e mais independência ao pequeno, ainda que indiretamente.

Por isso, antes de fazer a matrícula, procure saber sobre o histórico daquele estabelecimento, promovendo um diálogo aberto e honesto com os representantes da instituição. Conversar com outros pais que já possuem filhos naquela creche ou escola também pode funcionar, ao buscar por boas e confiáveis recomendações.

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“Isso tudo tende a fortalecer a comunicação, tanto com os profissionais da escola quanto com os familiares das outras crianças. Cada lugar possui uma cultura e uma metodologia, e torna-se fundamental saber sobre tudo isso para averiguar se a proposta está coerente com aquilo que os pais almejam para os filhos”, diz.

Já no sentido mais burocrático, é possível também que os pais se informem nas secretarias municipais de educação de cada local, procurando saber se a escola conta com uma autorização oficial de funcionamento. Pesquisas informais, em sites, redes sociais e demais plataformas são igualmente benéficas, mas a comunicação aberta continua sendo a ferramenta informativa mais eficaz – quanto mais dados oficiais sobre o espaço forem obtidos, melhor.

Já para Luciana, antes de mais nada é preciso atentar-se às instalações do local, o que é importante para constatar se aquela creche ou berçário possui condições de funcionar. Ou seja, é válido avaliar se aquilo que o estabelecimento promete é refletido ou não na infraestrutura em si.

“Isso é muito importante, pois se, por exemplo, na propaganda da escola está escrito que eles atendem um número reduzido de crianças, é preciso entender qual é esse número e se o local comporta essa quantidade. Além disso, vale perguntar e confirmar sobre a formação dos professores, o que é de fundamental já que são eles que efetivamente vão ficar com as crianças”, explica.

Procure entender como é a rotina no novo ambiente

crianças brincando em creche pré-escola férias atividades

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Quando falamos sobre rotina, diz Claudiane, o objetivo não é que a criança, ao entrar na creche ou escola, faça todos os dias as mesmas coisas e da mesma forma, mas sim que a rotina seja saudável e segura, ampliando as práticas habituais do desenvolvimento. Assim, recomenda ela, a creche deve informar os pais sobre como essa rotina acontece, para que esse processo possa ser realizado de forma similar nos momentos em que a criança estiver em casa.

“Saber sobre os hábitos diários dos filhos nas escolas e creches auxilia muito. A instituição pode registrá-los diariamente em agendas, para que os pais possam consultar como foi o dia da criança, bem como adotar aplicativos ou plataformas digitais, disponibilizando informações sobre como a criança passou o dia e sobre aquilo que aprendeu. Muitas vezes os pais se preocupam somente com aspectos de cuidados ou comportamentais – o que comeu, se usou o banheiro -, mas vale também saber sobre o que foi ensinado”, exemplifica.

Ela recomenda, ainda, que se a escola ou creche permitir, pais e responsáveis podem realizar visitas constantes no local, principalmente em horários fora da rotina – outra forma de verificar se a educação ali proposta é realizada de maneira constante e com qualidade.

Mais do que focar no meio de comunicação usado pela creche, opina Luciana, é importante também ter o contato do professor/a responsável, pois somente assim podemos fazer um acompanhamento mais personalizado e fidedigno de cada criança. Algumas escolas, ainda, deixam um circuito de câmeras perto dos pequenos para que os pais possam ver como está sendo a rotina dos filhos, e tudo isso deve ser questionado antes do momento da matrícula.

Estabeleça canais de comunicação eficientes

Como já pontuado pelas especialistas, agir com transparência para com a creche ou escola acaba sendo a melhor forma de aumentar a sensação de segurança dos pais frente o ambiente, já que, mediante uma comunicação clara, torna-se mais fácil para os responsáveis perceberem a qualidade e dedicação dos profissionais.

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Além do uso da agenda, que segue como recomendação, outros canais possíveis para garantir essa comunicação diária são plataformas e aplicativos de mensagens, bem como gravações de voz e ligações telefônicas.

“Nestes casos, a premissa ‘uma imagem vale mais que mil palavras’ é bem pertinente. Ou seja, enviar fotos das crianças em atividades lúdicas faz com que os pais se sintam mais confiantes com o ambiente escolar”, incentiva Claudiane. Para ela vale, ainda, a ressalva de que os pais devem estar cientes de que compartilhar imagens dos pequenos acarreta em um tipo diferentes de responsabilidade para a escola ou creche: a escola deve assegurar a privacidade das crianças, e a divulgação destes materiais deve ser feita apenas mediante autorização.

Bebê no berçário pela primeira vez - adaptação escolar

Atente-se aos sinais que a criança dá!

Mesmo após a definição da creche ou escola na qual a criança será matriculada, é importante que pais e responsáveis estejam sempre atentos aos sinais que os pequenos dão quando há algo de errado naquele ambiente.

“O primeiro indício está na própria criança. É claro que existe um período de adaptação, mas se ela apresentar nervosismo ou medo relacionado à escola por um longo período é um sinal para que os pais investiguem melhor sobre como está sendo o convívio dela naquele ambiente. Perceber se a criança demostra desconforto, principalmente nos momentos de sono, também é algo a se considerar”.

Claudiane Quaglia, psicóloga comportamental, pedagoga e especialista em educação infantil
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Observe, então, se a criança passa a apresentar sinais de irritabilidade, ou de não querer mais frequentar a escola. Sintomas psicossomáticos, como perda de peso considerável, dores de cabeça ou de barriga constantes, exemplifica Luciana, também são importantes e servem de alerta, bem como machucados e demais sinais de agressões físicas.

“Muitas vezes os pais não vão poder controlar tudo o que acontece na creche dos filhos, assim como não é possível controlar tudo o que ocorre na vida deles de forma geral. Porém, observar os sinais que podem dar indícios de alterações emocionais, biológicas e/ou comportamentais é fundamental”, corrobora.

Entenda quais as práticas de alimentação

É bastante importante ainda, que os pais se informem sobre como é feita a alimentação das crianças na escola ou creche. Isso porque, explicam as profissionais, toda instituição deste tipo deve contar com um cardápio alimentar elaborado e supervisionado por um nutricionista.

“A criança precisa consumir diferentes nutrientes, necessários para cada fase de desenvolvimento e fundamentais para o processo de aprendizagem. Assim, o acompanhamento no sentido alimentar também é de extrema importância, antes mesmo da matrícula do pequeno. Caso as crianças levem o lanche de casa, os pais precisam acompanhar se a alimentação está sendo feita e questionar a criança ou escola sobre esse momento – eles devem ter acesso livre a essas informações”, diz Claudiane.

Portanto, é a creche quem tem a responsabilidade de informar sobre quais alimentos são dados para as crianças durante determinada semana – isso se torna ainda mais importante quando falamos sobre os pequenos que possuem algum tipo de alergia ou intolerância alimentar. Saber sobre o funcionamento do refeitório (caso exista um), se a criança tem acesso aos talheres e se a alimentação é feita em grupo ou individualmente são questões igualmente relevantes.

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Dicas para montar uma lancheira saudavel para o seu filho
(Dcdp/Thinkstock/Getty Images)

Questione sobre a higiene – da criança e do local

Por fim, vale perguntar sobre como são feitas as trocas de fraldas dos bebês e crianças, assim como a higienização dos pequenos. Após a matrícula, observe se a criança chega em casa limpa e com a fralda trocada, prestando atenção ao aspecto físico – longos períodos com a mesma fralda, por exemplo, tendem a resultar em marcas e assaduras.

“Sobre a higienização das crianças e trocas de fraldas, questione também quando isso é feito e de que forma, quais os produtos de higiene disponíveis e quantas pessoas são encarregadas disso. Já sobre a limpeza do ambiente, é importante fazer uma visita e prestar atenção às condições gerais do local. Pergunte sobre os materiais de limpeza utilizados, e com que frequência é feita a higiene do espaço. Quando se é feita a matrícula, cabe à instituição informar sobre o número de profissionais, e aos pais ou tutores avaliar se o esquema proposto vai de acordo com o que eles desejam”, encerra Luciana.

E por fim, pais: olhos atentos sempre. Qualquer sinal ou insegurança, converse claramente com a instituição, busque entender o contexto e, se houver de fato quebra de confiança entre escola e responsáveis, repense a permanência do seu pequeno ou pequena por lá.

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