É difícil não ficar aflito quando percebemos que o bebê emitiu um barulhinho diferente dos choramingos e ronquinhos (sim, bebês roncam!) que já estamos acostumados. A presença de chiados entre uma respiração e outra do recém-nascido, por exemplo, constitui um destes quadros que trazem bastante preocupação à família.
Se este é o caso o pequeno aí, a atenção dos pais deve ser para quando estes sibilos, nome técnico para o som que acompanha a passagem de ar, evolui para um quadro conhecido como Síndrome do Bebê Chiador. “Damos este nome à criança que é menor de dois anos e apresenta chiado de forma contínua por um mês ou pelo menos três episódios do chiado no período de dois meses”, explica Paulo Telles, pediatra e neonatologista pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
A intensidade destes sibilos pode variar entre leve, moderada e grave:
- Nos quadros tranquilos, o bebê evolui sem apresentar dificuldades para respirar;
- No moderado, há uma certa dificuldade respiratória e a criança pode precisar de internação e oxigênio.
- Os casos mais graves são acompanhados de insuficiência respiratória, com necessidade de internação em UTI e suporte de ventilação.
Também é importante ressaltar que os chiados podem ser acompanhados de sintomas que vão além do próprio assobio na respiração e estão relacionados com as múltiplas causas por trás do quadro. Indícios gripais como coriza, tosse, respiração ofegante e acelerada são um dos mais comuns de aparecerem.
Quais os motivos por trás do bebê chiador?
O neonatologista esclarece que as vias respiratórias dos recém-nascidos têm o calibre pequeno, ou seja, são menos espaçosas. Por isso, em algumas situações em que ocorre o aumento da produção de secreções naturais, pode haver a redução da passagem de ar nas vias aéreas, o que gera o som parecido com o assobio na expiração.
As causas mais comuns para o quadro são as de infecções virais no pulmão (que também trarão os tais sintomas de gripe), no entanto, motivos como aspiração de corpos estranhos, refluxo gastroesofágico e doenças pulmonares – inclusive a asma – também podem levar à Síndrome do Bebê Chiador.
“Na presença de crises, o tratamento irá depender da causa do chiado. Por isso, não deixe de conversar com seu pediatra na suspeita dos sibilos. O diagnóstico é clínico. Uma boa conversa, com a história adequada e um exame físico em consulta podem concluir o diagnóstico. Apenas em algumas situações, exames complementares serão necessários”, orienta Telles.
Como evitar e lidar com os chiados?
Já entendemos que qualquer barulhinho que remete aos chiados na respiração merecem uma visita ao pediatra, mas os pais também podem tomar algumas atitudes para evitar que o quadro evolua, dependendo da sua causa.
Nesta hora, caprichar na higiene do ambiente que o bebê ocupa não pode ficar de lado, já que é uma boa forma de evitar a exposição da via aérea a agentes irritantes como poeira, ácaros e mofo. Ah, e por precaução vale deixar o pequenino longe de contato com tapetes, cortinas, carpetes e até bichinhos de pelúcia.
A última dica do pediatra vai para os pais tabagistas, que podem influenciar as crises de chiado. “O tabagismo é outro fator muito influente: a exposição à fumaça do cigarro aumenta a produção de muco e a reatividade das vias aéreas. Por isso, evite fumar perto do ambiente domiciliar se houver um recém-nascido em casa”, finaliza.