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Asma: o que é, sintomas e tratamento da doença crônica comum em crianças

A bronquite alérgica é o distúrbio respiratório mais frequente nos primeiros anos de vida. A recomendação é que seja tratada desde cedo

Por Luiza Monteiro
4 jun 2023, 14h00

A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que existem 339 milhões de pessoas asmáticas no mundo. Quando se olha para a população infantil, a realidade também é preocupante. “A estimativa é que a asma atinge 25% das crianças menores de 12 anos que vivem nas grandes cidades”, calcula o médico José Carlos Perini, presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai). É a doença crônica mais comum na infância, ocorrendo em 10 a 15% dos pequenos, segundo a Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP).

O que é asma?

A asma, ou bronquite alérgica, é uma doença inflamatória que afeta os pulmões e os brônquios (os tubos que transportam o ar para dentro do corpo). É importante destacar que “bronquite” é um termo genérico para designar uma inflamação dos brônquios, que pode ser causada por fumo, processos alérgicos e principalmente infecções de vírus ou bactérias, de acordo com a SPSP. A bronquite alérgica ou bronquite asmática – o mesmo que asma – é a causa mais comum nas crianças e é desencadeada por fatores alergênicos.

A doença pode ser classificada de diferentes maneiras: quando aparece de vez em quando, é intermitente. Quando dá as caras com frequência, persistente. No último caso, a enfermidade pode evoluir de forma leve, moderada ou grave. A gravidade é analisada pela necessidade de recursos terapêuticos. “Será considerado com asma grave o indivíduo que não responde aos medicamentos convencionais“, explica Perini.

O tratamento inclui o uso de broncodilatadores, anti-inflamatórios e corticoides. A forma grave da doença é tratada a partir da combinação dessas medicações. No entanto, há casos – gravíssimos – em que nem a esses combos pesados o paciente responde.

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Aí, uma opção seria recorrer ao omalizumabe, um medicamento administrado somente em hospitais. “Ele é indicado para quadros muito graves de asma, que a gente não consegue controlar com os remédios habituais”, informa o pneumologista pediátrico Luiz Vicente Ribeiro, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. O omalizumabe pode ser administrado em adultos e crianças a partir de 6 anos de idade e, no final de 2019, a incorporação da medicação foi aprovada na rede pública de saúde do Brasil.

Sintomas da asma em crianças

Os principais sintomas da asma nos pequenos são tosse e chiado no peito. “A tosse é o primeiro a aparecer e o último a ir embora. Depois, vem a chiadeira, a criança faz um barulho como se fosse um gatinho”, relata a pediatra Marta Cristina Duarte, professora do Departamento Materno-Infantil da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em Minas Gerais.

Se não tratada rapidamente, a criança tende a apresentar também falta de ar. “Isso acontece porque os brônquios entram em espasmo”, afirma a especialista. Em outras palavras, a inflamação intensa faz com que os tubos comecem a se contrair, o que dificulta a passagem do ar por ali.

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Vale destacar que não existe idade para que esses sinais surjam. “Há crianças que começam a ter sintomas com 1 mês de vida e outras com 3 anos“, exemplifica a pediatra. Nos bebês, a asma faz com que eles manifestem também irritabilidade, dificuldade para dormir e abatimento. Se esse for o caso, o recomendado é procurar um médico imediatamente.

Asma noturna

À noite, é comum que os sintomas da asma piorem na criança e no bebê. A situação acontece por vários motivos. O primeiro é que estamos dentro de casa – lugar que concentra muitos ácaros. Além disso, nesse horário, a temperatura tende a cair, o que também propicia a tosse e o chiado no peito.

Há uma questão que também diz respeito ao nosso próprio organismo no período noturno: “Os níveis de cortisol estão mais baixos, abrindo portas para que a asma se manifeste“, diz Marta Cristina. O cortisol é um hormônio produzido pelo nosso corpo, que age como um anti-inflamatório. Então, quanto mais ele circula pelo organismo, menos reações inflamatórias apresentamos. E a asma – para quem sofre com a doença – é uma delas.

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Adulto limpando o nariz de uma criança com lenço de papel. Ambos são brancos, a criança tem por volta de 1 ano e meio. Do adulto, só é possível ver os braços.
(Halfpoint/Getty Images)

Causas da asma infantil

Os pequenos asmáticos já nascem com uma propensão genética para desenvolver o problema. Associado a isso, a exposição a fatores alergênicos (a exemplo de ácaro, mofo, fumaça de cigarro e poeira) também abre portas para essa doença inflamatória. Portanto, a combinação do histórico familiar com o ambiente em que a criança vive pode ser determinante para que a asma dê as caras.

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Diagnóstico da doença

A identificação da asma é feita com base nos sintomas do paciente e na resposta ao tratamento. “Não existe nenhum exame específico para isso”, pontua a professora da UFJF. Inclusive, o diagnóstico no início da vida é difícil, porque muitas crianças apresentam um chiado no peito até os 3 anos de idade. Depois disso, o sintoma desaparece. “Nessa faixa etária, é preciso juntar uma série de critérios para chegar à conclusão de que é asma”, afirma Luiz Vicente Ribeiro.

A constatação costuma ser feita pelo próprio pediatra, que está apto para tratar a doença. No entanto, se o pequeno não estiver respondendo aos medicamentos e os sintomas se agravarem a ponto de atrapalhar a rotina do paciente ou da família, é indicado procurar um pneumologista pediátrico, especialista no assunto.

Tratamento da asma em crianças

Não existe uma cura para a asma, mas com o tratamento adequado, a enfermidade tende a desaparecer, em média, até os 10 anos de idade. “Estatisticamente, 50% das crianças que se tornam asmáticas antes dos 6 anos conseguem a remissão da doença até a adolescência”, diz José Carlos Perini. Mesmo assim, há casos em que o problema persiste para o resto da vida. Por isso, a recomendação é tratar desde cedo.

Na infância, o principal tratamento envolve o uso de corticoides inalatórios e antileucotrienos, que agem impedindo a inflamação. As crianças maiores têm a opção de usar os broncodilatadores de longa ação, as famosas bombinhas. “São chamados assim porque duram mais tempo: 8 ou até 12 horas”, destaca o especialista do Einstein.

Todos esses medicamentos são indicados para prevenir as crises. Durante os quadros agudos, são recomendados os broncodilatadores de curta ação, que também têm o formato de bombinhas. Se a crise for muito intensa, o médico pode prescrever corticoides por via oral ou injeção.

Há como prevenir a asma em crianças?

Infelizmente, não dá para garantir que a asma nunca vá se manifestar. “Nenhum estudo provou que é possível impedir que crianças com alto risco para a doença deixem de desenvolvê-la ao longo do tempo”, informa Ribeiro. Porém, além do tratamento convencional, algumas medidas não farmacológicas ajudam a prevenir as crises.

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A principal é evitar a exposição aos fatores alergênicos que desencadeiam os sintomas. Outro recurso importante para os pequenos asmáticos é a atividade física – mas aí é fundamental que a doença esteja sob controle. “Indivíduos que não estão controlados podem ter episódios de crise durante a prática esportiva”, alerta o pneumologista pediátrico.

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