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Entenda a diferença entre os sintomas da gripe e do coronavírus em bebês

Problemas gastrointestinais e tosse seca, que evolui para secreção, podem ser indicativos do Covid-19 nos pequenos.

Por Alice Arnoldi
Atualizado em 27 mar 2020, 18h17 - Publicado em 24 mar 2020, 16h25

Ver os números de casos confirmados de coronavírus (Covid-19) crescendo desenfreadamente dia após dia no Brasil está dando um nó na mente das pessoas, ainda mais com o isolamento social como uma medida de prevenção contra a doença. E se a situação já está difícil por si só, ela fica ainda mais delicada quando pais de bebês começam a perceber que ele está com sinais de uma possível infecção respiratória.

Nesse momento, a primeira pergunta que vem à tona é: “será que é coronavírus?”. Para chegar a uma resposta mais próxima do “sim” ou do “não”, já que apenas o teste da doença é capaz de entregar o laudo exato aos médicos, é preciso que os pais estejam atentos aos detalhes que diferem uma gripe, e um resfriado do Covid-19 nos bebês.

Quais são as diferenças entre as doenças?

A pediatra Flávia Oliveira, da Sociedade Brasileira de Pediatria, explica que é difícil diferenciar alguns quadros de infecções respiratórias, como o de um bebê com Influenza (H1N1) ou com Covid-19, pois os sintomas são muito parecidos. Mas existem alguns caminhos.

“O que alguns estudos estão dizendo é que os bebês têm, às vezes, distúrbios gastrointestinais. Ou seja, eles podem ter diarreia e dor abdominal e não ter outros sintomas. Isso sim é um diferencial, porque com Influenza, por exemplo, é muito difícil ter esse tipo de desconforto”, pontua a médica.

E a parte respiratória?

Já para os bebês que não apresentam nenhum desconforto gastrointestinal, mas problemas na parte respiratória, o primeiro passo é entender a diferença entre uma gripe e um resfriado, para depois discutir-se sobre coronavírus.

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Resfriado: “Nele, o bebê costuma não ter febre, mas ter tosse, coriza, e pode ter dor de garganta. Só que o estado geral dele é bom. Isso significa que ele vai estar mamando normalmente, e vai estar ativo (não vai estar prostrado)”, detalha a pediatra.

Gripe: Em uma gripe comum, como a Influenza, o cenário é um pouco diferente. “Talvez o bebê tenha febre, o que gera mal-estar. Com isso, às vezes, o bebê não vai mamar tão bem. Além de ter tosse e dor de garganta”.

Flávia explica que o incômodo na garganta em bebês é possível reconhecer pelo padrão das mamadas. Isso significa que se o pequeno estiver mamando pouco, ou chorar durante a amamentação, pode ser que ele esteja com dor.

Coronavírus: Já para um possível quadro de coronavírus, a garganta também traz um indicativo importante da doença. “Para ser Covid-19 tem que ter febre, mas não ter também não descarta totalmente a possibilidade. Só que no nosso panorama atual, só vai ser investigado se tiver febre. O bebê começa com uma tosse seca, mais irritativa, e depois vem, às vezes, o catarro. Isso também pode ser um diferencial indireto, pois a Influenza já dá uma tosse mais carregada”, explica a pediatra.

Ir ao hospital ou não?

Com sintomas tão parecidos, é inevitável não pensar em levar o filho ao hospital para que médicos possam diferenciar se o quadro dele é de uma gripe comum ou de coronavírus. Entretanto, Flávia enfatiza que é preciso refletir muito antes de tomar qualquer decisão no atual cenário do país.

“Hoje, ir ao hospital tem que ser muito bem pensado, porque os hospitais estão lotados. E o fato de ir sem necessidade tem dois problemas: primeiro que você se expõe a infecção, segundo que você sobrecarrega o sistema de saúde. Eu entendo que não é todo mundo que tem acesso a um pediatra, para o qual se pode telefonar em caso de dúvida. Mas é preciso tentar se informar antes de ir para o hospital”, explica a pediatra.

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Para tentar esclarecer ainda mais os pais, a médica cita duas situações. Uma em que é possível acompanhar o caso da criança de casa, e quando é imprescindível que ela seja analisada por um especialista.

“Uma criança maior, na faixa dos três anos, com uma febre baixa, mas que está bem, que está comendo bem, não precisa ir ao hospital. Os pais podem ficar em casa observando. Já um bebê muito pequeno, se ele estiver com algum sinal de que não está mamando, gemência e percebe-se que ele está desconfortável para respirar, não tem jeito. Ele vai precisar ser avaliado de alguma maneira. E não só pelo Covid-19, ele pode estar com uma bronquiolite, influenza ou outra doença”.

Nessa situação, Flávia ressalta para que os pais que puderem deem preferência por uma consulta direto com o pediatra do bebê em vez de ir a um hospital comum. Ainda que as crianças sejam menos suscetíveis a doença, a médica lembra que a transmissão do coronavírus acontece rapidamente e ainda não se sabe todas as formas que a infecção respiratória é passada de uma pessoa para a outra. Até o momento, a mais aceita é a de pessoa para pessoa, por meio de gotículas.

Por isso, a pediatra reforça sobre a importância de ficarmos em casa. “O isolamento social hoje é fundamental. ‘Ah, mas eu só vou dar uma volta no quarteirão com o meu bebê, não tem ninguém. Posso?’ Não. ‘E ir no parque que está aberto, em que vou ficar distante das outras pessoas. Posso?’ Não. Não saia de casa com o seu bebê. Nem é uma hipótese. Por enquanto, é isolamento social, não só distanciamento”.

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