10 doenças mais comuns no primeiro ano de vida do bebê
Infecções respiratórias ou gastrointestinais e problemas na pele estão entre as questões frequentes nesta fase
O primeiro ano de vida do bebê é marcado por descobertas incríveis: ele cresce e interage cada vez mais com o mundo ao seu redor. Os contratempos neste período, no entanto, não são poucos, sobretudo no que diz respeito à saúde. Infecções virais e doenças exantemáticas (que se manifestam na pele) são algumas condições bastante comuns.
A vulnerabilidade a agentes estranhos é resultado da resposta imune ainda não desenvolvida. Até por volta de 6 a 9 meses, a criança depende, majoritariamente, da imunidade passiva e do sistema imunológico inato – isto é, dos anticorpos passados pela mãe através da placenta e das barreiras físicas, como pele e mucosas – para se proteger contra doenças.
“À medida que o sistema imunológico do bebê amadurece e começa a produzir seus anticorpos, a dependência dos agentes maternos diminui gradativamente”, explica Lucilia Faria, coordenadora da UTI Pediátrica do Hospital Sírio-Libanês. A defesa própria do pequeno vai se fortalecendo ao longo dos anos, conforme ele é apresentado a mais antígenos, durante a infância e a adolescência.
Há ainda mais dois fatores importantes na construção da imunidade. Primeiro, o aleitamento. Depois, a vacinação, disponível contra as principais e mais graves doenças da infância, é primordial para evitar quadros sérios dessas enfermidades. “Através da amamentação, a mãe passa anticorpos, memórias de infecções prévias e promove o contato do filho com vírus, bactérias e outros agentes”, afirma Daniela Fiorenzano, neonatologista da Maternidade São Luiz Star.
Com a colaboração das médicas, listamos as 10 doenças mais comuns no primeiro ano de vida do bebê, seus sintomas e tratamentos.
Mão-pé-boca
É transmitida pelo contato direto com saliva ou secreções da pessoa infectada. “Como bebês têm o costume de levar tudo à boca, há um risco grande de contaminação”, explica a neonatologista do São Luiz Star.
Muito comum antes dos 5 anos de idade, a doença é causada por enterovírus. Ela se manifesta através de feridas na boca e erupções nas mãos e nos pés, além de febre, dor de garganta e mal-estar geral. Não há vacinação para a mão-pé-boca e o quadro, em geral, regride espontaneamente. Para controlar os sintomas, anti-inflamatórios podem ser indicados pelo pediatra.
Dermatite de fralda
As dermatites são inflamações da pele que geram lesões e causam coceira. Surgem de diferentes formas, seja por contato, infecção ou alergia. No primeiro ano de vida, são frequentes em áreas que ficam cobertas por fraldas.
Pele ressecada, vermelhidão, coceira e irritação estão entre os sintomas. “Caso identifique alguma dessas situações, o ideal é levar o bebê ao médico para avaliação correta da causa da dermatite”, orienta Daniela. O tratamento varia, podendo incluir aplicação de pomadas e hidratantes, uso de medicamentos ou restrições alimentares.
Otite
Diversas infecções respiratórias podem ter como consequência a inflamação do ouvido. “Isso acontece porque a região fica com muita secreção, criando um ambiente propício para uma infecção bacteriana secundária”, explica a neonatologista. Tanto vírus quanto bactérias são responsáveis pela otite, e os principais sinais são dificuldade para mamar (em recém-nascidos), dores no ouvido e febre.
Para combatê-la, em geral, é necessária a prescrição de medicamentos, inclusive antibióticos. Em hipótese alguma é recomendado colocar qualquer substância no ouvido do bebê sem a orientação de um profissional.
Catapora
A catapora, ou varicela, manifesta-se com maior frequência em crianças de 3 meses a 10 anos. Ela pode levar a complicações graves, especialmente em bebês muito pequenos ou com o sistema imunológico comprometido. Causada pelo vírus Varicela-Zoster, tem como sintomas a presença de lesões na pele (manchinhas vermelhas) que evoluem para bolhas e se espalham pelo corpo, geralmente acompanhadas de coceira e febre.
É altamente contagiosa, transmitida por contato com o líquido das lesões, tosse, espirro, saliva ou por objetos contaminados – daí a importância do isolamento. “As bolhas se rompem e formam crostas, antes de cicatrizar”, ressalta Lucilia Faria.
Embora seja uma doença autolimitada, isto é, que tem uma melhora espontânea, alguns cuidados são fundamentais. É possível usar antitérmicos, analgésicos ou anti-histamínicos para aliviar a febre e a coceira, por exemplo. A varicela fornece imunidade definitiva, o que significa que só se pode contraí-la uma vez na vida. A vacina disponível contra catapora deve ser administrada aos 12 meses, com reforço entre 15 e 24 meses.
Bronquiolite
Infecção viral das vias respiratórias que costuma acometer crianças menores de 2 anos, pode ser causada por diversos vírus, mas o principal é o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), transmitido através de gotículas. “No início, a bronquiolite parece um resfriado comum, com congestão nasal, coriza, tosse e febre, que pioram progressivamente”, diz a médica.
Os bebês muitas vezes apresentam desconforto respiratório, como chiado no peito, respiração rápida e queda do oxigênio no sangue. No entanto, a maioria dos quadros é leve, com cuidados feitos em casa. Ainda assim, Lucilia lembra que não há tratamento. Em crianças prematuras ou com cardiopatia, é possível administrar, preventivamente, um anticorpo específico para a bronquiolite, chamado Palivizumabe, que diminui a gravidade da infecção.
Resfriado e gripe
Provocado pelo Rinovírus, o resfriado comum gera congestão nasal, coriza, tosse e febre baixa no bebê. Normalmente, é um quadro mais leve e autolimitado, e não há tratamento específico.
A gripe apresenta sintomas similares, porém mais intensos, e é ocasionada pelo vírus Influenza. Em diversos casos, pode exigir a prescrição de um antiviral.
Gastroenterite
Diferentes vírus (sobretudo o Rotavírus, o Norovírus e o Adenovírus) são os responsáveis por essa inflamação do trato gastrointestinal. “Eles são altamente contagiosos e se espalham pelo contato com outras crianças e adultos, ou objetos e alimentos contaminados”, afirma a pediatra do Sírio-Libanês.
A gastroenterite é frequente em crianças com menos de 5 anos e tem como consequência febre, diarreia, vômitos e dores abdominais. Os sintomas, mesmo que autolimitados, tendem a levar à desidratação. Por isso, medicamentos para controlá-los podem ser indicados.
A vacina é importante para a prevenção da gastroenterite causada por Rotavírus. A primeira dose deve ser aplicada até 3 meses e 15 dias, e a última dose até 7 meses e 29 dias. Vale lembrar que não há imunidade definitiva, já que existem vários vírus e variantes.
Infecção urinária
De acordo com o Ministério da Saúde, a infecção do trato urinário (ITU) é comum nos lactentes e entre crianças de 2 a 4 anos. Em recém-nascidos, caracteriza-se por dificuldade alimentar, diarreia, febre ou urina com mau cheiro.
O problema é causado por bactérias que chegam à bexiga ou aos rins através da uretra. Em bebês pequenos, é possível que a contaminação seja provocada por malformações congênitas do trato urinário. Em geral, o tratamento é feito com administração de antibiótico, sempre prescrito pelo pediatra.
Pneumonia
Infecção pulmonar provocada por vírus, bactéria ou fungo. Na maioria das vezes, o paciente apresenta febre, tosse com catarro, falta de apetite e apatia. Em casos leves, o médico pode receitar um antibiótico, se for identificado o agente causador. Naqueles graves (mais diagnosticados em crianças menores de 2 anos), há uma possível necessidade de internação hospitalar. Deixar o ambiente bastante ventilado, higienizado e manter distância de pessoas contaminadas são algumas medidas de prevenção.
Sapinho
A doença, também chamada de candidíase oral, afeta com frequência crianças na faixa etária de 6 meses a 1 ano. É provocada pelo fungo Candida albicans, que pode ser encontrado no seio da mãe ou em objetos do bebê.
Deixar o pequeno com as fraldas sem troca adequada ou com suor pelas dobras do corpo favorece a proliferação dos microrganismos. A falta de higienização das mamadeiras também contribui para a contaminação. O sapinho se manifesta como placas brancas na região da boca, além de dificultar a alimentação. É importante consultar um pediatra, que irá indicar o antifúngico adequado.
SINAIS DE ALERTA
Nas situações mencionadas, observar o comportamento e o estado de saúde da criança faz toda a diferença. Estes são alguns pontos de atenção:
– Febre alta e persistente (mesmo com medicamentos) por mais de três dias, sobretudo em bebês menores de 3 meses que apresentam temperatura maior ou igual a 38°C.
– Criança fazendo força para respirar, afundando o pescoço ou a barriguinha, abrindo o nariz, ofegante ou emitindo sons. Esses podem ser indícios de dificuldade respiratória. Procure uma unidade de saúde imediatamente.
– Vômitos e diarreias, que levam à desidratação. “O bebê nessa situação urina pouco ou não urina, a boca fica seca, sem brilho, os olhos ficam fundos e o choro não tem lágrimas”, explica Lucilia Faria.
– Surgimento de lesões na pele que se espalham rapidamente, ou que são acompanhadas de febre.
– Apatia no bebê. “Quando, mesmo após a febre passar, ele apresenta dificuldade para respirar, falta de apetite ou não consegue ingerir líquidos (mamar) de forma adequada”, diz Daniela Fiorenzano.
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