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Bastidores: veja a rotina das crianças do filme brasileiro ‘Papai é Pop’

A pequena Malu Aloise, de 4 anos, entra em cena com Lázaro Ramos e Paolla Oliveira em um longa de comédia sobre as delícias e os desafios da paternidade.

Por Alice Arnoldi
Atualizado em 14 abr 2021, 15h51 - Publicado em 24 fev 2021, 11h00

Em tempos sombrios como os da pandemia causada pelo coronavírus, a arte reforçou sua importância. Foi ouvindo uma música, assistindo a um novo desenho ou procurando um filme diferente nos catálogos das plataformas de streaming, que pais e filhos fizeram combinados sutis e conseguiram construir uma rotina mais harmônica.

Só que do outro lado, de quem entra em cena e ouve “take 1! Gravando!”, o desafio também bateu à porta. Foi preciso repensar como trabalhar as produções artísticas e até mesmo pausar projetos por quase um ano para que, com a chegada de 2021 e mais consciência sobre o que é a covid-19, eles pudessem voltar a acontecer. Inclusive, para as crianças que começam a trilhar a carreira artística desde cedo.

Este é o caso da atriz mirim Malu Aloise, de quatro anos, no filme “Papai é Pop”, da Galeria Distribuidora com coprodução da Pródigo Films e o Grupo Telefilms, que começou a ser gravado durante a pandemia. Na comédia inspirada livremente no livro de mesmo nome do autor Marcos Piangers, ela interpretará a filha de Tom (Lázaro Ramos), que descobrirá entre os desafios e as delícias do dia a dia o que é viver a paternidade ativa ao lado de sua esposa Elisa (Paolla Oliveira).

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A decisão de fazer parte do filme

Assim como outras crianças que viveram uma montanha-russa de emoções pelas restrições trazidas pela pandemia, Cilly Aloise, mãe de Malu, conta que a pequena mostrava-se aflita ao perceber que atuar não era uma opção no momento. “Muitas vezes, ela vinha chorando, pedindo para que não desistíssemos da carreira dela”, lembra.

Junto com o apelo emocional da filha, o cenário pandêmico mostrava-se um pouco mais seguro para os pais decidirem pela participação da pequena no longa. Moradores da baixada santista, Cilly recorda-se que a bandeira da cidade estava verde quando o elenco do filme começou a ser montado e até mesmo selecionado oficialmente. Com Malu escolhida, a mãe optou por levar a filha até a pediatra que a acompanha, antes de bater o martelo da decisão.

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Com a conclusão da especialista que estava tudo bem com a pequena e a checagem dos protocolos de segurança seguidos durante as gravações, Cilly concordou que Malu integrasse o elenco de “Papai é Pop”. A mesma preocupação com as medidas de higiene foi o que levou os pais de Richard Cardoso, também de quatro anos, a aceitarem que o filho entrasse para a trama. Na história, ele construirá um dos laços mais importantes da primeira infância, com a personagem Laura: o da amizade.

Gravações? Só com os cuidados necessários!

Para evitar a transmissão do coronavírus no set de filmagem, Deborah Nikaido, gerente de conteúdo da Galeria Distribuidora, explica que medidas restritivas precisaram ser tomadas. Entre elas, estão algumas que conhecemos bem, como distanciamento social, limpeza constante dos locais de convivência e o uso ininterrupto de Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs).

Só que para, além disso, a testagem repetitiva sempre que há gravação é indiscutível neste caso. Junto com os exames de quem faz parte da produção e do elenco adulto, os familiares diretos das crianças também precisaram realizar o teste para covid-19. Como estudos apontam, os menores tendem a ser menos propensos à doença, mas quando contaminados, as chances são maiores de que isso tenha acontecido por meio de um familiar doente do que através de outras vias.

Pelos cuidados indiscutíveis para que a gravação fosse segura, Deborah também pontuou que o tempo de produção do filme foi repensado diante da pandemia. “Estamos trabalhando com um plano de filmagem com uma semana a mais que a média de gravações, garantindo que Caito Ortiz, o diretor da comédia, possa cumprir tanto com os planos quanto com as medidas de proteção”, reforçou a gerente de conteúdo.

Já as preocupações dentro de casa… 

Se antes a famosa frase “vai já para o chuveiro!” fazia parte do contexto de mães, agora o comando faz parte das precauções contra a covid-19. Isso porque, além dos cuidados durante as gravações, os pequenos também precisaram adotar uma rotina diferente para que o filme fosse possível.

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“Fazemos o uso de máscara rigidamente durante todo o translado e quando é necessário estarmos fora de casa. Além da lavagem das mãos corretamente com água e sabão, e higienização de bolsas, malas, brinquedos e objetos sempre que preciso. Também troco a roupa da Malu assim que ela chega da gravação“, ressalta Cilly.

E, mais do que isso, Michelle Cardoso, mãe de Richard, lembra que tais medidas são efetivas quando acompanhadas do cuidado mais importante neste momento: o isolamento social. “Estamos evitando sair, estar em lugares aglomerados e também receber visitas em nossa casa. Só vamos às gravações e no resto do tempo preferimos ficar por aqui mesmo”, enfatiza.

Criança ainda é… criança!

Dentro de casa, Malu e Richard continuam envolvidos pelas brincadeiras para que a rotina não pese e a atuação em frente às câmeras não vire trabalho de gente grande antes do tempo. “Nos dias de gravações, realizamos tudo com muita diversão desde o preparo da bolsa e escolha das roupas, como se fossemos para uma viagem de férias ou rever amigos”, detalha Cilly.

Já para decorar os textos, a mãe da pequena explica que o caminho é sempre ir pelo lúdico para que ela memorize tanto as falas quanto os gestos. “Procuramos usar palmas, músicas e danças para tornar a memorização alegre e gerar emoção positiva. Estudamos estes textos todos os dias, pelo menos uma vez”, pontua.

A escola também não fica de lado. Com a possibilidade de uma educação à distância, como muitos pais precisaram viver durante a pandemia, Malu tem acompanhado as aulas online. Mas com um cronograma de entrega das atividades mais flexibilizado devido as gravações do filme.

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Já para Richard, que a mãe brinca ser uma criança ligada no 220V, os cuidados para que o pequeno não fique sobrecarregado e tenha a infância preservada são de que livros e brincadeiras estejam sempre presentes na rotina.

E quando elas cansam e não querem mais gravar? 

Com a necessidade de seguir com o isolamento social para que a participação do filme seja viável, tanto Cilly quanto Michelle relatam que os dias de gravação para os filhos são de pura festa. Afinal, é o escape da rotina e a sensação de voltar a conviver, ainda que por horas, com rostos diferentes dos que vêem diariamente.

“Em nenhum momento presenciei as crianças não quererem gravar. Pelo contrário, elas queriam mais e mais. Brincaram muito e divertiram-se o tempo todo. A equipe, em geral, foi maravilhosa: desde elenco, direção, produtores, motoristas, cabeleireiras até os preparadores das crianças, que as deixaram à vontade para serem livres em todo o processo de filmagem. Isso fez com que tivéssemos dias em que elas não queriam ir embora”, recorda a mãe de Malu.

Lázaro-Ramos-Malu-Aloise-e-Richard-Cardoso-no-filme-Papai-é-Pop
(Stella Carvalho/Divulgação)

Michelle ainda completa: “O Richard é tão pequeno, mas já ama o que faz. Ele tem tanto carinho pelo trabalho, que sempre que tem gravação acorda com uma disposição que até eu fico surpresa. Ele nunca fica entediado e ama o carinho do elenco!”.

Só que tudo isso só é possível porque quando pensamos na atuação de crianças, especialmente durante a pandemia, ela traça um caminho diferente do que é vivido pelos atores adultos.

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O set precisa ser prático, mas ainda acolhedor

Lázaro Ramos, responsável pelo papel do pai Tom, explica que o cansaço infantil não é visto porque o processo das crianças em cena é mais rápido do que imaginamos. “Nós ensaiamos antes, o set e a luz são preparados e só então elas chegam para a cena e não temos muitos ensaios com elas. Além disso, nós, atores adultos, estamos preparados para adaptar o texto às mudanças que as crianças trouxerem. Inclusive, o filme também é muito sobre isso, a espontaneidade delas”, detalha o ator.

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A mesma liberdade é lembrada por Paolla Oliveira, interprete da mãe Elisa. “As crianças foram uma grata surpresa! Super inteligentes, espontâneas, carinhosas… Mas sempre é um desafio entender o tempo e o quanto pode ser desgastante para elas. Acredito que o que fez toda a diferença foi o apoio e estrutura que tivemos antes e durante as filmagens, com ensaios e encontros, e a forma espontânea com que elas podiam estar em cena: sendo crianças“, reforça.

Assim, mais uma vez, a arte lembra o que mais se falou sobre os pequenos durante a pandemia: é por meio do lúdico, da diversão, que eles conseguem continuar experimentando a primeira infância ainda que com os percalços emocionais causados pela covid-19, apontados por diferentes estudos.

“No período de ensaio, ficamos confinados e se encontrando em uma sala com janelas abertas, máscaras e limpando a mão o tempo todo. Mas a verdade é que tivemos uma conexão imediata! Desde o primeiro dia, as crianças se entregaram e tinham muito prazer em estar ali. Assim, a nossa convivência foi alimentada neste lugar, em uma experiência lúdica e divertida dessa brincadeira de atuar”, conclui Lázaro.

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Making-off-do-filme-Papai-é-Pop
(Stella Carvalho/Divulgação)

O resultado de todo esse esforço e parceria foi uma grata surpresa para o diretor Caito Ortiz. “A distância e as máscaras são obstáculos para chegar em desfechos que valham a pena. Só que, ao mesmo tempo, fazem com que tenhamos que nos empenhar mais, e isso muitas vezes nos leva a resultados diferentes do que teríamos alcançado antes. Tenho ganhado vários ‘presentes’ em cena, estou muito feliz com o filme”, finaliza.

Ficou interessado pela trama? Então já anota aí: a estreia do filme está prevista para o segundo semestre deste ano!

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