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Cuidados necessários para caso a criança precise ser levada ao hospital

A ida ao médico só deve ocorrer em casos de emergência e precisa da atenção redobrada dos pais na hora de preparar a saída.

Por Alice Arnoldi
Atualizado em 9 jun 2020, 16h26 - Publicado em 7 abr 2020, 17h44

Para o controle da curva de casos confirmados de coronavírus (Covid-19) no Brasil, as orientações das instituições de saúde são para as pessoas evitarem aglomerações e, todos que tiverem a possibilidade, manterem-se em isolamento social. Essas diretrizes também fizeram com que a relação dos pais com hospitais e pediatras precisasse ser reformulada.

Se antes a primeira atitude era correr para marcar uma consulta presencial com o médico da criança, caso ela apresentasse sinais de alguma doença, agora a situação é outra. Especialistas aconselham pais a ligarem para o pediatra do filho antes de tomarem qualquer decisão sobre sair de casa, assim ele poderá analisar a gravidade da situação e, muitas vezes, resolvê-la sem necessidade de quebrar o período de isolamento.

Entretanto, quadros mais graves podem exigir a ida ao hospital. Além do agravamento de um caso de Covid-19, em que o uso de aparelhos disponíveis apenas em hospitais é essencial, outras situações podem fazer com que pais precisem levar o filho ao médico. Um exemplo disso é os acidentes domésticos que pedem por cuidados mais específicos, como imobilização ou pontos.

Nesse cenário, a pergunta que surge é: como proteger as crianças caso elam realmente precisem ir ao médico? 

1. Leve seu filho no colo

Como explica a pediatra Lílian Cristina Moreira, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e funcionária da Secretaria Municipal do Rio de Janeiro, o ideal é que os pais carreguem as crianças no colo em ambientes como hospitais, já que não se tem controle de quais superfícies estão contaminadas ou não.

“Nesse momento, não dá para deixar uma criança pequena ficar andando no chão, porque ela corre, brinca, cai, pega em outra criança. Portanto, levá-la mais preservada no colo, especialmente porque uma criança mais velha, você pode conversar, explicar a doença e ela vai cooperar, mas uma pequena não”, esclarece a pediatra.

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2. De casa direto para o carro

Se a condição financeira dos pais permitir que a família tenha um carro próprio, o ideal é que a criança seja levada até ele no colo e, ali dentro, ela possa ficar mais a vontade. Isso porque acredita-se que os cuidados com a higiene do veículo estão controlados e mantidos em dia.

Já para as crianças que precisarão ser levadas em carros de aplicativos ou até mesmo em transportes públicos, é necessário que os adultos fiquem mais ainda atentos para mantê-las seguras no colo. Lílian também ressalta que é importante estar mais alerta ao ato do pequeno de levar a mão aos olhos, nariz e boca.

Caso a criança encoste em alguma superfície no meio do caminho, a pediatra aconselha que os pais tenham álcool em gel ao alcance para fazer uma primeira limpeza. E, ao chegar no hospital, lave as mãos do filho com água e sabão.

3. Coloque máscara na criança

Após o pronunciamento do ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, no dia 1 de abril, a nova orientação do Ministério da Saúde é que as pessoas usem máscara para saírem de casa. Essa medida inclui as crianças que precisarem ir ao hospital ou ao consultório do pediatra.

“Saíram estudos em alguns países, especialmente na China, dizendo que o uso de máscaras, até mesmo as caseiras, diminuem um pouco a troca de gotículas entre as pessoas. Dá um grau de proteção, é uma primeira barreira, portanto, é valiosa especialmente nesse momento em que o inimigo é invisível”, explica Lílian.

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Para que o uso da máscara seja efetivo, a pediatra enfatiza que ela precisa tampar por completo o nariz e a boca da criança. E os pais devem ficar atentos para que o pequeno não fique a tocando com frequência

Outra questão que também pede atenção dos adultos é o tempo de uso do utensílio. Tanto a máscara descartável quanto a caseira pode ser usada de duas a três horas até que seja necessário trocá-la. “É o tempo que a própria respiração vai umedecer a máscara, e quando ela fica molhada perde-se o papel de primeira barreira e poder filtrante.” Inclusive, por isso, o intervalo de trocas pode ser menor caso a criança transpire e molhe o tecido antes.

Por isso, Lílian lembra que é fundamental colocar uma máscara reserva ao preparar a bolsa da criança para a ida ao hospital, pois não se sabe quanto tempo será necessário esperar para ela ser atendida.

Na hora de retirá-la, é importante que os pais e a criança evitem encostar na parte externa da máscara, e ela seja tirada do rosto pelos elásticos que contornam as orelhas.

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4. Prefira roupas longas

As crianças, principalmente as menores, podem ter o costume de colocar outras partes do corpo em contato com a boca, nariz e olhos. E, no hospital, não é possível saber quais e se as superfícies estão contaminadas ou não pelo Covid-19.

Para Lílian, uma forma de contornar a situação é a escolha da roupa do pequeno. “Se for possível, que a criança fique com o máximo de superfície corpórea tampada. Por exemplo, se ela puder usar um sapatinho com meia fechado, calça comprida e blusa de manga longa, melhor. Porque eles vão funcionar como uma barreira ao vírus no corpo dela”.

Entretanto, se o local que a família mora for muito quente e esse tipo de roupa não for viável, a pediatra aconselha os pais a priorizarem pelo menos a calça com o sapato, já que criança pode acabar caindo em uma brincadeira e os membros inferiores serão os primeiros a encostarem no chão.

5. Atenção na hora de preparar a bolsa da criança

Além dos cuidados diretamente com o pequeno, é importante redobrar a atenção com a bolsa que os pais levarão os itens de higiene do filho.

Para o atual momento, Lílian aconselha os adultos a priorizarem tecidos impermeáveis. “O ideal é você poder passar um pano com álcool 70 líquido na bolsa toda”. Entretanto, se o material for de algodão puro, o indicado é que ela seja lavada com água e sabão, separada de outras peças.

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Já Daniela Petry Piotto, pediatra do Fleury Medicina e Saúde, orienta os pais a levarem apenas o que for estritamente necessário. E dá uma sugestão de como proteger os itens para que se diminua as chances de contaminação por meio da superfície deles. 

“Eles podem pegar o plástico filme e e embalar o pacote de lenço descartável, a pomada e quando precisar usá-los no trocador no hospital ou no consultório, as embalagens estarão protegidas. Chegando em casa, já tira o plástico, joga fora e passa o álcool 70 nas superfícies”.

Outra opção é, quando possível, transferir produtos para embalagens que podem ser jogadas fora. “Em vez de levar a pomada inteira, um tubo grande, você põe só o necessário para utilizar em um potinho descartável”, detalha a pediatra.

A especialista também lembra sobre os documentos que passarão de uma mão para outra no pronto-socorro. Mais uma vez, o ideal é que os pais levem o menos possível. Isso reduz as chances de meios de transmissão da doença, além de facilitar na quantidade de objetos que precisarão ser limpos ao chegar em casa.

6. Roupas para a máquina e criança para o chuveiro

Após preparar a bolsa da criança, Daniela sugere que os pais deixem uma caixa ou um saco ao lado da porta de casa. Ali, todo mundo colocará as roupas e os sapatos que usaram na ida ao hospital.

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Eles precisam ir direto para a máquina de lavar, mas separadas de outras peças durante a higienização. Já a criança e os pais precisam tomar um banho da cabeça aos pés – o que inclui lavar o cabelo.

O mesmo é ressaltado por Lílian. “Se não tiver como dar um banho na criança imediatamente, pelo menos lavar a mãozinha e o rosto. Mas o ideal é pegar a criança no colo, colocá-la dentro do box e dar um banho de corpo todo”, finaliza a médica.

(Juliana Pereira/Bebê.com.br)
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