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Crianças pequenas podem ter Covid-19 e Influenza A ao mesmo tempo?

Batizada de 'Flurona', a dupla infecção pode assustar, mas na verdade trata-se de um quadro que os médicos já conhecem bem. Entenda!

Por Alice Arnoldi
Atualizado em 14 jan 2022, 17h57 - Publicado em 13 jan 2022, 17h16

Recentemente, o termo “Flurona” começou a ganhar popularidade, como uma forma de identificar quadros em que há a contaminação por Covid-19 e Influenza A (causada pela cepa H3N2 Darwin), ao mesmo tempo. No entanto, apesar de parecer amedrontador, é um diagnóstico, na verdade, bastante comum e possivelmente observado em crianças pequenas.

Não é uma doença nova, mas uma coinfecção pelos dois vírus que estão circulando no país e o público infantil sempre teve esse diagnóstico de duplo contágio por diferentes vírus respiratórios, então, não é uma novidade”, tranquiliza Adriana Paixão, infectopediatra da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo. Muitos médicos, inclusive, pedem que o termo flurona não seja utilizado para não causar mais pânico ou ainda ser confundido como um novo vírus. O melhor seria substituir por coinfecção ou dupla infecção.

A especialista cita o exemplo de quando os pequenos são diagnosticados com Influenza e Vírus Sincicial Respiratório (VSR) ao mesmo tempo, principalmente pela dinâmica que os menores têm de levarem a mão à boca, olhos e nariz com mais frequência e estarem mais próximos uns dos outros em ambientes como as escolas.

Inclusive, a imunologista Cristina Bonorino, membro dos comitês científico e clínico da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI), explica que não é incomum crianças serem levadas ao hospital (em tempos não pandêmicos) e terem a detecção, por meio da coleta de PCR, de cinco a seis vírus no organismo simultaneamente.

A dificuldade é saber qual deles está ativo e, consequentemente, causando algum tipo de sintoma no pequeno. Inclusive este é o impasse que as profissionais da saúde citam sobre como fechar o diagnóstico de Covid-19 ou Influenza A quando os sinais apresentados são de um quadro respiratório comum, com coriza, febre, mal-estar e dor de cabeça.

A solução é conhecida: mais testes, mais diagnósticos corretos

Para conseguir entender se os dois vírus estão presentes ao mesmo tempo ou se os sintomas estão sendo causados por apenas um, Adriana reforça que a única saída é realizar os testes disponíveis tanto para o diagnóstico do coronavírus quanto da Influenza A.

Esta suspeita tanto de coinfecção quanto de apenas uma doença viral ocorre principalmente quando há uma epidemiologia positiva, “isto é, se a criança teve contato com Influenza e passa a ter sintomas, é mais provável que seja este o vírus causando a infecção e o mesmo vale para o coronavírus”, pontua a infectopediatra.

Logo, se o pequeno teve proximidade com pessoas que testaram positivo para as duas doenças, é preciso atenção para o possível duplo contágio.

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(Dalibor Despotovic/Getty Images)

É verdade que a coinfecção causa sintomas mais graves nas crianças?

Só que ainda que o cenário pareça mais preocupante, é preciso ter em mente que a gravidade dos sintomas não é pior em caso de duplo contágio. “Intuitivamente, pode parecer que se a pessoa tem mais de um vírus, ela vai estar mais doente, só que isso não é verdade. Os estudos mostram que a gravidade dos sintomas não está ligada a isso. Inclusive, o paciente pode ter várias infecções bacterianas e não estar doente”, esclarece Cristina.

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O que pode ocasionar um desenvolvimento mais perigoso dos dois quadros, segundo as duas especialistas, é a criança fazer parte de algum grupo de risco, como ter alteração cardíaca, pulmonar ou ser imunossuprimida, por exemplo.

Como proteger as crianças das duas doenças

Pela Covid-19 e Influenza A serem transmitidas principalmente por vias respiratórias, a principal forma de preservar o público infantil é com a manutenção das medidas de proteção propagadas durante a pandemia, como uso de máscara, lavagem frequente das mãos e distanciamento social sempre que possível.

Adriana também lembra que a vacinação infantil contra o coronavírus é um fator decisivo para diminuir os índices da doença entre os pequenos e, consequentemente, reduzir os casos de dupla infecção.

“Vamos ter que observar, como aconteceu em outros países, se haverá um aumento de casos de Covid-19 em pediatria, porque o Brasil ainda vai começar a vacinação de crianças. E como elas estão saindo e indo para a escola, por exemplo, outros vírus respiratórios também voltaram a circular. Portanto, será preciso entender se a coinfecção vai se manter a mesma entre os grupos ou se, em algum momento, os adultos vão ser mais infectados ou as crianças”, esclarece a infectopediatra.

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