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Crianças pequenas correm perigo por causa da variante ômicron?

Público infantil pode ficar mais suscetível à cepa por ser o único que ainda não foi vacinado contra Covid-19, e não porque ela é mais perigosa às crianças.

Por Alice Arnoldi
Atualizado em 15 dez 2021, 15h23 - Publicado em 3 dez 2021, 17h11
Criança-mexendo-na-mascara
 (CARME PARRAMON/Getty Images)
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Ainda que o cenário brasileiro esteja evoluindo positivamente diante da pandemia causada pela Covid-19 por conta da vacinação, a nova variante Ômicron tem trazido mais dúvidas, especialmente após o alerta da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre ela ser preocupante. No entanto, os pais de crianças pequenas não precisam se alarmar.

O pediatra Renato Kfouri, presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), explica que ainda não há informações o suficiente sobre o modo de agir da nova variante nas diferentes faixas etárias. “Porém, é pouco provável que algo mude em relação as crianças, já que até hoje nenhuma das variantes teve um comportamento diferente na pediatria”, esclarece o especialista.

Até o momento, a Ômicron chama atenção pela variação de 30 a 50 mutações na proteína Spike (porta de entrada do vírus às células humanas) e a possibilidade de ser uma variante com alta transmissibilidade – principalmente porque ela foi observada inicialmente na África do Sul, no fim de novembro, e já foi detectada em todos os continentes.

A corrida contra o tempo para vacinar o público infantil

No Brasil, três casos em São Paulo e dois no Distrito Federal da nova cepa já foram confirmados pelo Ministério da Saúde e eles retomam a discussão sobre a importância de que crianças menores de 12 anos sejam imunizadas o quanto antes.

“Temos que correr para vaciná-las o mais cedo possível porque o que acontece em infectologia é que, quando há um grupo suscetível, que é o caso dos não vacinados, ele passa a ser o mais acometido“, pontua o infectologista pediátrico Márcio Nehab, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

O especialista citou o aumento de crianças e adolescentes norte-americanos infectados por causa da variante Delta. Segundo relatórios da Academia Americana de Pediatria, na primeira semana de agosto deste ano, 94 mil integrantes dos dois públicos testaram positivo para Covid-19. Na época, isso significou um aumento de 30% dos casos infantis da doença, representando 15% dos indivíduos contaminados no país.

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A vacinação estava liberada apenas para os maiores de 18 anos neste período, mas já se falava sobre a importância de que as farmacêuticas apresentassem com mais rapidez estudos clínicos que comprovassem a segurança e eficácia do imunizante nas populações pediátrica e juvenil. Atualmente, os pequenos a partir dos cinco anos já estão sendo vacinados por lá.

Assim, o que se entende é que crianças estarão mais suscetíveis a Ômicron não por ela ser uma variante mais perigosa para o público infantil, mas porque esta faixa etária ainda é a única que está sem acesso à vacinação.

Como está o processo da imunização infantil no Brasil

Citando países como China, Chile e Emirados Árabes, que já têm usado a CoronaVac para imunizar crianças e adolescentes, o infectologista pediátrico opina sobre o Brasil estar atrasado no processo.

“O imunizante mostrou-se seguro, já se vacinou dezenas de milhares de crianças com a CoronaVac, nós a fabricamos no Brasil, sem depender de ninguém, temos tecnologia no Instituto Butantan para produzi-la em escala… Enfim, estamos perdendo tempo para vacinar o público infantil”, defende o especialista.

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Kfouri ainda completa dizendo que a imunização para os menores de 12 anos é necessária independente da cepa que está presente no país. “Afinal, qualquer circulação de vírus que tivermos entre nós, impactará de maneira mais importante os não vacinados”, completa o pediatra.

Até o momento, nenhuma das vacinas foi aprovada à faixa etária, mas a Pfizer/BioNTech aguarda a liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para usar o seu imunizante em crianças a partir dos cinco anos. Já o Instituto Butantan ainda não realizou uma nova solicitação após ter o primeiro pedido negado em agosto deste ano.

Então, o que fazer para proteger crianças pequenas? 

Mãe-colocando-máscara-na-filha
(simon2579/Getty Images)

Assim que os imunizantes forem liberados, a recomendação é que os pais procurem pelos postos de saúde mais próximos para atualizar a carteirinha de vacinação dos filhos. Isso porque a aprovação do uso pela agência reguladora brasileira garante que a vacina é segura e eficaz para a faixa etária indicada.

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Enquanto isso não acontece, as medidas não farmacológicas continuam sendo fundamentais para protegê-los. “Independente de qual variante esteja circulando, máscara, lavagem de mãos, ambientes arejados e distanciamento continuam sendo bastante eficientes“, reforça Kfouri.

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