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Máscara de pano, cirúrgica e PFF2: qual é a mais indicada para crianças?

Especialistas explicam desde qual dispositivo de proteção contra covid-19 é recomendado para cada idade até o momento correto de descartá-lo.

Por Alice Arnoldi
8 abr 2021, 19h22

Receber o vídeo de um familiar recebendo a dose tão aguardada da vacina contra a covid-19 tem renovado a esperança da sociedade diante da dura pandemia. Só que, ao mesmo tempo, continuamos com a consciência de que o processo de imunização tem sido a passos lentos, o que significa que não podemos vacilar em relação a cuidados que dependem de nós, como o uso correto das máscaras faciais.

Para os que não podem ficar em casa por precisarem trabalhar ou necessitam recorrer aos serviços essenciais, como supermercados e farmácias, o dispositivo de proteção facial tem sido essencial para evitar a transmissão do Sars-Cov-2 e suas variantes mais graves, inclusive entre as crianças. Entretanto, diferente do que víamos no início da pandemia, variados tipos de máscara surgiram no mercado e pedem cuidados específicos para garantir a proteção correta.

A partir de uma conversa com a infectologista pediátrica do Hospital do GRAACC, Fabianne Carlesse, junto com Carolina Cresciulo, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e o pediatra Flávio Melo, montamos um guia com as opções dos dispositivos faciais disponíveis para venda e as recomendações para crianças pequenas – além de como manuseá-las corretamente para que não percam a eficácia contra a covid-19. Confira:

Máscara de pano ou tecido

Máscara-de-pano-infantil
(Arte: Victoria Daud/ Foto: Jasenka Arbanas/Getty Images)
  • Faixa etária: indicadas para crianças a partir dos dois anos e que não apresentem dificuldades motoras para não correr o risco de sufocamento.
  • Material: o dispositivo de proteção ideal deve ter três camadas para garantir a função de barreira. O material mais recomendado para a primeira camada interna é algodão, para que fique mais confortável no rosto infantil e evite reações alérgicas.
  • Tempo de uso: o tempo de uso das máscaras de pano por crianças varia de duas a quatro horas. Entretanto, esse período pode ser menor caso elas umedeçam ou fiquem visivelmente sujas.
  • Higienização: após o uso, elas devem ser lavadas com água e sabão – podendo ser misturadas com outras peças na máquina de lavar. Já para finalizar o processo correto de higienização, os especialistas recomendam passá-las com um ferro quente.
  • Descarte: sinais visíveis de desgaste no pano e elásticos são indícios de que é hora de descartar a máscara e comprar outra. O mesmo vale se o dispositivo de proteção já tiver sido lavado por mais de 30 vezes.

Máscara cirúrgica infantil

Máscara-cirúrgica-infantil
(Arte: Victoria Daud/ Foto: Natalya Zavyalova/Getty Images)
  • Faixa etária: a partir dos dois anos, desde que sejam específicas para o público infantil e encaixem corretamente no rosto dos pequenos, cobrindo nariz e boca, sem vazar ar pelas laterais.
  • Material: sempre de material descartável. Costumam ter um clipe nasal (arame moldável), que tende a permitir uma melhor aderência ao rosto infantil.
  • Tempo de uso: assim como as de pano, as cirúrgicas podem ser usadas por, no máximo, quatro horas. Mas caso elas sujem ou molhem antes deste intervalo, devem ser descartadas.
  • Higienização: não pode ser reutilizada.
  • Descarte: a máscara cirúrgica infantil deve ser jogada fora logo após o uso e não pode ser lavada, como as de pano.

Peça Facial Filtrante (PFF2) 

PFF2
(Arte: Victoria Daud/ Fotos: Elizabeth Fernandez e Volanthevist/Getty Images)
  • Faixa etária: ao contrário das outras opções de proteção, a Peça Facial Filtrante (PFF2) não é indicada para as crianças que ainda estão na primeira infância (até os seis anos). Ela é recomendada apenas para maiores, adolescentes e adultos.   
  • Material: como indicada na foto, ela pode ter formato de concha ou bico de pato e precisa ter especificações na embalagem, como selo do INMETRO e número do CA, o Certificado de Aprovação – que pode ser conferido no site ConsultaCA para saber se é realmente a PFF2. Há também a especificidade de que os elásticos não sejam atrás da orelha, mas na nuca e no topo da cabeça.
  • Tempo de uso: a PFF2 pode ser usada por volta de oito horas, com o cuidado na hora de colocá-la e retirá-la para não contaminá-la tanto internamente quanto externamente.
  • Higienização: para limpá-la, é importante que a PFF2 não seja lavada ou colocada no sol. Mas deixada em um ambiente arejado, de três a sete dias.
  • Descarte: O tempo de uso varia. De acordo com o CDC, a peça poderia ser reutilizada até cinco vezes com os intervalos estabelecidos. Caso a pessoa tenha tido contato com alguém infectado, a PFF2 usada deve ser imediatamente descartada.

Afinal, qual é a máscara mais recomendada para as crianças? 

Para os pequenos entre dois e seis anos, a dúvida dos pais fica entre as máscaras de pano e cirúrgicas, já que são as que podem ser usadas dentro da faixa etária e que estão disponíveis no mercado em tamanho infantil. Entre elas, a pediatra Carolina pontua que a cirúrgica é mais eficaz que a de pano, já que ela pode chegar até 90% de proteção e possui uma camada filtrante.

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Só que de nada adianta o tipo de dispositivo, se ele não estiver adaptado corretamente ao rosto da criança. Por isso, se compararmos uma máscara de pano capaz de vedar o nariz, a boca e evitar a passagem de ar pelas laterais com uma cirúrgica que não se adapta com facilidade ao rosto infantil, é preferível que os pais optem pela máscara caseira para maior segurança dos pequenos.

Como adaptar a máscara ao rosto do seu filho

Com o cuidado para que o dispositivo de proteção esteja posicionado corretamente no rosto infantil, o pediatra Flávio esclarece que os pais podem recorrer a algumas alternativas diante das máscaras. A primeira é dar um nó nos elásticos colocados atrás da orelha para que ela fique mais fixa, valendo a ideia tanto para as de pano quanto cirúrgicas.

Caso a criança sinta-se incomodada com o nó ou ainda perceba-se que a máscara está escorregando, o especialista aconselha que os pais busquem por uma confecção de tecido em que é possível costurar um arame ou outro tipo de metal com curvatura na parte que cobre o nariz da criança, para que se forme uma espécie de clipe nasal. Materiais como fitas crepe ou esparadrapos não são recomendados para vedar as saídas de ar.

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Crianças pequenas podem usar dupla máscara?

Depende! Caso a criança seja exposta a um ambiente de alto risco, como aglomerações em locais fechados, a dupla máscara pode ser cogitada para aquelas (maiores de dois anos) que aceitarem. Agora, se a combinação de uma máscara cirúrgica com uma de pano por cima levar o pequeno a colocar a mão no rosto com mais frequência ou houver risco de sufocamento, o recomendado é que os pais descartem a possibilidade. Na dúvida, vale sempre se questionar se a criança deveria estar frequentando o ambiente em questão que exige tamanha exposição e risco.

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