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As 5 maiores dúvidas dos pais sobre vacina da Covid-19 em crianças

Pfizer entra com o pedido na Anvisa para que a vacina seja aplicada em crianças, mas muitas dúvidas ainda rondam a cabeça dos pais. Especialistas respondem!

Por Alice Arnoldi
Atualizado em 16 nov 2021, 16h43 - Publicado em 12 nov 2021, 19h56
Vacinação-infantil-contra-covid19
 (Carol Yepes/Getty Images)
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Para o alívio de pais com crianças pequenas, os indícios são de que a vacinação infantil contra Covid-19 está cada vez mais próxima de se tornar realidade no Brasil. Nesta sexta-feira, 12 de novembro, a Pfizer entrou com o pedido à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que a vacina seja liberada, assim como nos Estados Unidos, para crianças entre cinco e 11 anos. A agência reguladora tem 30 dias para responder e ainda que a notícia seja positiva, é certo que muitas dúvidas surgem na cabeça dos pais sobre o tema.

Pensando neste cenário, conversamos com três pediatras engajados na causa para explicar as dúvidas mais comuns dos pais sobre a vacina, como o porquê de ser necessário que as crianças sejam imunizadas ainda que sejam menos suscetíveis à doença e se já vivemos o momento em que as máscaras podem ser suspensas. Confira:

1. É seguro vacinar meu filho contra o coronavírus? 

Desde o início da pandemia, um movimento antivacina acontece no país. Baseado em fake news, ele tem levado adultos a não se imunizarem contra a doença pandêmica com a justificativa de que a vacina seria um risco por ter sido aprovada em pouco tempo. Mas o que explica a pediatra Flávia Bravo, diretora da Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm), é que não há liberação dos imunizantes sem uma ampla pesquisa por trás.

“É impossível incluir todas as faixas etárias nos ensaios clínicos desde o início – no começo, é analisado onde a doença está mais importante e esses grupos são o pontapé inicial. Mas já temos a vacina sendo usada desde dezembro do ano passado e estudos acontecendo desde então. Portanto, se houver a aprovação, é porque o período de segurança foi adequado“, esclarece a especialista.

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No país, este processo depende principalmente da Anvisa, que tende a ser criteriosa diante dos dados apresentados. Tanto que, no dia 19 de agosto, a agência reguladora brasileira se pronunciou, negando o uso da CoronaVac em crianças a partir de três anos, porque as informações coletadas até o momento não eram o suficiente para comprovar a eficácia e segurança da vacina. Desde então, novos estudos têm sido realizados.

2. Por que a dose da vacina em crianças é menor? 

Nos Estados Unidos, a Pfizer foi aprovada para crianças de cinco a 11 anos com a indicação de que a dose do imunizante utilizada para a faixa etária deveria ser um terço da recomendada para adolescentes. Em nota divulgada no Brasil, a farmacêutica indica que seguirá o mesmo caminho e a decisão não surpreende os especialistas.

“Isso é um fenômeno conhecido de todas as vacinas: quanto menor a idade, a resposta ao imunizante é mais robusta, o que nos permite usar doses menores”, pontua o pediatra Renato Kfouri, presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

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Flávia explica que isso se dá porque o sistema imunológico no primeiro ano de vida da criança não está tão maduro, logo, é preciso de um número maior de doses ou que elas tenham dosagens superiores. No entanto, isso muda com o tempo. “Depois desse período, principalmente a partir dos dois anos, o sistema imune da criança amadurece e costuma responder melhor comparado ao avançar da idade”, destaca a pediatra.

Os dois médicos citam o exemplo da vacina contra o HPV, em que duas doses mostram-se efetivas para pacientes entre 12 e 13 anos, enquanto que elas precisam ser aplicadas três vezes quando falamos do público mais velho, para que ele seja tão protegido quanto o adolescente.

3. Por que meu filho tem que tomar a vacina se ele tem menos chances de pegar Covid? 

Além da resposta positiva do imunizante para o público infantil, decidir pela vacinação de crianças pequenas conversa diretamente com o controle da pandemia ao redor do país.

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“Diante de uma quantidade limitada de doses dos imunizantes no início, a criança não era tão prioritária quanto outros grupos e não havia ainda evidências de vacinas para elas. A partir do momento que já caminhamos mundialmente com pesquisas e a quantidade de doses tem aumentado, é preciso estar atento não apenas para a mitigação da pandemia, mas também para o seu controle de forma mais ampla, que só é possível por meio da vacinação de todos os grupos“, declara Flávia.

Kfouri também enfatiza que não podemos esquecer que, por mais que o público infantil seja atingido pela doença de forma menos agressiva, ele ainda foi vítima de mortes e internações – o especialista cita que os menores correspondem a 2% de todas as hospitalizações por Covid-19 e entre 0,37% e 0,4% dos óbitos, o que significa mais de 2.000 falecimentos de crianças e adolescentes por causa da doença desde o início da pandemia.

“Assim, esta se torna a doença prevenível com vacinação que mais mata crianças e adolescentes brasileiros, inclusive, ela mata mais do que todas as doenças do calendário infantil contra as quais vacinamos as crianças normalmente”, enfatiza o pediatra.

Portanto, o que se conclui é que, por mais que os números sejam baixos em relação a outros grupos brutalmente dizimados pela doença, é uma estatística que pode ser mudada já que cada vez mais doses de vacinas estão sendo produzidas e disponibilizadas à população.

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4. Meu filho vai ter reações fortes com a vacina? 

Natural temer os efeitos adversos da vacina em crianças, porém, a infectopediatra Adriana Paixão, da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, pontua que a reação apresentada pelos pequenos têm sido semelhantes aos dos adultos. Dor na região, mal-estar e febre são os mais frequentes e tendem a durar entre 48 a 72 horas, passando sem deixar sequelas.

A infectopediatra ainda explica outro medo que surgiu entre os pais: a miocardite, inflamação do músculo cardíaco, que tem sido observado entre poucas crianças e adolescentes. Ela e Kfouri concordam que o efeito adverso é raridade e tende a ser uma consequência mais presente como sequela da Covid-19 do que do imunizante em si. “O risco é por volta de 30 casos a cada um milhão de doses vacinais aplicadas”, pontua o pediatra.

5. Meu filho pode parar de usar máscara depois de tomar a vacina?  

E se decidir por levar o pequeno para tomar a vacina é uma escolha com reflexos importantes no âmbito social, o mesmo vale para a atenção dada ao uso de máscara. “Esta não é uma medida egoísta e individual. Enquanto não tivermos uma cobertura vacinal muito elevada, teremos a circulação do vírus e a partir do momento que sei que posso adoecer novamente conforme o tempo passa por perda de contenção, a decisão de eliminar a máscara precisar passar por uma análise epidemiológica”, defende Flávia.

Como pontua Kfouri, isso significa que a suspensão do utensílio facial não é baseada pelo número de vacinados, mas pelas baixas taxas de transmissão da doença. “Inclusive, a máscara é um benefício que protege de tantas doenças, que ao meu ver esta deveria ser a última medida a ser flexibilizada durante uma pandemia“, completa o especialista.

Logo, mesmo diante da queda de mortes por Covid-19 no país e no mundo justamente reflexo da vacinação, a doença continua sendo de alta transmissibilidade, com variantes, e precisa ser combinada com outras medidas de proteção como a utilização de máscara e a lavagem das mãos.

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