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Internações e mortes de crianças por covid-19 estão diminuindo, aponta SBP

Diferente do que vem acontecendo com os adultos, o mapeamento brasileiro mostrou que a letalidade do vírus em crianças tem sido menor em relação a 2020.

Por Flávia Antunes
Atualizado em 19 mar 2021, 10h53 - Publicado em 18 mar 2021, 15h10

Ao longo da pandemia do novo coronavírus, entidades médicas concordaram que as crianças não fazem parte do grupo de risco da doença. Alívio, mas nem tanto: depois de meses, comprovou-se a possibilidade de quadros mais graves entre os pequenos, como a síndrome multi-inflamatória sistêmica, e outras complicações caso o paciente tenha alguma condição concomitante.

No entanto, de acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), mesmo com o crescimento do número de crianças infectadas em algumas regiões do país – efeito da onda de casos que atingiu os adultos desde o fim de 2020-, constatou-se que as hospitalizações e número de mortes entre os menores estão diminuindo.

O mapeamento, realizado em conjunto pelos Departamentos Científicos de Imunizações e de Infectologia da sociedade, considerou os dados oficiais do Ministério da Saúde sobre o contágio e comportamento da doença no grupo de zero a 19 anos de idade e comparou o panorama desde o começo da pandemia até o início de março de 2021.

Enquanto que, em 2020, crianças e adolescentes dentro da faixa etária analisada representaram 2,46% do total de hospitalizações e 0,62% de todas as mortes, no ano seguinte, os percentuais de internações e casos letais deste grupo foram respectivamente de 1,79% e 0,39%.

“A taxa de letalidade em crianças e adolescentes hospitalizados por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) relacionada à covid-19 foi de 8,2% (1.203/14.638) em 2020, caindo para 5,8% (121/2.057) em 2021”, aponta o documento, assinado pelos médicos pediatras Marco Aurélio Sáfadi, presidente do DC de Infectologia, e Renato Kfouri, do DC de Imunizações.

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Analisando os mesmo dados em um recorte dos menores de seis anos de idade, o panorama também parece ser positivo, já que indica uma redução na proporção de mortes e internações pelo coronavírus. “A tendência de redução de letalidade foi uniforme nos diferentes estratos de idade”, conclui o artigo.

O esperado para os próximos meses

Com os picos nos números de casos sendo registrados no país dia após dia – e muitos estados com a capacidade hospitalar quase esgotada –, o documento alega que é esperado um efeito dominó nos índices da covid-19 em todas as idades. “Desta forma registram-se mais casos, hospitalizações e mortes em números absolutos associados à esta nova situação epidemiológica nas diversas faixas de idade”, diz.

“Entretanto, não há nenhuma evidência, baseando-se na análise dos boletins epidemiológicos do MS, que mostre um perfil particularmente mais grave da doença em crianças e adolescentes em 2021”, afirma o documento.

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“Na realidade, observamos fenômeno inverso, sendo verificada uma tendência de menor proporção de desfechos graves, como hospitalizações e mortes, além de menores taxas de letalidade nas crianças e adolescentes nos primeiros dois meses de 2021 em comparação ao observado no ano de 2020”, finaliza.

Mas atenção: a pesquisa conduzida pelos infectologistas lembra que estamos vivendo, em várias regiões do Brasil, a sazonalidade de outras doenças respiratórias, como o vírus sincicial respiratório (VSR), que impacta nas taxas de hospitalização por Síndrome Respiratória Aguda Grave na pediatria.

Sendo assim, pode haver um aumento nos registros de crianças em hospitais pediátricos, mas não necessariamente associados ao coronavírus. Para ajudá-los a identificar os quadros, veja aqui a diferença entre os sintomas da gripe e do coronavírus em bebês.

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