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Estudo: vacina contra HPV reduz taxas de câncer de colo de útero em 87%

No Brasil, a imunização com a vacina bivalente contra HPV é recomendada para meninas de nove a 14 anos e para meninos de 11 a 14 anos.

Por Alice Arnoldi
Atualizado em 9 nov 2021, 15h38 - Publicado em 9 nov 2021, 15h07

Enquanto os benefícios da vacinação contra Covid-19 começam a emergir, é preciso estar consciente sobre outros imunizantes já desenvolvidos e que possuem resultados importantes para quem mantém sua carteirinha atualizada. É o caso da proteção contra o HPV, necessária para a prevenção contra o câncer de colo de útero, como mostra um estudo recente em que se comprovou a redução em até 87% da taxa de incidência da doença por meio da imunização.

A pesquisa publicada no periódico científico The Lancet, no dia 3 de novembro, analisou a base de dados de evidência do câncer de colo de útero – incluindo sua versão mais agressiva – em mulheres britânicas de 20 a 64 anos, entre os anos 2006 e 2019. No Reino Unido, a vacina bivalente Cervarix contra HPV passou a ser administrada para meninas de 12 e 13 anos a partir de 2008, além do país ter se engajado em atualizar a carteirinha das mais velhas de 14 a 18 anos até 2010.

Descobertas importantes sobre a vacinação

Com a ampla faixa etária imunizada, percebeu-se que quanto mais cedo a vacina for aplicada, maior é a redução nas taxas de câncer de colo de útero. A diminuição das chances de desenvolver a doença foi de 34% para as adolescentes entre 16 e 18 anos, 62% para as de 14 a 16 anos e 87% para as mais novas, de 12 e 13 anos.

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Já quando falamos sobre a incidência da versão mais grave da doença, chamada CIN3, a vacinação é ainda mais efetiva em preveni-la. O imunizante fez com que jovens de 16 a 18 anos tivessem 39% menos chances de desenvolver o câncer, enquanto que esta taxa sobe para 75% entre as de 14 e 16 anos e para 97% entre as de 12 e 13 anos.

“Estimamos que em 30 de junho de 2019 havia 448 menos câncer de colo de útero do que o esperado e 17.235 menos casos de CIN3 do que o aguardado em grupos vacinados na Inglaterra”, destaca o estudo.

Como é feita a imunização no Brasil

O papilomavírus humano (HPV) é uma das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) mais comuns e pode ser potencialmente prevenida com a vacinação. Atualmente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tem dois imunizantes aprovados em território brasileiro: o quadrivalente, que protege o público contra o HPV 6, 11, 16 e 18 e o bivalente, o qual garante proteção contra o HPV 16 e 18.

A implementação apenas da vacina bivalente no Sistema Único de Saúde (SUS) aconteceu em 2014, sendo recomendada para garotas de nove a 13 anos de idade – faixa etária em que há menos contato com o vírus por meio de relações sexuais e o imunizante tende a ser mais efetivo. Três anos depois, adolescentes de 14 anos passaram a ser incluídas na recomendação, além da ampliação da vacina para garotos de 11 a 14 anos.

O Ministério da Saúde ainda informa que o esquema vacinal contra o HPV é composto por duas doses ao ano, em que a segunda é recebida após seis meses da primeira.

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Só que mesmo com o imunizante disponível na rede pública de saúde brasileira, a queda da cobertura vacinal apresentada durante a pandemia também acomete a proteção contra o HPV, como um reflexo do medo de ir aos postos, do alastramento das fake news e do movimento antivacina presente no país. Segundo dados do Ministério, apenas 55% das meninas entre nove e 14 anos tomaram as duas doses esperadas no ano de 2020. O ideal era que este número chegasse a pelo menos 90% para garantir segurança à população.

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