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Entenda as possíveis reações das vacinas infantis e como lidar com elas

Especialistas explicam quais são as principais diferenças entre imunizantes atenuados e inativados e quando suas reações demandam contato com o pediatra.

Por Alice Arnoldi
11 jun 2021, 19h08

Após o nascimento do bebê, uma série de checagens é realizada pelos médicos para saber se está tudo bem com a saúde do pequeno e, a partir dali, começam os cuidados com o sistema imunológico infantil. Isso porque é preconizado que o recém-nascido receba, ainda na maternidade, a vacina da BCG e a primeira dose contra a Hepatite B.

Depois dos primeiros imunizantes, inicia-se a jornada de idas aos postos públicos ou clínicas privadas para atualizar a carteirinha de vacinação. Segundo Lorena de Castro Diniz, coordenadora do Departamento Científico de Imunização da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), as doses aplicadas nos intervalos adequados são importantes especialmente porque, até o primeiro ano e meio, bebês estão mais suscetíveis ao contágio de doenças infecciosas combatidas por meio das vacinas, afinal, seu sistema imunológico ainda está amadurecendo.

Por ser uma extensa quantidade de picadas e também de gotinhas, é esperado que o corpo da criança reaja diante da aplicação dos imunizantes. Entretanto, Lorena explica que os chamados eventos adversos, isto é, sintomas que aparecem desde o momento que foi feito a vacina até 30 dias após aplicação, são raros e tendem a ser divididos pelos dois tipos de vacinas que compõem o Calendário de Vacinação SBIm Criança.

Vacinas atenuadas X vacinas inativadas  

O primeiro tipo de imunizante disponível é o chamado atenuado. “São vacinas em que um agente causador de doença está vivo, portanto, é capaz de infectar quem está sendo vacinado sem causar a doença, mas se reproduzindo no organismo”, esclarece o epidemiologista José Geraldo Leite, do Grupo Pardini.

“Já as chamadas vacinas inativadas contém agentes inteiros ou partículas deles, mas que não se replicam no organismo, ou seja, não infectam as pessoas”, continua o epidemiologista. José Geraldo ainda explica que as vacinas atenuadas precisam ser aplicadas com cautela ou não serem administradas em pessoas que têm deficiência na imunidade, pois podem vir a causar a doença neste grupo, mesmo que os agentes usados estejam atenuados.

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Atualmente, no intervalo de um ano e meio, quando as primeiras doses já foram tomadas pelos bebês, o Brasil possui seis vacinas atenuadas e oito imunizantes inativados, todos disponíveis em UBSs. São eles:

  • Vacinas atenuadas: BCG, Poliomielite Oral (VOP), Febre Amarela, Rotavírus, Varicela (catapora) e Tríplice Viral SRC (sarampo, caxumba e rubéola); 
  • Vacinas inativadas: Hepatite B, Tríplice bacteriana (DTPw ou DTPa), Influenza (gripe), Haemophilus influenzae b (HiB), Poliomielite (vírus inativados), Pneumocócicas conjugadas, Meningocócicas conjugadas ACWY/C e Hepatite A.

Quais são as diferenças entre as reações das vacinas?

Em bebês e crianças com o sistema imunológico desenvolvendo como esperado, Lorena pontua que a principal diferença entre os dois tipos de vacinas é que se houver eventos adversos referentes às atenuadas, eles tendem a aparecer mais tardiamente, ou seja, por volta do quinto dia após a aplicação. Enquanto que, depois de imunizantes inativados, as reações podem surgir logo nas primeiras 24 horas.

Segundo Daniel Jarovsky, infectologista pediátrico do Sabará Hospital Infantil, as reações entre os tipos de vacinas tendem a ser semelhantes e é esperado que passem em até 72 horas (três dias após a aplicação).

Reações comuns:

  • dor local (na região da aplicação) e vermelhidão
  • sonolência
  • perda de apetite ou diminuição das mamadas
  • irritabilidade
  • febre

Uma exceção…

Além da distinção entre os períodos de reações e a duração dos sintomas mais comuns, os especialistas citam um ponto de atenção diante das vacinas atenuadas. Uma reação importante que necessita que o pediatra seja notificado é quando este tipo de imunizante causa uma “versão sutil” da doença, enquanto o organismo trabalha para criar anticorpos contra ela.

Exemplos disso são as vacinas como a de Varicela (catapora) e da Tríplice Viral – responsáveis pelo combate do sarampo, caxumba e rubéola –, que podem causar manchas avermelhadas suaves pelo corpo e precisam ser analisadas pelo médico da criança.

Dicas práticas para amenizar reações

Daniel pontua que as reações locais das vacinas injetáveis tendem a ser bastante toleráveis, entretanto, caso os pais percebam o inchaço e a vermelhidão após a aplicação, é indicado realizar compressa de água gelada. Já para febre e também para dor, paracetamol tende a ser recomendado pelo pediatra, entretanto, nenhuma medicação deve ser administrada sem o acompanhamento médico.

Sobre este assunto, Lorena também enfatiza que não é indicado ofertar dipirona ou qualquer antitérmico antes da aplicação da vacina para evitar a febre. “Isso pode atrapalhar a produção de anticorpos, porque é um anti-inflamatório”, defende a diretora da ASBAI. Portanto, o reforço é de que, ao surgir qualquer dúvida a respeito da vacinação, entre em contato com o profissional da saúde que está acompanhando o desenvolvimento do seu bebê.

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