‘Maid’: 5 reflexões valiosas sobre maternidade que precisam de atenção

A nova minissérie de sucesso da Netflix aborda assuntos necessários como violência psicológica e a relação abusiva que pais e filhos podem ter.

Por Alice Arnoldi
24 out 2021, 14h00
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 (IMDB/Reprodução)
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“Quando penso na casa que quero para mim e para minha filha, ela não é grande ou cheia de coisas. Nosso espaço é um lar porque nós amamos uma à outra dentro dele”. Frases como esta desenham os dez episódios da minissérie “Maid”, da Netflix. A trama foi lançada no dia 1 de outubro e já é a mais assistida da plataforma de streaming, ultrapassando “O Gambito da Rainha”, e não por acaso.

Aos fãs de histórias baseadas em fatos reais, a minissérie é inspirada na autobiografia de Stephanie Land chamada “Superação: Trabalho Duro, Salário Baixo e o Dever de Uma Mãe Solo”. A narrativa revela os percalços enfrentados por Alex (Margaret Qualley), uma jovem de 25 anos, que rompe com o marido Sean (Nick Robinson) e precisa criar sua filha Maddy (Rylea Nevaeh Whittet), de três anos, sem nenhuma rede de apoio e fragilizada por profundas agressões psicológicas.

Ainda que se perceba sutis erros de continuação no roteiro e seja necessário questionar estereótipos (principalmente de raça) que cruzam a história, ela é uma aposta promissora para quem está procurando uma produção intensa e que trará assuntos importantes a serem discutidos diante do exercício da parentalidade.

Aqui, listamos cinco problemáticas sociais que a minissérie traz e que valem um olhar atento para entendermos sua complexidade e conseguirmos construir laços mais saudáveis com os pequenos.

‘Maid’: 5 reflexões valiosas sobre maternidade que precisam de atenção Atenção: pode conter spoilers! ‘Maid’: 5 reflexões valiosas sobre maternidade que precisam de atenção

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1. Violência doméstica não é só física! 

A trama já mostra no trailer que um dos grandes embates da protagonista é a percepção de que ela é vítima de violência doméstica, mesmo que não tenha sofrido nenhuma agressão física.

Quem está do outro lado da tela, revivendo as memórias da personagem junto com ela, percebe com clareza o porquê dela poder ser uma das vítimas que buscam o abrigo destinado a mulheres violentadas dentro de casa. Só que o processo de entendimento da protagonista é longo e não linear.

A cada episódio, vemos as feridas internas de Alex expostas enquanto ela tenta processar que seu parceiro está sendo abusivo ao fazer jogos psicológicos – levando-a a questionar a própria sanidade -, culpabilizá-la por não continuar no relacionamento e tentar controlá-la usando a filha como moeda de troca.

2. O amor de mãe (e pai) nem sempre é saudável

Questionando o amor romântico em que socialmente a maternidade e a paternidade estão inseridos, a minissérie tem uma narrativa importante sobre família nem sempre ser um vínculo saudável e que precisa ser mantido a qualquer custo.

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A jornada de Alex mostra que a criação de Maddy seria mais leve se ela pudesse contar com os avós da garotinha. Inclusive, a protagonista tenta manter os laços familiares apesar dos traumas causados pelos pais. Mas é pela própria pequena que ela percebe que é necessário rompê-los, para que consiga manter-se sã e proporcionar uma história diferente da sua para a filha.

Apenas tenha em mente que perceber isso não é fácil. Como mostra a personagem, reconhecer a influência dos padrões amorosos repetidos pela sua mãe Paula (Andie MacDowell) – que na vida real, é também mãe da atriz protagonista -, assim como as marcas deixadas pela violência cometida pelo pai, são processos carregados de idas e vindas.

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(IMDB/Reprodução)

3. Está tudo bem se afastar da sua família

E é exatamente pelo item anterior que é perceptível que a protagonista faz de tudo, dando até mais chances do que seu emocional suporta, para tentar manter suas figuras de referência por perto. Mas não é possível e está tudo bem, porque mães e pais podem ser tóxicos e acabarem reforçando comportamentos que você não quer que façam parte da maneira de criar seu filho.

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Só que, assim como aconteceu com Alex, a percepção destas relações dolorosas e a decisão de afastar-se delas podem exigir ajuda psicológica especializada. Ela a ajudará a lidar com memórias difíceis, colocar-se em primeiro lugar mesmo diante de ameaças emocionais e construir a sua própria identidade como mãe.

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(IMDB/Reprodução)

4. Mães não devem ser obrigadas a cuidar de todos

Outro estigma social que fragiliza tanto fisicamente quanto emocionalmente as mães é a espera (mesmo inconsciente) de que elas assumam a responsabilidade de manter a família unida e cuide de quem precisar, inclusive dos próprios pais.

Este tipo de expectativa dialoga com o problemático ideal do instinto materno, no qual se defende que toda mulher nasce pronta para ser mãe e disposta a cuidar de todos que estão por perto.

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Como mostra a jornada da protagonista, este tipo de cobrança resulta em um espiral perigoso às mulheres. Ele é responsável pelo desgaste físico, com sobrecarga de tarefas que vão além do seu exercício materno, somando-se às feridas emocionais, já que a mãe pode acabar se sujeitando a circunstâncias abusivas para não decepcionar a família.

5. Romper o ciclo de agressão é uma luta diária 

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Em um mundo perfeito, conseguiríamos entender o que é viver em relacionamentos amorosos e familiares abusivos e não repetir o que foi vivido com os nossos filhos. Mas Alex mostra que as tentativas são carregadas do medo de repercutirmos o que nos foi ensinado como certo. A complexidade da situação lembra, mais uma vez, que está tudo bem pedir por ajuda.

Entre erros e acertos, tenha em mente que você está fazendo o que está ao seu alcance e a consciência é o primeiro passo para desconstruir padrões emocionais. São nas ações do dia a dia que é possível afastar-se da maternidade que você não acredita (mesmo tendo sido criada dentro dela) e abraçar o que faz sentido para você e seu filho.

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