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7 dicas valiosas para desestimular a competição entre irmãos

Especialistas reforçam a importância de pais não compararem os filhos e serem verdadeiros com as mudanças pelas quais a rotina da família vai passar

Por Alice Arnoldi
Atualizado em 5 set 2022, 13h17 - Publicado em 5 set 2022, 13h15
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 (Chanikarn Thongsupa/Raw Pixel)
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Em tempos tão desafiadores, sabemos que a notícia de que um bebê está a caminho traz aquele fio de esperança de que a vida continua. Só que os novos ares também pedem adaptação –  principalmente para os pais que já possuem o primogênito em casa – e planejamento para administrar um sentimentos bastante comum entre irmãos: o ciúmes.

Como explica a psicóloga infantil Roseli Chieco, do Hospital Infantil Sabará, o sentimento pode começar a surgir desde o anúncio da gravidez e com as transformações que ocorrem no processo. “As crianças conseguem perceber que o mundo, a disposição da casa, o corpo e o acesso a mãe estão mudando, assim como as brincadeiras têm que ficar mais polidas por causa da barriga e, a partir disso, podem começar a surgir emoções desagradáveis. A raiva, o ciúmes, o ressentimento e até o medo são algumas delas”, detalha.

O acúmulo destes sentimentos sem a liberdade e a capacidade de expressá-los pode levar a criança a regredir na parte comportamental. “Ela decide abrir mão da autonomia que havia conquistado até então para se identificar com esse bebê tão desejado e querido por todo mundo, voltando a fazer xixi na roupa ou à mamadeira e chupeta, por exemplo”, explica Roseli. Ainda diferente dos adultos, para quem a tristeza tende a vir acompanhada da apatia, no público infantil, é a agressividade que se sobressai.

“É muito comum as escolas relatarem que, com o anúncio ou a chegada do bebê, às vezes, a criança costuma ficar irritada, bater em outros colegas e se distanciar. Exatamente porque esse amigo é a ideia mais próxima que ela tem do que é ter um irmão”, explica a neuropsicóloga Tatiana Serra, idealizadora do Núcleo Direcional – Intervenção e Formação Comportamental.

Sabendo que essas situações podem vir a acontecer entre os irmãos, é possível começar a se precaver ainda na gestação e estar atento a determinados comportamentos e frases no início do convívio entre os pequenos. Com a ajuda de especialistas, listamos alguns deles:

1. Não fale que tudo continuará a ser como é 

Ainda que a chegada do bebê seja sinônimo de alegria para a família, como adiantamos, ela também significa o estabelecimento de uma nova rotina e o primogênito precisa saber disso. Roseli pontua que é fundamental que seja explicado para o pequeno o que vai mudar e como será esse processo de transformação, para que ele possa se reestruturar emocionalmente para essa nova realidade.

Tatiane também lembra que é preciso tomar cuidado com a maneira com que essa novidade será contada. Por exemplo: ainda que os pais gostem de fazer camisetas e dizer que o primogênito foi promovido a irmão mais velho, ele pode acabar associando isso negativamente, ao deduzir que ter outro bebê em casa significa perder o que lhe é importante, como atenção dos pais.

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2. Não compare os filhos

Entre as atitudes mais significativas para não incentivar a competitividade entre irmãos, está a não comparação entre eles. É injusto dizer ao mais velho que o bebê é mais comportado que ele, já que estamos levando em consideração que, enquanto um apenas chora quando está desconfortável, o outro está aprendendo a verbalizar suas frustrações e desejos.

“Isso vai abalar a autoestima da criança e cada ser é único, tem sua individualidade. Então, comparar não é indicado independentemente da fase em que se esteja”, reforça Roseli.

A psicóloga Karin Kenzler, pós-graduada em psicopedagogia, também orienta a não corrigir o comportamento de uma das crianças usando o irmão como parâmetro. “Até porque o desenvolvimento não é linear e igual para todos, e as crianças precisam saber disso, porque elas também se comparam e têm medo de que o outro faça melhor”, relata a especialista.

O objetivo aqui é orientar os pais a olharem separadamente para cada filho, reforçando seus pontos positivos e, assim, construindo uma autoestima sólida e uma relação de possível parceria com o irmão – ainda que esse vínculo passe por percalços, como qualquer outro.

3. Não reprima as frustrações do primogênito

Além das respostas comportamentais, ao ver a atenção dedicada ao caçula, Karin sinaliza que os mais velhos podem acabar dizendo que não querem ter um irmãozinho, se os pais podem devolvê-lo à maternidade e, no ápice da insegurança, perguntam se poderão ficar em casa após a chegada do bebê.

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Só que é preciso entender que nada disso é desamor pelo novo membro, mas reflexo da dificuldade dos pequenos em entenderem seu lugar nessa nova estrutura familiar. “Então, vale a pena sentar, mostrar as fotos dele para que se lembre da sua história e dizer que esses sentimentos acontecem. Não reprimir, mas dar espaço para que as emoções possam ser expressas”, orienta Roseli.

4. Atenção às tarefas pedidas ao mais velho

Outra tentativa de incluir o primogênito nesse processo vivido pelo casal é explicando que ele fará parte dos cuidados com o bebê. Entretanto, se ele é uma criança muito pequena, isso tende ser a prejudicial para ambos. De um lado, o primeiro filho sente que está com mais demandas do que dá conta e começa a ficar ansioso com a situação. Do outro, o recém-nascido tem necessidades que só podem e devem ser supridas por adultos.

“Por mais que sejam coisas positivas e que vão acontecer naturalmente, falar isso faz parecer que será uma situação desgastante”, reforça Tatiana. Portanto, como cita Roseli, o pequeno pode ajudar a escolher uma roupinha, buscar a fralda para a mãe ou acompanhar o banho do bebê, mas é preciso ponderar na balança o que está sendo solicitado ao mais velho.

5. Evite frases sobre como a criança terá que ser

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(Foto: Pixabay – Pexels / Arte: Juliana Pereira/Reprodução)

Karin também orienta pais e familiares próximos a tomarem cuidado com frases como: “Aproveita, que está acabando sua vez!” ou “ih, logo logo, você vai ter que aprender a dividir os brinquedos”. “Eles falam brincando, mas para a criança é a concretização dos receios que ela está tendo”, explica a psicopedagoga.

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Assim, com o nascimento do bebê, estimule a interação e divisão dos brinquedos, mas não a force. Arrancar o objeto da mão do mais velho para dar ao caçula ou dizer que ele tem que emprestar por ser o primogênito tendem a ser que situações que intensificam as inseguranças infantis e estimulam a competitividade entre os pares.

6. Programem-se para terem tempo com o mais velho

Devido à amamentação e à ligação do recém-nascido com a mãe, é comum casais dividirem as tarefas em relação aos filhos. “Mas não é recomendável. Claro que algumas coisas só a mãe pode fazer por esse bebê, mas ficar 15 minutos com o irmão mais velho, por exemplo, é importante para que ele entenda que não perdeu um dos pais“, pontua Roseli.

Karin também defende que, junto com a atenção, os pais podem fazer reforços positivos com elogios, pequenos mimos e brincadeiras que mostrem que ele ainda possui a atenção e carinho da família, estabelecendo assim, um equilíbrio nesta relação.

7. Explique como funcionará a relação com o menor 

Na tentativa de se aproximar desse bebê tão querido e amado pelos pais, o primogênito passa a demonstrar afeto também, querendo segurá-lo ou passando a mão no pequeno. Neste momento, é importante que os pais instruam a criança a como fazer isso, sem empurrá-lo ou dizendo de forma agressiva que não é de tal maneira. Karin explica que isso pode fazer com que o mais velho se sinta rejeitado diante do outro.

O mesmo cuidado vale para não chamar atenção do mais velho quando ele estiver se expressando, para não atrapalhar o sono do mais novo, por exemplo. “Sabemos que o recém-nascido tem plena capacidade de dormir no meio do caos. Ao passo que a criança que está ali, já tem um volume para interagir com a família, ela teria a sensação que está sendo tolhida de alguma maneira e acaba estimulando a competição”, finaliza Roseli.

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