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Como fazer a criança largar a chupeta e o dedo sem traumas

Especialistas explicam que o diálogo continua a ser o melhor recurso para que os pequenos entendam que eles podem se acalmar de outra forma.

Por Alice Arnoldi
27 jul 2020, 17h41

Quem é pai sabe que as redes sociais acabam ajudando muito a solucionar – ou encontrar caminhos – para situações rotineiras com a crianças. Recentemente, uma das imagens que viralizou foi a de uma chupeta cheia de pontinhos pretos, você viu? O intuito era ajudar aqueles que estão com dificuldade para fazer com que a criança deixe de lado o acessório.

Na foto, a chupeta tinha sementes de chia pelas extremidades, dando a entender que eram “bichinhos”. Para causar repulsa ou aflição, a ideia seria que o pequeno largasse o objeto, mas esta associação pode não ser muito saudável para a mente da criança.

Clay Brites, neuropediatra do Instituto NeuroSaber, explica que o primeiro alerta ao fazer uso da chia é físico. “Você expõe a criança a uma situação a qual ela pode eventualmente engasgar ou broncoaspirá-la”, detalha. Em seguida, os cuidados são voltados para o viés comportamental. 

Por que a criança está usando a chupeta?

Para que o utensílio possa ser desvencilhado do pequeno, é preciso que os pais entendam em quais momentos ele está recorrendo a ela e que não se crie o hábito de usá-la como amparo emocional. Um exemplo comum que Clay cita é de oferecê-la quando a criança começa a chorar e os adultos não conseguem contornar a situação.

O mesmo cuidado é reforçado pela pediatra Maria Amparo Martinez, do Hospital 9 de Julho. “A chupeta deve ser usada desde que seja a adequada, da maneira certa e que os donos dela sejam os pais e não a criança”. Isso significa que não é aconselhado que o filho tenha livre acesso ao objeto, fazendo o seu uso em situações que não há necessidade.

Até os dois anos, a chupeta pode ser usada para auxiliar a fase oral do bebê, ajudando a massagear a gengiva que está recebendo os primeiros dentinhos, por exemplo. Após este período, a pediatra explica que é aconselhado tirá-la. “É o momento que a criança muda em termos de compreensão e comportamento, a fase oral diminui e sua atenção e prazeres ficam voltados para outras situações”, esclarece.

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A criança precisa compreender que está mudando

Junto com as transformações que chegam com a chamada adolescência do bebê, a pediatra orienta os pais a fazerem um combo de mudanças. Além de tirar a chupeta, o momento também pode ser ideal para suspender o uso da mamadeira e começar o desfralde.

“As famílias que conseguem fazer isso ao mesmo tempo têm sucesso de praticamente 100%, porque a criança tem a compreensão que ela está mudando de fase e não é mais um bebê. Isso é importante para ela se reconhecer, saber como se comportar e enfrentar os desafios que vêm pela frente”, esclarece a médica.

Vale lembrar que este caminho deve ser trilhado caso o pequeno não esteja passando por nenhuma outra mudança emocional. Por exemplo, se ele está vivendo o divórcio dos pais ou está doente, e os objetos começam a ser tirados no mesmo período, pode ser que isso cause sofrimento e o processo não seja bem sucedido.

O diálogo é o melhor caminho

Com a chegada da faixa etária em que a criança assimila com mais facilidade as circunstâncias, é importante que não se subestime a capacidade dela de um diálogo sincero sobre o assunto com justificativas palpáveis.

Clay cita situações em que ele ajudou seus pacientes infantis a entenderem que eles já tinham dentes e, consequentemente, não precisavam mais fazer uso da chupeta. “E no cérebro infantil, quando você usa recursos de elogio, de motivação, você faz a criança ganhar força para mudar comportamento ou hábito nocivo”, explica o neuropediatra.

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O diálogo também ajuda os pais a entenderem quais são as necessidades da criança que fazem com que ela recorra à chupeta. Maria dá o exemplo de que se o filho busca pelo dispositivo na hora de dormir, a vontade pode ser contornada com carinho, colo e até mesmo leitura de uma história que o pequeno gosta. O objetivo é criar novas associações!

O dedo pode ser mais difícil

Já para as crianças que têm o hábito de chupar o dedo, a situação pode ser mais delicada para conseguir mudá-la. Inicialmente, Clay relata que a atitude tende a acontecer pelo mesmo motivo da busca pela chupeta: o de ter amparo emocional.

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“A criança pode estar passando por uma insegurança, ou há um problema relacional dentro de casa ou ela chupa o dedo para substituir uma possível chupeta”, detalha o especialista.

Maria explica que a primeira atitude para evitar o hábito é sempre que a criança começar a chupar o dedo, os pais intervenham. Entretanto, se ela já acostumou, o caminho é alertá-la quando está fazendo e que seria bom parar, mas sem alterar o tom ou até mesmo estender para uma briga.

Por ser um condicionamento, o pequeno pode acabar fazendo sem perceber. E o processo de mudança tende a demorar mais tempo e funciona melhor quando associado à substituições que envolvam movimentar as mãos.

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Por exemplo, se o seu filho tem o costume de chupar o dedo enquanto assiste um filme, vale tentar dar um bichinho de pelúcia para ele mexer durante a sessão, ou outros brinquedos com texturas diferentes, como bolinhas de apertar e gelecas. Assim, quebra-se o ciclo neurológico de que apenas colocar o dedo na boca é capaz de trazer relaxamento para o corpo.

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