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Tudo o que se sabe sobre amamentação e covid-19 após um ano de pandemia

Especialistas continuam incentivando o aleitamento materno mesmo quando a mãe está com coronavírus ou caso ela tome a vacina contra a doença.

Por Alice Arnoldi
Atualizado em 13 abr 2021, 19h23 - Publicado em 11 fev 2021, 14h27

Se o segundo semestre brasileiro trazia um pouco de alívio com os números de casos de coronavírus mais estabilizados, o fim de ano e início de 2021 voltaram a trazer dúvidas a diferentes grupos sociais, como as lactantes, com a chegada da segunda onda da doença.

As novas cepas do vírus e o medo de transmitir a doença para o bebê caso esteja contaminada fizeram com que mães com coronavírus voltassem a se questionar sobre ser seguro ou não prosseguir com o aleitamento materno. E o posicionamento médico continua o mesmo: sim. “Até o momento, sabemos que o melhor alimento para a criança é o leito materno, mesmo com a mãe com covid. As vantagens da amamentação são muito maiores do que eventual risco de transmissão”, enfatiza Rosana Richtmann, infectologista chefe do Serviço de Infecção Hospitalar do Hospital e Maternidade Santa Joana.

A especialista ainda reforça que, dentro das atualizações de estudos sobre a relação entre a doença infecciosa e amamentação, não há nenhuma confirmação científica sobre a transmissão do SARS-Cov-2 por meio do leite materno.

Protocolos de higiene continuam sendo essenciais

Só que para que o aleitamento materno continue sendo uma fonte segura para o pequeno, é fundamental que mães mantenham as medidas de higiene em prática, especialmente se suspeitarem que foram contaminadas pelo coronavírus.

A pediatra Sophia Gaiarim, da Clínica Mantelli, em São Paulo, explica que os cuidados seguem sendo os mesmos do início da pandemia, como o uso de máscara durante a amamentação e a higiene das mãos antes de posicionar o bebê no seio.

Já quando a mãe testa positivo para covid-19, Sophia lembra que é preciso acrescentar mais uma medida de prevenção que é o distanciamento. Isso inclui até mesmo o posicionamento do berço do filho a um metro de distância da cama dos pais, mantendo sempre o quarto ventilado, para que não haja a possível contaminação por gotículas expelidas através de tosses e espirros que permanecem no ar.

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Vale lembrar que este protocolo também tem sido seguido em maternidades. As instituições médicas defendem que mães e recém-nascidos façam quarto conjugado, mas com atenção para que se tenha o mínimo de distância necessária entre eles quando não estiver acontecendo o aleitamento materno.

Mas e se a mãe optar por não amamentar?

Como pontua a ginecologista e obstetra Carolina Curci, a amamentação é incentivada pelos especialistas mesmo em tempos de pandemia. Entretanto, caso a mãe contaminada não se sinta disposta, segura ou não tenha vontade de realizá-la, esta decisão deve ser respeitada.

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Para contornar a situação, a mãe pode extrair o leite materno por meio de uma bomba manual ou elétrica, congelá-lo corretamente e pedir auxílio para o pai ou para sua rede de apoio na hora de ofertá-lo ao bebê.

Neste momento, deve-se ter o cuidado de oferecê-lo em um copo de vidro, em uma xícara ou até mesmo colher para que não se tenha confusão de bico caso a mulher opte por voltar a amamentar após a doença. Lembrando que a opção por aleitar direto na mamadeira deve ser dialogado pela mãe e pelo pediatra.

O que se sabe sobre a passagem de anticorpos

Após a conscientização de que é possível dar continuidade ao aleitamento materno mesmo com covid-19, outra questão levantada é se o leite materno é capaz de transmitir anticorpos para os bebês após mães se recuperarem da doença.

A dúvida tem fundamento, já que se sabe cientificamente que a produção materna muda conforme o pequeno apresenta quadros infecciosos. “Quando as papilas mamárias percebem que há presença de vírus na boca do bebê, este leite materno é produzido diferente com anticorpos. Isso ocorre porque é o reconhecimento de que ele precisa ter nutrientes para ajudar a criança a enfrentar o momento que está passando”, esclarece Carolina.

Diante disso, estudos começaram a ser realizados por diferentes centros de pesquisas, como foi o caso da publicação no periódico científico iSience, em novembro de 2020. Nele foram analisadas 15 amostras de leito materno, em que oito pertenciam a mães recuperadas que testaram positivo para covid-19 e sete de figuras maternas também curadas, mas que não realizaram o exame comprovando que foram infectadas. Entre os resultados observados no estudo das unidades, 80% do grupo todo apresentou presença importante do anticorpo IgA (Imunoglobina A), que ao ser passado para o bebê estimula o desenvolvimento do seu sistema imunológico.

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Ainda que o resultado do artigo seja uma boa notícia, ele ainda é um dos primeiros passos da descoberta científica, especialmente pelo número limitado de amostras analisadas. Portanto, especialistas reforçam que há indícios da potência do leite materno na proteção do bebê contra a covid-19, mas ainda não é possível afirmar que ele seja um imunizante completo da doença.

E lactantes podem tomar a vacina contra covid-19?

Outra dúvida que tem se tornado frequente entre as lactantes é sobre a necessidade de precisarem pausar o aleitamento materno para receberem a dupla dose da vacina contra o coronavírus, a partir do momento que forem incluídas no calendário de vacinação designado pelo Estado.

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Até o momento, não há uma resposta conclusiva para a questão. A recomendação da FEBRASGO e da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) é de que, assim como acontece com gestantes, lactantes devem discutir seu caso com o respectivo pediatra do bebê para elas possam entender os prós e contras de receber a vacina contra covid-19 nesta fase. Um exemplo disso é o grupo de mais de dez mil grávidas (atuantes na linha de frente) que já foram vacinadas nos Estados Unidos e não apresentaram complicações.

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