Continua após publicidade

Novo estudo alerta para a gravidade dos casos de covid-19 em gestantes

Pesquisadores de Washigton identificaram maior risco de hospitalização e taxa de mortalidade em pacientes grávidas, além de outras descobertas sobre o tema.

Por Flávia Antunes
30 jan 2021, 10h00

Na medida em que o tempo passa, mais pesquisadores se dedicam a investigar os efeitos do novo coronavírus, o que faz com que os achados se aprofundem – e às vezes até façam cair por terra as conclusões anteriores. No comecinho da pandemia, por exemplo, as gestantes não eram consideradas grupo de risco para a covid-19, mas isso mudou quando entidades médicas e especialistas constataram que a chance dessas mulheres evoluírem para quadros mais graves era maior.

Estudos ainda apontaram para a possibilidade da placenta das grávidas infectadas apresentarem alterações e de desenvolverem uma condição chamada de pré-eclâmpsia símile. Em casos muito raros, foi identificada uma relação da doença com um quadro clínico que recebe o nome de CIVD, mas a transmissão do vírus para o bebê que está na barriga da mãe permanece uma incógnita.

E para adicionar elementos a essa conta já complicada, na terça-feira (26) um novo artigo veio para trazer mais dados sobre a infecção da covid-19 por gestantes. Conduzido por médicos do estado de Washington, nos Estados Unidos, ele confirmou que os índices de hospitalização pelo novo coronavírus e as taxas de mortalidade são maiores em pacientes grávidas do que em outros adultos da mesma idade.

Apesar da chance de complicações nessas mulheres já ter sido apontada previamente, os números mostram que o perigo da doença estava ainda subestimado. De acordo com a análise, o risco de morte nas pacientes que aguardam um bebê é 13 vezes maior do a de outros indivíduos na mesma faixa etária, além de serem hospitalizadas 3 vezes mais por conta da doença.

Continua após a publicidade

Ou seja, das 240 pacientes com infecção por SARS-CoV-2, uma em 11 desenvolveu condições críticas, uma em 10 foi hospitalizada e uma em 80 foi a óbito.

E os achados não param por aí: as gestantes internadas por problemas respiratórios apresentaram maior chance de comorbidade ou condições subjacentes, como asma, hipertensão, diabetes tipo 2, doença autoimune e obesidade Classe III; além de que os nascimentos prematuros foram significativamente mais frequentes entre as pacientes com quadro severo ou crítico de covid-19 (45.4% maior em relação às mulheres recuperadas da doença).

Mas as pesquisas seguem…

Ao comparar os resultados por trimestre da infecção, as complicações gestacionais foram semelhantes. No entanto, o número de partos investigados no segundo semestre foi pequeno, o que demonstra uma limitação do estudo. Por este motivo, os especialistas sugerem que novas pesquisas sejam conduzidas identificando o trimestre em que a pessoa foi infectada para determinar se existe um impacto nas complicações, no crescimento fetal e nas consequências nos recém-nascidos, como aponta o estudo.

Continua após a publicidade

“Será importante acompanhar os bebês por vários anos para determinar os impactos a longo prazo do espectro das mães que tiveram covid-19; em particular, o risco de doenças neuropsiquiátricas, como o Transtorno do Espectro Autista“, diz o estudo norte-americano.

Além disso, as conclusões vão no sentido oposto do que se pensava no início da pandemia. “A ideia de que pacientes gestantes estão protegidas da covid-19 é um mito”, alegou a autora do estudo e obstetra da Escola de Medicina da Universidade de Washington, Dra. Kristina Adams Waldorf. A expectativa é que o foco nessa população possa reduzir futuramente as estatísticas de quadros preocupantes e, claro, os óbitos.

“Dedicar maior atenção às pacientes gestantes como uma população com maior risco de desenvolver sequelas por SARS-CoV-2 é fundamental para prevenir doenças e mortalidade materna e neonatal. Esse estudo confirma firmemente a necessidade de oferecer vacina para as mulheres grávidas com risco de adquirir a infecção pela doença e incluir essa população em testes clínicos e outras avaliações empíricas da vacina e terapias para a covid-19″, constataram os estudiosos.

Publicidade