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Estudo: leite materno pode transmitir anticorpos contra covid-19 aos bebês

Cientistas perceberam a presença de 86,1% de anticorpos IgA e 97% de IgG em 504 amostras de leite materno após mães receberem segunda dose da vacina.

Por Alice Arnoldi
Atualizado em 13 abr 2021, 19h14 - Publicado em 13 abr 2021, 18h59

Quanto mais pessoas ao redor do mundo são vacinadas contra a covid-19, maiores são também as descobertas científicas sobre o assunto, já que se ampliam os escopos das pesquisas. Desta vez, a novidade é especialmente positiva para as mulheres que amamentam e estão próximas de receber a imunização contra a atual doença pandêmica.

Em um estudo publicado na revista científica JAMA, cientistas descobriram a presença de 97% de anticorpos contra o coronavírus no leite materno de mulheres que receberam as duas doses da vacina Pfizer/BioNTech, com 21 dias de intervalo, demonstrando a possibilidade de passagem da imunização aos recém-nascidos e bebês que são amamentados.

Para conduzir a análise, pesquisadores estudaram lactantes que faziam parte de grupos que podiam receber a vacina e decidiram tomá-la mesmo não havendo estudos voltados a como o imunizante comporta-se em quem amamenta.

O processo partiu da coleta de 504 amostras de leite materno, fornecidas por 84 mulheres distintas de Israel, acompanhadas entre 23 de dezembro de 2020 e 15 de janeiro de 2021. Para nível de comparação, os cientistas colheram o alimento materno antes das lactantes receberem o imunizante e, em seguida, a partir do 14º dia após receberem a primeira dose da Pfizer, pelo decorrer de seis meses.

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Os resultados observados na pesquisa 

Nesta análise, os cientistas puderam observar o comportamento das amostras de leite materno tanto após a primeira dose da vacina quanto da segunda e o resultado foi surpreendente.

Na segunda semana depois de receber a primeira etapa do imunizante, 61,4% das amostras colhidas mostravam o desenvolvimento de anticorpos IgA contra covid-19, a primeira linha de frente de defesa do organismo do bebê obtida pelo leite materno e que age diretamente contra agentes infecciosos que entram no corpo humano por meio de mucosas. Já na quarta semana, quando a lactante já havia recebido a segunda dose, esse número chegou a 86,1% de incidência.

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Em relação ao IgG, específico para o combate do Sars-Cov-2, os cientistas perceberam que a sua quantidade permaneceu baixa durante as três semanas após a imunização. Mas com a chegada da quarta semana e, consequentemente, da segunda dose, 91,7% das amostras demonstravam a presença do anticorpo. Já na quinta e sexta semanas, este número ficou ainda mais forte, com 97% de evidência.

Na discussão trazida no periódico, os autores afirmam: “Os anticorpos encontrados no leite materno dessas mulheres mostraram fortes efeitos neutralizantes, sugerindo um potencial efeito protetor contra infecção em bebês”.

Só que ainda que as notícias sejam positivas e enfatizem a importância da amamentação, o próprio estudo faz a ressalva de que ele possui limitações e não realizou “nenhum ensaio funcional” – como bebês infectados peloSARS-CoV-2 sendo tratados apenas com leite materno. Portanto, ainda é cedo para afirmar que estes recém-nascidos estejam de fato protegidos completamente do vírus apenas com os anticorpos presentes no leite materno. 

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A necessidade continua a ser que mais estudos clínicos de vacinas e instituições de saúde envolvam lactantes no processo para se ter certeza sobre a proteção diante das mães e seus bebês. 

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