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Como criar filhos independentes e lidar com o tempo longe deles?

Confiar na sua rede de apoio e auxiliar a criança a ter independência são fundamentais para conciliar maternidade com as outras áreas e demandas da vida.

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 28 mar 2022, 15h36 - Publicado em 11 out 2019, 16h34

Recentemente, Deborah Secco contou de um jeito fofo no Instagram que a filha Maria Flor viajou sozinha pela primeira vez com o pai, Hugo Moura. Ele e a pequena, prestes a completar 4 anos, foram ao Chile. “Pensem em uma mãe com os cabelos em pé! O mundo meio que parou quando o Hugo me disse que iria viajar sozinho com a Maria em uma expedição pela neve. A sensação de imaginar Maria longe de mim, tão pequena para a neve, me assustava tanto… “, escreveu a atriz em seu post. 

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Isis Valverde foi viajar sem o filho Rael, e virou notícia por isso. “Eu achei cômico. Por que eu não posso deixar meu filho com o marido? É um pecado, é um crime? Não, né… Sou mãe sozinha?”, comentou essa semana no “Se Joga”, programa da Globo. Pois é, estar longe dos filhos deveria ser algo natural.

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A separação é importante tanto para o filho, que desenvolve sua independência, quanto para a mãe, que não está cometendo nenhuma falha por isso. Só que, na prática, elas ainda acabam sofrendo julgamentos. “Há a cobrança de que a mulher tem que saber tudo o que está acontecendo com a criança, e de que tudo é responsabilidade dela”, destaca Ellen Moraes Senra, psicóloga especialista em terapia cognitivo-comportamental, do Rio de Janeiro (RJ).

A opinião alheia é difícil de mudar, mas há outras tensões na separação, como a própria preocupação com o bem-estar dos filhos e a culpa por não estar por perto. Com algumas estratégias, dá para desapegar numa boa.

Independência é a chave

A primeira delas é criar filhos independentes e seguros. “Desde pequeno, é importante trabalhar isso com a criança, deixar que ela segure a própria mamadeira, coma sozinha, use o banheiro, mas os pais tendem em querer fazer tudo por ela”, ensina Luciana Brites, psicopedagoga do Instituto NeuroSaber, em Londrina (PR).

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O treino deve ser feito aos poucos, com missões condizentes com a idade. Nos bebês, trata-se de estimular a coordenação motora, alcançar brinquedos e segurar o talher. Quando estão mais velhos, guardar os brinquedos, armazenar o próprio lanche na mochila, fazer a lição de casa sozinho e só tirar dúvidas eventuais com os pais.

Como as tarefas acompanham o próprio crescimento, nem sempre serão cumpridas como esperado, e aí os pais tendem a ajudar, por exemplo, quando a criança não alcança o brinquedo ou derruba a comida na mesa.”Vai fazer sujeira? Vai, mas é um espaço educador precioso para a criança, ela precisa fazer esse esforço para desenvolver suas habilidades”, comenta Quézia Bombonatto, psicopedagoga e ex-presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia, atual conselheira da entidade.

Os especialistas comentam que o “fazer pela criança” pode ser prejudicial. “É na facilitação excessiva os filhos se tornam pessoas dependentes, sem autonomia, e isso no futuro faz toda a diferença“, alerta Quézia. Entre os efeitos negativos lá na frente, mais ansiedade, baixa autoestima e outras dificuldades na vida profissional e pessoal.

O papel da rede de apoio e os dias longe

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Assim como é preciso incentivar o pequeno a ser uma pessoa autônoma, ele também deve conhecer desde o início o mundo ao seu redor. “Leve sempre na casa de amigos e parentes, explique onde estão indo, para que ela se acostume com outras pessoas”, ensina Luciana.

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Contar com uma boa rede de apoio faz toda a diferença. “Quando a mãe precisa viajar ou ficar longe do filho, pode sentir uma culpa muito grande, e se ela tem uma rede de apoio, pode ficar mais tranquila, pois sabe que há pessoas que vão cuidar bem dele”, destaca Ellen. Sem a presença materna, o ideal é que a criança tenha uma rotina semelhante à normal, com horários e ordens pré-estabelecidas pelos pais – discordâncias são resolvidas com diálogos e longe dos ouvidos atentos dos pequenos.

Se manter acessível, por videochamadas e ligações também ajuda a criança a perceber que pode falar com você se for o caso. E, sobre o pai, nem precisamos falar, né? “A criança tem um pai, que precisa estar presente, mas para isso também é necessário permitir que o outro assuma responsabilidades”, ensina Quézia. “O importante é ter uma estrutura na família e a presença constante, independente de qual seja a configuração familiar e com qual dos dois fique a criança”, completa. 

Por fim, Quézia faz uma metáfora sobre a criação dos filhos. “Costumo falar para os pais que filhos são como navios, não foram feitos para ficar no porto. Mas, para que ele viaje, é preciso soltar as amarras”. 

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