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Este estudo mostra a influência do bairro no desenvolvimento da criança

A pesquisa brasileira inicia a discussão sobre prejuízos que ocorrem no desenvolvimento infantil quando crianças crescem em bairros violentos.

Por Alice Arnoldi
12 set 2021, 14h00
Mãe-passeando-com-a-filha
 (d3sign/Getty Images)
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Com a pandemia causada pela covid-19, tivemos uma nova perspectiva sobre a importância do que está ao entorno da nossa casa, em especial o contato com as áreas verdes para os pequenos conseguirem diminuir o tempo de tela e aproveitarem a infância, fazendo o que sabem de melhor: brincar. Neste processo, fomos lembrados de que um bairro com boas estruturas ajuda (e muito) no desenvolvimento infantil e é sobre isso que fala o estudo brasileiro “O Bairro e o Desenvolvimento Integral na Primeira Infância”.

O levantamento, encabeçado tanto por pesquisadores da USP de São Paulo quanto de Ribeirão Preto, partiu da ideia de que bairro é todo espaço de 400 a 800 metros de distância da casa das famílias, ou ainda o percurso que pode ser trilhado em uma caminhada de 15 minutos.

Os pesquisadores partiram de dados que mostram que 27,3% das crianças brasileiras de até seis anos viviam em lares precários em 2019 e que, no mesmo ano, 5,12 milhões de domicílios eram periféricos, com 13,6 milhões de pessoas habitando em tais residências. A partir destas e outras análises, eles estudaram três projetos pioneiros de locais que passaram por mudanças para serem ambientes que auxiliam no desenvolvimento infantil integral.

Detalhes sobre os projetos pilotos 

O primeiro local a passar pelas modificações foi a cidade Boa Vista, no estado de Roraima, região norte do país. Calçadas e muros passaram a ter manifestações artísticas, para chamarem mais atenção dos pequenos, assim como pontos de ônibus e praças com brinquedos foram repaginados. Pensando na segurança, os cruzamentos de veículos também ganharam mais atenção.

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Indo para o nordeste do Brasil, o segundo lugar que passou por mudanças foi Recife, capital de Pernambuco. “[Foram feitas] intervenções urbanísticas em praças e nos caminhos percorridos pelas famílias em bairros da capital pernambucana”, destacou o artigo. E por fim, mas não menos importante, o terceiro local a ser modificado foi na cidade de  São Paulo.

De acordo com a pesquisa, houve a atenção voltada para os locais de mobilidade das famílias, garantindo maior segurança em travessias, além do enriquecimento de ambientes com atividades lúdicas e interativas para que os pequenos possam brincar enquanto andam pelo bairro.

Mais violência, menos desenvolvimento…

Ainda que o recorte de transformações seja pequeno comparado a extensão do país, o estudo inicia uma discussão importante sobre a exposição a um bairro perigoso ser sinônimo de estresse tóxico. Tal expressão é usada quando crianças vivem situações desafiadoras com frequência, sem intervenção de um adulto para ajudá-las, causando um sofrimento emocional duradouro.

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“É importante considerar o tempo de exposição à desordem do ambiente e sua intensidade: quanto mais tempo a criança é exposta a um bairro com altos níveis de desordem, maiores são as chances de que seu desenvolvimento seja comprometido”, defende o artigo. Esse prejuízo tende a ser medido por comportamentos externalizantes (como birra, agressões e violação de regras) e também pelas habilidades cognitivas no início da vida escolar.

Só que para além dos ambientes físicos, o levantamento também traz evidências de outras pesquisas, em que há indícios de que a rede social (isto é, a relação entre as pessoas e os recursos disponíveis no bairro) é capaz de amenizar os problemas de regiões violentas, inclusive por meio dessa confiança com a comunidade.

Assim, embora a pesquisa ainda possa ter novos reflexos a respeito das modificações pelas quais os três ambientes passaram e estão passando, este já é um início para que se pense em políticas públicas que levam em consideração a influência dos locais que as famílias estão estabelecidas no desenvolvimento completo dos pequenos.

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