Ao redor do mundo, 25 milhões de crianças estão com as vacinas atrasadas, e o Brasil está entre os dez países que lideram esses números. Foi isso que os dados divulgados no último dia 15 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) apontaram, representando a maior queda vacinal contínua das últimas três décadas.
Essa medição é feita com base na imunização contra difteria, tétano e coqueluche (chamada “tríplice bacteriana”, a DTP3), importante marcador da cobertura infantil. Por aqui, estima-se que 700 mil crianças não tomaram nenhuma dose desse imunizante. A nível global, o número é de 18 milhões na mesma situação.
Quando se observam outras vacinas, a preocupação continua: a tríplice viral (que protege contra sarampo, caxumba e rubéola), a imunização contra a poliomielite e a contra HPV (que protege meninas de terem câncer de colo de útero no futuro) também tiveram quedas significativas, o que acende o alerta para a comunidade médica internacional.
Dados preocupantes
Em comunicado, a oficial de Saúde do Unicef no Brasil, Stephanie Amaral, afirmou que esse cenário demanda atenção. “A preocupação é muito real porque as coberturas vacinais não têm aumentado e tem um sério risco de volta de doenças que tinham sido eliminadas ou que eram raridade”, declarou.
De acordo com o estudo, a queda dos números é consequência de múltiplos fatores, como a grande quantidade de crianças em regiões de conflito e vulnerabilidade, o aumento da desinformação – que tem colocado a eficácia e a segurança das vacinas em xeque sem bases científicas – e os problemas decorrentes da pandemia de Covid-19, com a interrupção de serviços e o desvio de recursos para garantir a imunização contra o novo coronavírus.
Vale lembrar que vacinar as crianças é essencial para a saúde delas e da comunidade, afinal, é assim que se impede o retorno de doenças (muitas delas, graves) já erradicadas, como pudemos observar com os surtos recentes de sarampo.