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Não abre mão de viajar com as crianças? Como fazer isso de maneira segura

Se você vai viajar com os pequenos neste fim de ano e está ciente de todos os riscos da pandemia, veja medidas para evitar uma possível contaminação.

Por Ketlyn Araujo
Atualizado em 11 jan 2021, 16h49 - Publicado em 11 dez 2020, 13h06

De um lado, um aumento significativo no número de infecções por coronavírus no Brasil, com UTIs novamente em estado crítico, festas e comemorações públicas sendo canceladas, estados regredindo para a fase de alerta e uma possível campanha de vacinação que caminha a passos lentos, sem previsão de que crianças e adolescentes sejam imunizados.

De outro, famílias exaustas, pais e mães que passaram o ano todo em casas e apartamentos tentando equilibrar tarefas domésticas e trabalhos formais, e uma necessidade de aproveitar o recesso de fim de ano para espairecer – ainda mais em um 2020 marcado por ensino a distância e mudanças na rotina doméstica.

E, se em julho passado a discussão central dividia especialistas e focava mais sobre ser ou não seguro viajar com os pequenos, a esta altura espera-se que a população esteja ciente dos riscos que corre ao tomar uma decisão como essa: a pandemia não acabou, evitar aglomerações, higienizar as mãos e usar máscara deveria ser hábito consolidado, e vai de cada um pesar sobre o que vale mais a pena a partir de agora.

Entenda o cenário atual

De acordo com dados divulgados pela Associação Internacional de Transporte Aéreo, o número de viagens de avião em 2020 foi reduzido para 66%, graças aos riscos de contágio pela Covid, restrições para a entrada de brasileiros em destinos internacionais e à alta do dólar.

Já um levantamento divulgado pela Booking.com, no último dia 2, revelou que a maioria dos brasileiros planeja tomar maiores precauções relacionadas à saúde e segurança ao viajar no futuro: 77% dos entrevistados, por exemplo, não consideram um problema usar máscara em público nos destinos em que isso é obrigatório, 67% deles esperam que as operadoras de viagem e demais fornecedores de serviço de turismo descrevam em detalhe as medidas de segurança que estão tomando, e 50% dos viajantes concorda que exibir as políticas de limpeza e higiene nos destinos é algo fundamental.

Se você não abre mão de viajar com as crianças no final do ano, porém, não deixe de prezar pela sua segurança e dos familiares. Conversamos com Melissa Valentini, infectologista do Grupo Pardini, e Fabiana Sinisgalli Romanello, infectologista do Hospital São Francisco de Mogi Guaçu, e listamos algumas medidas que podem ser tomadas para evitar uma possível contaminação.

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Antes de mais nada, reúna informações

Se planejar uma viagem, ainda que curta, em condições “normais” já demanda pesquisa e informação, durante uma pandemia esse cuidado deve ser redobrado. Por isso, antes de bater o martelo e definir qual será o destino escolhido, informe-se o máximo que puder e considere todas as dificuldades que podem surgir até chegar ao local e, inclusive, durante a estadia com os filhos.

Reúna opções de locais possíveis, pense sobre quais os problemas que podem ser enfrentados em cada localidade e pesquise sobre a situação em relação à transmissão da Covid-19 em diferentes cidades ou países “candidatos”. Considere regiões que permitam passeios ao ar livre e acomodações que contem com áreas externas espaçosas, monte um roteiro pensando se a intenção da viagem é sair de casa e ficar em um ambiente maior e mais aconchegante, estar em contato com a natureza ou turistar considerando a não-aglomeração e as restrições de funcionamento de atrações e restaurantes. Lembre-se, ainda, de que viagens para locais muito turísticos são comprovadamente de maior risco, ainda mais nesta época do ano.

Cuidado ao escolher o meio de transporte

Como já dissemos anteriormente, viajar de carro apenas com as pessoas que moram com você e optar por distâncias curtas, que exigem poucas ou nenhuma parada com as crianças, é o jeito mais seguro de chegar sem grandes preocupações a um novo destino durante a pandemia. Mas há quem opte por se arriscar em ônibus ou aeronaves, o que envolve ainda mais atenção.

Coloque na balança se você está disposto/a a correr os riscos de viajar de avião, e expor os filhos a este risco. Isso porque as taxas de transmissão do coronavírus em aeroportos e aeronaves são desconhecidas em números, mas vistas como altas. Leve isso em consideração, principalmente ao optar por voos longos e destinos internacionais. Não se esqueça, também, de pesquisar sobre restrições de entrada nos países e necessidade ou não de fazer quarentena ao chegar neles e, ao comprar passagens, escolha aquelas com políticas flexíveis de cancelamento e possibilidade de reembolso devido à pandemia.

Dito isso, ao circular pelo aeroporto use máscara e pratique o distanciamento com quem não está viajando com você, e evite consumir alimentos comprados no local até o momento do voo – para lidar com a fome das crianças, não se esqueça de levar lanchinhos de casa e lavar as mãos antes de comer, claro.

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Já dentro do avião, embora companhias aéreas tenham se adaptado às novas regras sanitárias, vale higienizar superfícies com álcool 70%, manter a máscara no rosto (e no dos pequenos) durante praticamente todo o trajeto e higienizar as mãos frequentemente.

Cuidado extra ao ir ao banheiro da aeronave com as crianças, evitando encostar nos assentos e tocar superfícies, e sempre lavando as mãos com cautela. Ao chegar ao destino após o voo, retire as roupas e os calçados que foram usados e coloque-os imediatamente para lavar. Malas, bolsas e mochilas, bem como outros objetos que também ficaram expostos, como celulares e dispositivos eletrônicos, devem ser devidamente higienizados com álcool 70%.

Dicas semelhantes servem para viagens de ônibus, ainda mais complicadas: “Quanto maior o tempo que se passa em um ambiente fechado, sem ventilação natural e com muitas pessoas, maior é o risco de contágio, e por isso viagens de ônibus são mais problemáticas”, explica Melissa Valentini, que enxerga ainda mais dificuldades quando se viaja com os menores, que ficam menos quietas em um local novo e tendem a tocar objetos, rosto, boca e olhos. Veja aqui um guia completo do uso de máscaras em crianças. 

“Com crianças maiores pode-se conversar, usar máscara de barreira efetiva, como as cirúrgicas e as máscaras N95. Diga que a máscara não deve ser manipulada ou retirada do rosto durante todo o trajeto, e que as mãos devem sempre ser higienizadas com álcool 70%, líquido ou em gel”, completa a profissional.

E a acomodação?

Agora que você avaliou os prós e contras de cada destino e meio de transporte, deve atentar-se às acomodações. Aqui, repetimos, vale a máxima de evitar aglomerações, de modo que escolher uma casa inteira ou apartamento individual, em destinos mais calmos, reservados ou até isolados para ficar com as crianças já ajuda, e muito, a prevenir o contágio.

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Opte por um imóvel no qual você possa preparar as próprias refeições e armazenar alimentos trazidos de casa em vez de precisar fazê-las em áreas compartilhadas, ainda mais por ser nesse momento que o uso de máscaras fica impossibilitado.

Caso você escolha ficar em um hotel, informe-se sobre o percentual de ocupação do local e sobre quais medidas estão sendo tomadas a fim de preservar a saúde de todos, sejam eles hóspedes ou funcionários. Independentemente da acomodação eleita, é preciso avaliar se as áreas de lazer atendem a todos levando em conta o distanciamento social.

No caso das crianças, lembre-se de que o ideal é que elas não estejam em contato com outras, e perguntar como e com qual frequência os brinquedos de uso comum estão sendo higienizados. Garanta que os pequenos fiquem sempre em ambientes mais arejados, higienizem as mãos com frequência e evitem participar de atividades recreativas em grupo ou compartilhar objetos.

Aplicativos especializados em acomodações, como Airbnb e Booking.com, ao longo do ano atualizaram suas ferramentas e políticas de higiene e cancelamento por conta da pandemia, o que facilita na hora de escolher um lugar para ficar. Por isso, não deixe de explorar os filtros de busca presentes nesses apps, que agora contam com informações específicas sobre a Covid e medidas de saúde e segurança em cada local.

Antes de fazer a sua reserva, leia avaliações que outras pessoas fizeram sobre aquela acomodação, pergunte sobre os protocolos de segurança e, se possível, fale direto com o proprietário para tirar todas as suas dúvidas, ainda mais quando a viagem envolve a segurança das crianças. Por fim, opte por acomodações com maior flexibilidade de cancelamento e reembolso, caso a pandemia saia do controle novamente e viagens fiquem ainda mais complicadas.

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Atenção ao ir à praia com os pequenos

Já foi comprovado que, ao ar livre, é bem menos provável que haja uma transmissão efetiva do vírus, mas isso não faz das praias ambientes 100% seguros. Se possível, escolha praias mais vazias ou desertas, em localidades mais calmas e sem aglomeração, nas quais você consiga manter a distância de segurança (pelo menos dois metros) de outras famílias, e dispensar o uso das máscaras na areia.

Escolha levar seus próprios alimentos, bebidas, cadeiras, esteiras e guarda-sóis. Não compartilhe objetos com terceiros, mantenha as crianças por perto e afastadas de novos amiguinhos – sim, sabemos que é complicado, mas o momento pede esta cautela! Higienize as mãos com frequência e não se esqueça também de proteger as crianças contra os raios solares e possíveis doenças de verão.

Se possível, evite entrar em contato com outras pessoas após a viagem

Caso você e as crianças, mesmo tentando evitar, ficaram expostos a ambientes com aglomerações, ou pegaram avião ou ônibus para voltar para casa, o ideal seria que a família se mantivesse afastada de outros amigos e familiares, principalmente de grupos de risco, pelo período de 15 dias após o retorno da viagem. Isso porque o vírus, como já se sabe, pode estar presente no nosso corpo mesmo mediante ausência de sintomas.

Testes rápidos podem ser uma alternativa para quem precisa voltar imediatamente ao trabalho e não quer correr o risco de transmitir a doença, mas devem ser feitos após alguns dias contados a partir da data de retorno. Já se você apresentar qualquer sintoma de coronavírus depois da viagem, isole-se imediatamente e, se os sintomas surgirem antes de ir, tenha a consciência e o bom senso de cancelar os planos.

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