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O que fazer se meu filho tiver sintomas de coronavírus?

Confira o passo a passo de como proceder caso o pequeno apresente sinais da doença - desde os cuidados em casa até quando o hospital é necessário.

Por Flávia Antunes
Atualizado em 25 mar 2020, 11h41 - Publicado em 24 mar 2020, 17h05
 (Juliana Pereira/Bebê.com.br)
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Os casos de coronavírus no Brasil e no mundo não param de crescer. Depois da suspensão das aulas escolares e de várias empresas terem adotado o home office, governos de vários estados decidiram decretar quarentena de 15 dias – isto é, o fechamento do comércio e de serviços não essenciais. As medidas reforçam a importância de a população permanecer em casa o máximo possível para conter a proliferação da pandemia.

Neste momento, a maior preocupação dos pais é com a saúde dos filhos. Por enquanto, o que se sabe é que as crianças são o público menos atingido pela Covid-19, embora possam funcionar como vetores, transmitindo o agente infeccioso para a família mesmo sem apresentarem sintomas – e por isso medidas de higiene e prevenção em casa ganham tanta força.

Porém, mesmo com todos os cuidados no âmbito público e privado, sabemos que ninguém está totalmente imune ao contágio, e é importante saber como proceder caso o baixinho apresente sinais de coronavírus. Primeiro, vale enfatizar que, de acordo com o Ministério da Saúde, 94% dos sintomas em crianças são leves e 25% não têm sintomatologia. Mais um ponto importante a ser levado em conta é que, com o outono chegando, outros vírus com manifestações muito parecidas podem atingir a criançada, como o influenza e o vírus sincicial respiratório (VSR).

1. Como identificar os sintomas?

Sendo assim, os pais devem ter em mente que os sintomas são difíceis de diferenciar, e em alguns casos praticamente indistinguíveis de outras doenças respiratórias. “O que mais se sobressai no coronavírus é a falta de ar. Mas, no geral, a tosse é muito parecida com a da gripe, assim como uma queda do estado geral, uma baixa ingestão de alimentos e coriza (o ‘nariz escorrendo’)”, explica a Dra. Raquel Muarrek, infectologista pelo Emílio Ribas e médica do Hospital Albert Einstein.

Para eliminar algumas suspeitas, os pais podem verificar se as vacinas do filho estão em dia, inclusive a da gripe. Isso minimizará a confusão, inclusive evitando que os responsáveis tenham que levar os baixinhos até o hospital para esclarecer de qual doença se trata. Também é importante checar como anda a vacinação dos outros membros da família.

2. Que médico procurar primeiro?

No caso de sintomas leves, como coriza, tosse e febre, observe a evolução do quadro e entre em contato com o pediatra da criança. Alguns profissionais estão fazendo o atendimento virtual, em ligações de vídeo e monitorando por mensagens de texto. Caso ela não tenha um pediatra e faça o acompanhamento em UBS, oriente-se através do 136 sobre os sintomas, antes de ir ao posto de saúde.

“Enquanto seu filho manifestar estes sinais, mantenha-o em repouso, siga as orientações médicas de hidratação e utilização dos medicamentos sintomáticos prescritos para dor, febre e congestão nasal”, recomenda a Dra. Célia Regina Bocci, pediatra do Sabará Hospital Infantil.

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3. Como cuidar da criança em casa?

Neste meio tempo, em que os sintomas permanecem, mas o estado da criança é estável, é provável que o pediatra vá indicar alguns medicamentos que possam ajudar a aliviar o desconforto. “Os pais podem oferecer analgésicos e antitérmicos, mas não usar ibuprofeno“, recomenda Raquel. “Às vezes é possível administrar algum antialérgico para tratar do estado gripal, da prostração e da coriza”, acrescenta ela. 

“Não existe um tratamento específico para o novo vírus. Por isso, recomenda-se ingestão de líquidos, analgésicos e antitérmicos”, complementa a pediatra.

Lembrando que a automedicação não é indicada e pode piorar os casos, por isso, oriente-se com o médico sempre.

4. Como evitar que outras pessoas da casa fiquem doentes?

Enquanto isso, as medidas de prevenção continuam valendo, e alguns cuidados devem ser tomados para que os demais membros da família não fiquem doentes – apesar de que, de acordo com a infectologista, “é provável que a criança tenha contraído o vírus ou da mãe ou do pai, então todos já estariam em isolamento”.

De qualquer maneira, a estratégia indicada pela médica consiste em segregar o ambiente e reforçar a higienização. “No geral, uma criança vai brincar em vários lugares, porque o estado de saúde não costuma ser grave. Então, onde ela permanecer, deve ser feita uma limpeza com maior frequência – duas a três vezes por dia passando desinfetante no chão, álcool nos móveis ou hipoclorito (cândida diluída) na superfície. Onde estiver a criança, buscar ficar a pelo menos dois metros de distância”, sugere a médica do Hospital Albert Einstein.

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O ideal neste caso é dividir os cômodos da residência, decidindo se o pequeno ficará no quarto ou na sala, por exemplo. No mais, a família deve ser mantida em isolamento, permanecendo em casa o máximo possível, e deve seguir as medidas básicas de higienização, que valem para todos os moradores.

5. Quando levar a criança ao hospital?

Se a criança apresentar prostração, menor disposição para comer, coriza e possivelmente febre, o indicado é que as famílias fiquem observando de casa. No entanto, se manifestar febre persistente e falta de ar, o ideal é buscar assistência médica. Apesar de ser uma situação angustiante para os pais, a médica indica procurar o hospital somente após alguns dias do quadro.

Quando o serviço for necessário, recomenda-se que os pais optem pelas unidades de saúde que estão acostumados a ir – sejam elas UBS ou hospitais particulares. “Nas unidades básicas, já existem lugares para avaliar este tipo de caso. Mais de 13 hospitais do SUS também já fazem essa atuação”.

Segundo a infectologista, quando a criança chegar ao hospital, ela será avaliada pela imagem pulmonar laboratorial e laudo clínico. “Se ela estiver bem, vai voltar para casa. Se apresentar alteração de saturação ou outra queda do estado geral ou até mesmo desidratação – visto que ela tende a reduzir a ingestão de alimentos e líquidos – então o corpo clínico manterá o paciente para hidratá-lo”, comenta Raquel.

6. Quem pode fazer o teste para coronavírus?

Enquanto o teste rápido – cujo resultado sai em torno de duas a três horas, ainda não está liberado – os hospitais estão realizando o chamado teste molecular. Mas nem todos podem fazê-lo. “O protocolo é usar o teste para pacientes com síndrome respiratória ou gravidade com indicação de internação, seja a pessoa adulta ou criança”, aponta a infectologista.

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Quando uma família inteira é sintomática, pode ser que o médico responsável decida colher a amostra de uma das pessoas e avaliar. Porém, a médica ressalta que o teste não é definidor. Por isso, se o baixinho está em situação estável, não é primordial realizá-lo. “Se ele estiver bem, será prescrito que fique em casa em avaliação”, acrescenta Raquel.

A tendência é que os sinais desapareçam naturalmente em alguns dias. “Ainda há pouco conhecimento sobre como o novo coronavírus se comporta na faixa etária pediátrica, visto que são poucos os casos diagnosticados em crianças até este momento. De forma geral, a doença leva de 10 a 14 dias para desaparecimento dos sintomas”, afirma a pediatra Célia.

7. Como é feito o teste?

Recentemente, o Instituto Butantan divulgou um vídeo explicativo com o passo a passo de como funciona o teste. “Recebemos a amostra do paciente, um aspirado nasal (secreção do paciente), geralmente colhido com um material chamado swab – uma haste flexível com algodão na ponta que é introduzida no nariz ou na faringe da pessoa – e depois colocado em um líquido”, explica o pesquisador Renato Astray, no vídeo.

Assim que o material infeccioso, que contém o vírus, chega ao laboratório, ele é catalogado. Em seguida, uma parte desta amostra é retirada para fazer a análise e outra parte é guardada para fazer uma contraprova. “A primeira etapa consiste em extrair o ácido nucleico do vírus, no caso, o RNA. Isso pode ser feito manualmente ou utilizando um extrator, de forma automatizada”, afirma Renato.

Ao final, chega-se ao RNA isolado. A partir dele, é feita uma fita de DNA complementar. Depois, realiza-se a amplificação (multiplicação) de uma pequena parte do vírus, para que se torne detectável por sondas fluorescentes. Quando a fluorescência atinge determinado limiar, o teste é dado como positivo.

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“É um teste muito específico. Como é baseado na sequência genética do vírus, que é conhecida, conseguimos saber que, amplificando aquele pedaço, ele é certamente será próprio daquele vírus”, afirma o pesquisador. O teste pode levar de três a cinco horas para ficar pronto, dependendo da metodologia.

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(Juliana Pereira/Bebê.com.br)
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