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Bebê nasce com anticorpos do coronavírus após gestante ter a doença

O caso aconteceu em Singapura, na Ásia, e o que se sabe até o momento é que o bebê nasceu saudável e protegido da Covid-19.

Por Alice Arnoldi
30 nov 2020, 12h21

As divergências sobre o que se sabe a respeito do coronavírus continuam a acontecer. Desta vez, o caso que chamou a atenção do público foi o da gestante Celine Ng-Chan, de 31 anos, que ocorreu em Singapura, na Ásia. Em maio, ela contraiu a doença, porém, ao dar à luz no dia 7 de novembro, seu bebê não só nasceu saudável, como com anticorpos contra a Covid-19.

Para o jornal local The Straits Times, a grávida explicou que o pediatra do seu filho afirmou que os agentes de proteção da mãe contra a infecção respiratória tinham desaparecido. Mas que eles ainda estavam presentes no recém-nascido. “Meu médico suspeita que eu transferi meus anticorpos contra a Covid-19 para o bebê durante minha gravidez”, completou Celine.

Um caso semelhante aconteceu em junho deste ano, na província de Hubei, na China. Em um exame de pré-natal, a mãe identificada apenas como Xiaoyu testou positivo para a doença, mas estava assintomática. Após dez dias com o coronavírus, os médicos afirmaram que ela estava curada e assim ela seguiu a gravidez normalmente. Entretanto, o bebê que nasceu no dia 30 de maio, veio ao mundo sem a infecção, mas com anticorpos contra a doença.

Casos como estes trazem dúvidas sobre a transmissão vertical da Covid-19 (passagem de mãe-filho ainda na gravidez) e, principalmente, se o mesmo comportamento se mantém em relação aos anticorpos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), ainda não se tem conclusões absolutas sobre tais possibilidades. Mas estudos vêm trazendo luz para como se dá a relação da doença em gestantes.

Resultados científicos importantes

Ainda no meio do ano, pesquisadores do Instituto Nacional de Saúde do Reino Unido tiveram uma publicação importante no periódico The Pediatric Infectious Disease Journal sobre o caso de um bebê britânico que havia contraído a doença três dias após o parto. Inicialmente, a interpretação para situações como esta é de que o recém-nascido foi infectado em seus primeiros dias de vida ao ter contato com a mãe doente ou com profissionais da saúde contaminados.

Só que o recém-nascido foi mantido em isolamento completo após o parto, o que fez com que os estudiosos concluíssem que possivelmente ele havia sido infectado antes ou durante o seu nascimento. No desenvolver do quadro, o bebê apresentou sintomas como coriza e febre baixa, e precisou ficar 18 dias internados, mas saiu estável do hospital. A mãe, porém, acabou mais debilitada com a doença e ficou 31 dias internada – mas também teve alta.

Outra pesquisa fundamental sobre o tema foi publicada no jornal científico Nature, em 14 de julho deste ano. Um bebê nasceu infectado pela doença e levou estudiosos a analisarem as condições gestacionais da mãe. Eles descobriram a presença de “alta carga viral” do SARS-CoV-2 ainda na placenta, confirmando a possibilidade da transmissão vertical, ainda que rara.

As mesmas justificativas da passagem de anticorpos têm sido apontadas pelos especialistas, só que ainda não há nada 100% confirmado. Portanto, o mais importante continua a ser o isolamento social durante a gravidez e os cuidados necessários dentro das maternidades, levando em consideração que todas as gestantes fazem parte do grupo de risco da doença.

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