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Mortalidade materna: quais são as principais causas e como evitar

Saiba o que pode levar a gestante ou puérpera a óbito e entenda a importância do acompanhamento gestacional.

Por Carla Leonardi
31 Maio 2022, 11h20
Na foto, mulher grávida em pé, encostada em parede. É possível ver apenas parte de seu corpo. Usa um top e a barriga está à mostra. Está com as duas mãos sobre ela. Há um filtro vermelho/rosa sobre a imagem, o que impede de ver as cores.
 (Sirirat Noisapung / EyeEm/Getty Images)
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Em 2021, a cada 100 mil nascimentos, 107 mães morreram durante a gravidez ou nos 42 dias seguintes ao parto por alguma causa relacionada à gestação ou agravada por ela. Muitas dessas perdas, no entanto, poderiam ter sido evitadas. Foi isso que afirmou Rodolfo de Carvalho Pacagnella, vice-presidente da Comissão Nacional Especializada em Mortalidade Materna da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, a Febrasgo

A fala de Rodolfo foi em ocasião do Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher e do Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna, ambos comemorados no último dia 28, com o objetivo de reduzir esses números divulgados pelo Painel de Monitoramento da Mortalidade Materna.

Para entender melhor sobre esse assunto, quais são as principais causas e como evitar a morte da gestante e da puérpera, consultamos a ginecologista, obstetra e especialista em saúde sexual Erica Mantelli.

Principais causas de morte materna

É importante reforçar que morte materna é o óbito da mulher durante a gestação ou até 42 dias após o parto, por qualquer motivo relacionado à gravidez ou agravado por ela. Acidentes, por exemplo, não entram nessas estatísticas.

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“As principais causas são hipertensão, que levam à pré-eclâmpsia e à eclâmpsia, hemorragias graves, principalmente no pós-parto, infecções, complicações durante o parto e abortos inseguros”, explica a obstetra.

Erica aponta ainda que, durante a pandemia, houve um aumento do índice de óbitos na gestação por dois fatores. “O primeiro é que as gestantes são um grupo de risco, principalmente devido às alterações inflamatórias decorrentes da Covid-19, o que pode levar a um quadro respiratório muito grave, com infecções pulmonares, além de complicações tromboembólicas. Tivemos muitos casos de partos prematuros, de mulheres com hemorragias e também essas complicações tromboembólicas durante o parto e o puerpério, aumentando assim o índice de óbito”, relata.

Outro problema foi a diminuição do acesso de gestantes às consultas de pré-natal na pandemia, já que, num primeiro momento, diversos serviços de consultas foram fechados. Além disso, muitas grávidas ficaram com medo de sair e se contaminar, deixando de fazer o acompanhamento adequado, o que aumentou muito o risco de desenvolvimento de complicações na gestação.

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Cuidado na gestação: Riscos de gravidez ectópica saiba os sinais
(Karl Tapales/Getty Images)

Relação com o desenvolvimento socioeconômico

“O índice de mortalidade materna é muito importante, pois ele ajuda na avaliação dos níveis de saúde e desenvolvimento socioeconômico de uma região, afinal, reflete a qualidade de atenção à saúde da mulher”, explica a especialista. 

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Segundo ela, taxas muito elevadas de mortalidade materna estão associadas à prestação de saúde insatisfatória – desde o planejamento familiar até a assistência nas consultas de pré-natal, durante o parto e também no puerpério. “Vale lembrar que mais de 90% de todas as mortes maternas ocorrem em países em desenvolvimento, o que demonstra o quanto a assistência à saúde poderia fazer a diferença, principalmente porque estamos falando de causas evitáveis”, alerta Erica.

Grávida-recebendo-vacina
(Emilija Manevska/Getty Images)

A prevenção é o melhor caminho

Sabemos, portanto, que para reduzir a mortalidade materna é crucial que os serviços de saúde sejam melhorados e ampliados, permitindo o acesso de forma simples – por exemplo, no agendamento das consultas – além de facilitar a realização de exames, o acesso a medicamentos e suplementos indicados, e de oferecer um acompanhamento integral.

“O ideal é que a mulher seja acompanhada desde quando planeja se tornar mãe, para que ela engravide em seu melhor estado de saúde, tratando previamente, caso apresente alguma complicação”, recomenda Erica. A especialista reforça ainda a necessidade de equipes cada vez mais preparadas para dar a assistência adequada à mulher no parto e, principalmente, no puerpério, período em que tantas mães ficam desassistidas. “Muitas acabam não voltando mais às consultas, mas ainda há complicações que podem acontecer nas primeiras seis a oito semanas do pós-parto”, explica.

Vale lembrar que os abortos clandestinos e inseguros também refletem nos índices de mortalidade materna, já que há um alto risco de infecção.

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Mulher grávida segurando tigela
(Ikostudio/Canva)

Acompanhamento integral

Em uma realidade ideal, o acompanhamento durante a gestação, o parto e o pós-parto deveria ser assegurado a todas as mães e de forma integral. “Além da equipe médica, a orientação nutricional é fundamental, já que a alimentação faz toda a diferença para a saúde, bem como o direcionamento para a realização de atividades físicas e para a garantia de um sono de qualidade, que seja reparador para ajustar níveis hormonais”, conclui Erica, ressaltando a importância da melhoria das políticas de saúde pública voltadas para a prevenção das mortes maternas que são evitáveis.

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