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Exaustão e tristeza: saiba tudo sobre síndrome de burnout materno

Não ter interesse e ficar mais irritada que o normal em relação aos filhos também são sintomas deste problema. Saiba mais!

Por Raquel Drehmer
Atualizado em 24 Maio 2021, 17h21 - Publicado em 28 set 2017, 06h00
Mãe-trabalhando-em-casa-com-bebê-no-colo
 (Vera Livchak/Getty Images)
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Não é segredo para ninguém que a chegada de um bebê traz, além de um amor imenso, um cansaço sem igual. Pelo menos no início, a rotina precisa ser voltada às necessidades do pequeno – e até mesmo distinguir o que é dia e o que é noite fica meio difícil.

Mas, em alguns casos, o desgaste é muito mais intenso e vem acompanhado de sentimento de exaustão física e emocional, tristeza, ansiedade, apatia, taquicardia, esquecimentos, brigas com o/a companheiro/a e, principalmente, uma falta de interesse combinada com uma irritação maior que o normal no que se refere aos filhos. Estamos diante de um quadro de síndrome de burnout materno.

Do universo corporativo para a maternidade

Originalmente, síndrome de burnout referia-se a um estado de esgotamento profissional – a condição foi oficializada nos anos 1970 pelo psicanalista alemão Herbert Freudenberger, radicado nos Estados Unidos. A abordagem voltada à maternidade começou a ser estudada nos últimos dez anos pela psicóloga belga Moïra Mikolajczak. Seu título de PhD veio de uma pesquisa na qual verificou um alto nível de estresse, semelhante ao vivido no universo corporativo, entre mulheres e homens quando questionados sobre suas tarefas como mães e pais.

“As figuras de referência da criança, geralmente as mães e os pais, iniciam o processo de criação com prazer. Porém, para alguns o trabalho exigido pode ir além do esperado e a sensação de não reconhecimento pode desencadear a síndrome de burnout”, afirma a psicóloga e educadora perinatal Tarsila Leão, fundadora do grupo A Mama.

A psicóloga clínica e perinatal Juliana Benevides acrescenta que o que contribui demais para esse quadro é a potencial sensação de anulamento como indivíduo causada pela criação dos bebês. “A maioria das mulheres é submetida ao esgotamento porque se espera que elas estejam preparadas para serem mães, profissionais e donas de casa. Muitas não dão conta e não têm coragem de externar a dificuldade, pois se sentem constantemente julgadas. Isso vai se acumulando dentro delas e, em um momento, vem a sensação de que a vida está anulada, pois nada que fazem é para elas, não há um momento de ócio. Tudo é para os outros ou para os filhos. Não há mais sentido e prazer naquilo”, explica Juliana.

As crianças também sofrem com a síndrome de burnout materno

Dos sintomas da síndrome de burnout materno mencionados no começo deste texto, o que mais preocupa é a falta de interesse e a irritação em relação aos filhos, porque ele impacta diretamente no desenvolvimento físico, mental e social da criança.

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“Quando os pais estão com alguma limitação ou psicopatologia, como é o caso desta síndrome, suas funções ficam prejudicadas. Eles se exigem mais do que podem e acabam desempenhando um papel contrário àquilo que acreditam ser correto”, diz Tarsila.

Síndrome de burnout materno
(monkeybusinessimages/Thinkstock/Getty Images)

Como dar a volta por cima

Ao identificar em si os sintomas da síndrome de burnout materno, a primeira providência é pedir ajuda. Sabemos que não é tão simples quanto possa parecer, pois, como lembra Juliana, “isso vai contra tudo que a mãe com síndrome de burnout acha que se espera dela”.

O melhor caminho, portanto, é procurar o auxílio especializado de uma psicóloga ou psiquiatra para destravar esse sentimento de culpa. “A mãe precisa se tratar para conseguir ter mais qualidade na relação com o filho e também para evitar que a síndrome de burnout rume para uma depressão. Na terapia, ela conseguirá ver de forma sistêmica o que está acontecendo e ter consciência de que não é normal estar sempre cansada e irritada”, afirma Juliana.

Uma vez trabalhado este aspecto, fica mais fácil recorrer a uma rede de apoio formada por familiares e amigos para contar com o que for preciso e conseguir, finalmente, dedicar-se um pouco a si.

Também é importante lembrar que, ao nos tornarmos mães, não deixamos de ser mulheres. “Precisamos manter nossos relacionamentos e interesses além da maternidade”, defende Tarsila, que continua: “Cuidar do corpo, com exercícios, alimentação e sono adequado, e da mente, organizando uma rotina, mantendo um hobby e mantendo contato com amigos, é essencial para qualquer ser humano”.

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É possível evitar a síndrome de burnout materno

Se você está grávida ou planejando engravidar e já pensando que gostaria de evitar o risco de ter síndrome de burnout materno, saiba que é possível se antecipar ao problema.

“O primeiro passo é ter consciência de que não existe mulher que dê conta de tudo, que abrace o mundo”, explica Juliana. “Dividir as tarefas desde o início, pedir ajuda às pessoas próximas e saber dizer não quando já estiver cheia de atividades e alguém pedir algo a mais são ótimas atitudes para evitar ficar sobrecarregada”.

Tarsila recomenda que a preparação para a chegada do bebê inclua, além de cursos práticos sobre como cuidar dos pequenos (dar banho e trocar fralda, por exemplo), um pré-natal psicológico: “Profissionais como psicólogos, educadores perinatais e doulas ainda são pouco procurados por pessoas que desejam ter filhos, mas eles estão aptos a orientar sobre as novas funções parentais que as esperam”.

Já diz o ditado nigeriano: “é preciso uma vila inteira para educar uma criança”. Lembre-se sempre disto e não tenha vergonha de reconhecer que, assim como toda mãe, você pode precisar de ajuda. Sua saúde mental agradece.

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