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A importância da rede de apoio para o sucesso da amamentação

A participação do pai, a ajuda dos familiares e a assistência dos profissionais de saúde são fatores que interferem diretamente no êxito da prática.

Por Luísa Massa
Atualizado em 1 ago 2017, 18h39 - Publicado em 1 ago 2017, 18h19

Não há como negar: o leite materno é o melhor alimento que o bebê pode receber no início da vida. Ele contribui para o desenvolvimento neurológico, para o fortalecimento do sistema imunológico e ainda reforça o vínculo afetivo entre mãe e filho. “A amamentação ajuda na preparação da musculatura facial que auxilia posteriormente na introdução dos alimentos sólidos“, ressalta Clery Bernardi Gallacci, neonatologista do Hospital e Maternidade Santa Joana, de São Paulo.

E os benefícios também se estendem para as lactantes, já que a prática previne o câncer de mama e de ovário, diminui o risco de fraturas por osteoporose e a perda de ferro. Mas apesar de todas as vantagens, nem sempre as mulheres conseguem levar adiante a amamentação. Muitas vezes, a falta de uma rede de apoio é um dos pontos que interferem nessa questão. Não à toa, o tema escolhido para a Semana Mundial do Aleitamento Materno em 2017 é trabalhar juntos para o bem comum.

Mas como as pessoas que estão ao redor da nova mamãe podem ajudá-la nesse momento? Reunimos abaixo orientações importantes que devem ser adotadas nos ambientes corporativos e seguidas pelo pai da criança, a família, os amigos, os médicos e os enfermeiros.

A figura paterna

(Szeyuen/Thinkstock/Getty Images)

Diferente do que algumas pessoas ainda acreditam, o pai é fundamental no processo do aleitamento materno. E ele pode participar de diversas maneiras, mas a principal delas é estando ao lado da mãe para oferecer todo o apoio necessário durante as mamadas. Segundo a neonatologista do Santa Joana, assumir os cuidados com o bebê – como as trocas de fraldas, os banhos e colocá-lo para dormir – é outro ponto que merece destaque.

Além disso, o papai deve ficar de olho na alimentação da lactante, que às vezes está tão focada na amamentação que acaba não ingerindo os nutrientes necessários. Também vale lembrar que o ambiente calmo é essencial para o êxito da prática. “O stress materno pode bloquear a produção de leite. A mãe pode até estar em um local movimentado, mas ele não pode ser estressante”, reforça Clery Bernardi.

Família e amigos

(LiudmylaSupynska/Thinkstock/Getty Images)

Os parentes comemoram com alegria a chegada do bebê e é comum ficarem ansiosos para conhecerem o seu rostinho. Apesar disso, é fundamental que eles atendam ao pedido da mãe, que em alguns casos prefere que as visitas sejam feitas na maternidade, mas, em outras circunstâncias, opta por recebê-las em casa. Tudo isso porque ela está se adaptando a chegada do pequeno, assim como ele também está se ajustando ao novo ambiente.

“É extremamente importante que a família e os amigos apoiem a mãe, proporcionando uma situação favorável para que ela consiga amamentar de forma tranquila. Eles também podem ajudar nos afazeres domésticos para que ela possa alimentar o seu filho com calma”, orienta a médica. De fato, propor lavar a louça suja e trazer uma comida quentinha são algumas medidas que auxiliam – e muito – a nova mamãe.

Na hora de dar o peito para o filhote, ela deve escolher o lugar que se sentir melhor. “A mulher tem que estar bem, segura e ter a percepção de que amamentar é uma integração total dela e do bebê. O que a gente vê na prática são algumas situações em que os familiares começam a dar alguns palpites leigos, que podem acabar prejudicando”, destaca a neonatologista de São Paulo. Por isso é importante filtrar os comentários e sempre seguir as orientações dos médicos.

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Profissionais de saúde

(Wavebreakmedia Ltd/Thinkstock/Getty Images)

A mulher deve ser informada sobre a amamentação ainda na gravidez, nas consultas que realiza com o ginecologista e obstetra que a acompanha. Durante os nove meses, ela poderá esclarecer as questões que surgirem. “É importante realizar no pré-natal o diagnóstico das mamas. O médico avisará se for necessário fazer algum preparo, além de introduzir o assunto antes do nascimento do bebê”, reforça Clery.

Depois que o pequeno chegar ao mundo, algumas dificuldades podem surgir nos primeiros dias de aleitamento materno. A pega do bebê, por exemplo, é uma questão que às vezes demora um pouco para ser ajustada. Mas com paciência e assistência de profissionais competentes tudo tende a se resolver. Também vale a pena entrar em contato com instituições que oferecem serviços para ajudar as lactantes que, por motivos diferentes, estão passando por complicações.

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“O papel do pediatra dá continuidade ao do obstetra e auxilia as mães, tirando as dúvidas que inevitavelmente vão surgir no começo de vida dos bebês. Depois que passa o primeiro mês, a gente percebe que elas ficam mais seguras e tranquilas. Mas é claro que cada caso é um e deve ser avaliado individualmente”, pontua a médica. Se for necessário, as famílias também podem buscar a ajuda de consultoras de amamentação.

Ambiente de trabalho


(Pilin_Petunyia/Thinkstock/Getty Images)

A Organização Mundial de Saúde recomenda que a amamentação seja exclusiva nos primeiros seis meses de vida e complementada por outros alimentos até os dois anos ou mais. Mas o que fazer quando o recesso garantido para a maioria das mulheres que trabalha em empresas privadas é de apenas quatro meses?

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“Segundo dados da OMS, cada mês de licença-maternidade reduz 13% a taxa de mortalidade infantil. Então é muito válido a mulher conseguir ficar em casa nos primeiros seis meses para amamentar o seu filho“, ressalta a neonatologista da Maternidade Santa Joana.

Apesar dos benefícios, sabemos que nem sempre é possível seguir esse conselho. Por isso é importante que o ambiente corporativo ofereça condições favoráveis para que as funcionárias possam extrair o leite materno com tranquilidade e armazená-lo com segurança.

Por lei, enquanto estiver amamentando, a mãe também tem o direito de sair uma hora antes do expediente. Mas muito importante que o ambiente corporativo incentive o aleitamento, pois além de fortalecer a saúde do bebê e da mulher, essa prática também contribui para construir um mundo mais sustentável. No fundo, todos saem ganhando.

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