A vitamina C é vital para funções importantes do corpo, tais como a produção de colágeno, a absorção de ferro e a manutenção do sistema imunológico. “É um nutriente que não pode ser produzido pelo organismo. Portanto, deve ser ingerido através da alimentação – ou de suplementação”, explica Paula Molari Abdo, especialista em Atenção Farmacêutica pela Universidade de São Paulo (USP) e membro da Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais (ANFARMAG).
Para que serve a vitamina C?
Os benefícios são inúmeros. Uma das principais funções é o reforço do sistema imunológico. “Ela age aumentando a produção de glóbulos brancos, que combatem infecções e doenças”, pontua Paula. A vitamina C também é um antioxidante poderoso. Isso significa que ela ajuda a proteger o corpo contra danos celulares. Além disso, tem propriedades anti-inflamatórias. “Pode ser particularmente benéfica para doenças crônicas como a artrite reumatoide”, ressalta a especialista.
No período da gestação, o nutriente é fundamental para a formação de tecidos, como a placenta, e para o desenvolvimento adequado do bebê. “Ele tem papel importante na absorção de ferro do organismo, mineral que é indispensável para a prevenção de anemia durante a gravidez”, acrescenta a farmacêutica.
A deficiência de vitamina C poderia implicar no aumento do risco de complicações, como a pré-eclâmpsia, condição que eleva a pressão arterial. Em último caso, é possível que a carência grave do composto cause a doença rara chamada escorbuto, “que está associada a hemorragias e à dificuldade de parar sangramentos”, pontua Marina Levy, ginecologista e obstetra pela clínica Parto com Amor.
Grávidas devem tomar vitamina C?
Na gestação, a suplementação do nutriente, na maioria dos casos, não é necessária. “Isso se a gestante estiver seguindo uma dieta equilibrada e consumindo uma variedade de alimentos ricos em vitamina C”, diz Paula. Quando a grávida já está ingerindo principalmente frutas cítricas – como limão, laranja e acerola -, frutas vermelhas (sejam elas morangos, framboesas, amoras…) e verduras verde escuras, não há necessidade de adicionar doses.
Por dia, o recomendado é que seja consumido cerca de 85mg de vitamina C para grávidas entre 19 e 50 anos, e 120mg para lactantes. A avaliação da carência é individual, feita sob orientação médica. “Há casos em que a gestante tem uma dieta pobre em frutas e verduras com o nutriente. Diante disso, ela irá apresentar alguma deficiência a ser detectada em exames laboratoriais, por exemplo”, explica a farmacêutica.
Em geral, as mulheres portadoras de doenças crônicas (renais, celíacas, diabetes…) são as que têm a absorção do nutriente afetada. A paciente com restrição alimentar ou que passou por procedimentos importantes, como uma cirurgia bariátrica, também precisa fazer uma avaliação. “Vamos checar se os níveis da vitamina estão adequados”, diz Marina.
É fundamental também ressaltar que a vitamina C é sensível ao calor e à luz. Sendo assim, a quantidade do composto presente nos alimentos pode diminuir com o cozimento e a exposição à luminosidade. “Por isso, é recomendado consumir os vegetais crus ou cozidos de maneira suave”, alerta Paula.
O excesso de vitamina C na gravidez
A suplementação do nutriente deve ser feita apenas com orientação médica, uma vez que altas doses podem ser prejudiciais para a mãe e para o bebê. “A vitamina C é hidrossolúvel [se dissolve em água], portanto, a chance de uma intoxicação é muito baixa. O que acontece se há ingestão excessiva é que ela vai acidificar a urina”, pontua a obstetra.
O aumento da acidez no xixi pode intensificar o risco de problemas renais, como o surgimento de cálculos, que já é elevado durante a gestação. “É muito raro isso acontecer apenas pela alimentação”, diz Marina. Sendo mais frequente quando há suplementação através de comprimidos ou fórmulas, como a vitamina C efervescente, por exemplo.