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Caso Nanda Costa: por que a pré-eclâmpsia é perigosa para mãe e bebê

Comum após a 20ª semana de gravidez, a condição pode levar ao comprometimento de múltiplos órgãos da mãe e um possível parto prematuro do bebê.

Por Alice Arnoldi
24 nov 2021, 11h37
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 (@nandacosta/Instagram)
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Ainda que a gravidez seja um momento precioso para a família, os relatos honestos sobre possíveis problemas que podem se desenrolar durante os nove meses da gestação são importantes para alertarem outras mães. A atriz Nanda Costa tornou-se um exemplo disso quando contou que deu à luz gêmeas Tiê e Kim às pressas, após ter sido diagnosticada com pré-eclâmpsia.

“Tive uma gravidez tranquila, nunca me senti tão bem em toda minha vida. Mas, de repente, minha pressão subiu, meus rins começaram a parar e, com 35 semanas e três dias de gestação, precisamos antecipar o parto. Pré-eclâmpsia!”, contou a artista nas primeiras fotos que compartilhou do nascimento das filhas.

Nanda ainda relatou que Kim foi a primeira a nascer, com 1,8 kg, precisando ficar na UTI Neonatal para ganhar peso. Já Tiê veio ao mundo com 2,22 kg e pôde ir para o quarto junto com a mãe. “Quanto a mim, fiquei internada uma semana para controlar a pressão e me recuperar. Nasci mãe no susto e “padecer no paraíso” nunca fez tanto sentido. Tive que me dividir entre quarto, UTI e passagens pelo lactário para tirar leite e alimentar a pequena Kim, que chegou a 1,6 kg”, completou a artista em seu post.

Enquanto a atriz e a filha Tiê receberam alta cinco dias após o parto, Kim permaneceu internada até chegar aos dois quilos, o que aconteceu 30 dias depois do seu nascimento. Devido a pressão alta, Nanda acabou voltando a ser internada um dia após a alta que havia recebido, só que desta vez na UTI, até estabilizar. Agora, ela já está em casa e passa bem com as filhas nos braços. No entanto, a dúvida que ficou com o seu alerta foi: o que é a pré-eclâmpsia?

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Entenda esta condição

O obstetra Renato Sá, chefe de obstetrícia da Perinatal Rede D’Or, no Rio de Janeiro, explica que a pré-eclâmpsia é uma condição específica da gravidez, em que há o aumento da pressão arterial (acima de 140/90 mmHg) e observa-se a presença da proteína albumina na urina da mãe após a 20ª semana da gestação.

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Para o diagnóstico da paciente, Luciana Delamuta, ginecologista e obstetra pela USP, explica que além da análise da pressão após o período indicado, o médico que está acompanhando a grávida também perceberá inchaços além do esperado e pedirá um exame de proteinúria, o qual tende a dar alterado nos casos de pré-eclâmpsia.

Ok, mas por que a pré-eclâmpsia ocorre?

Os dois especialistas pontuam que ainda não se sabe o exato motivo que leva à pré-eclâmpsia, mas já se entende o que acontece com o organismo materno para ocorrer o desenvolvimento da condição. “A placenta, quando está se formando, invade os vasos sanguíneos do útero e faz com que eles não fiquem mais tão grossos, o que vai reduzir a resistência vascular e consequentemente a pressão arterial de uma forma geral”, explica Luciana.

“Só que na pré-eclâmpsia, essa invasão que ocorre durante a formação da placenta acontece de uma forma inadequada e, por isso, as artérias continuam muito resistentes e ocorre o aumento dos níveis pressóricos (comprometendo a pressão arterial) com o avançar da gestação”, completa a especialista.

Sim, existem fatores que aumentam as chances

Como em outros quadros gestacionais, o aparecimento da pré-eclâmpsia tem ligação direta com o histórico familiar. Caso a mãe ou a irmã da grávida tenha desenvolvido a condição durante suas gestações, as chances são maiores desta mulher também enfrentar o problema. O mesmo vale se estivermos falando de uma segunda gravidez em que a primeira foi marcada pela pré-eclâmpsia.

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Assim como aconteceu com Nanda Costa, outro fator de risco para o surgimento da condição é a gestação de gêmeos. Destaca-se também viver a gravidez em idade materna avançada (acima de 35 anos), ser obesa, diabética ou já possuir caso de hipertensão antes de engravidar.

Os riscos para gestante e para o bebê

A condição é tida como a principal causa da morte materna no Brasil e não por acaso. “Na mãe, a pré-eclâmpsia pode acometer o fígado, rins, o sistema de coagulação e o cérebro, levando ao comprometimento de múltiplos órgãos”, esclarece Renato. Ainda em relação as alterações cerebrais, Luciana cita o desenvolvimento da eclâmpsia em si, que “é quando acontecem convulsões decorrentes deste aumento súbito da pressão arterial em pacientes que têm a pré-eclâmpsia”, como informa a especialista.

Já em relação ao bebê que está em desenvolvimento, a prematuridade é a principal consequência da condição. “A pré-eclâmpsia pode levar a restrição de crescimento do bebê por causa da alteração placentária, em que não há tanto sangue entrando no órgão e consequentemente diminui-se a nutrição do feto. Pode ser necessário resolver o parto antes do tempo, fazendo com o bebê nasça prematuro”, detalha Mariana Rosario, também ginecologista e obstetra.

O tratamento adequado para contornar a condição

A especialista indica que a melhor forma de evitar a pré-eclâmpsia seria uma preparação adequada do organismo feminino antes da gestação, fazendo com que ele estivesse o mais saudável possível para o desenvolvimento do bebê. Entretanto, se isso não for possível e o diagnóstico da condição acontecer, há como controlar.

Mariana pontua que o tratamento é amplo e variável de acordo com cada paciente. Tende-se a usar anti-hipertensivos combinados com exercícios (quando possível) e uma dieta balanceada, além do especialista procurar pela causa que levou à pré-eclâmpsia. Portanto, diante de qualquer suspeita da condição, converse com o médico que está acompanhando sua gravidez, assim ele indicará qual o melhor caminho a ser trilhado pelo bem da sua saúde e do seu bebê.

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