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Fabi Santina: “Hoje, nossa decisão é que Gigi será filha única”

A influenciadora conta como lida com os julgamentos na internet e diz que ela e o marido estão cada vez mais determinados a não ter outros filhos

Por Da Redação
3 set 2023, 11h00
colagem com fotos de uma bebê, uma mulher e um casal em um fundo colorido
 (Fotos: Instagram | Arte: Anamaria Sabino/Bebê.com.br)
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Uma barriga de grávida ou um bebê no colo podem ser suficientes para que qualquer pessoa, mesmo sendo uma total desconhecida, se sinta à vontade para tecer comentários e julgamentos, ainda que não tenha sido perguntada sobre absolutamente nada. Quando o dia a dia da sua maternidade está na internet, exposto quase diariamente para quase 2 milhões de pessoas no YouTube e mais outros tantos milhões em outras redes sociais, essa possibilidade se amplia de maneiras inimagináveis. Que o diga Fabi Santina!

A influenciadora, podcaster e escritora de 30 anos já mostrava sua rotina antes de engravidar de Giovana, de 1 ano e 9 meses, fruto de seu casamento com o apresentador Leandro Munhós. Quando se tornou mãe, segundo ela, sabia que compartilharia também essa fase tão importante da vida. “Só não imaginei que seria tanto”, diz. Dividir momentos e acontecimentos importantes da maternidade tem suas vantagens, como as trocas de experiências com outras mães, mas também existem as partes difíceis, como as críticas, os julgamentos e algumas mensagens nada sensíveis.

“Nos pós-parto, recebi comentários dolorosos sobre meu corpo”, lembra. Isso tudo no puerpério, que, por si só, já é uma fase complicada. Fabi também já precisou lidar com críticas sobre a maneira como decidiu fazer a introdução alimentar e até sobre a aparência da filha!

Em uma entrevista exclusiva ao Bebê, a influenciadora conta como reage a tudo isso, fala sobre os perrengues e as delícias da maternidade e revela por que mudou de planos e não pretende ter mais filhos, depois de recordar o sofrimento da perda gestacional que enfrentou no início deste ano. Leia o bate-papo a seguir!

Diferente de muitas influenciadoras do mundo materno, você já era produtora de conteúdo antes de ser mãe. Falar sobre maternidade foi um caminho natural?

Fabi Santina: Sim, foi supernatural, porque eu já estava há muitos anos na internet, compartilhando meu cotidiano. Eu imaginava que um dia passaria por esse momento de ter filhos e que também mostraria isso. Só não imaginava que meu conteúdo acabaria migrando tanto para o assunto de maternidade.

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mulher sentada no chão com uma criança ao seu lado. Ambas usam roupas iguais e óculos esculos
Fabi Santina e a filha, Gigi (@fabisantina/Instagram)

E como isso influencia a sua maternidade?

Essa troca que eu tenho com meu público é muito importante para o meu maternar, sem dúvida. É uma forma pela qual consigo desabafar. Além disso, tenho certeza de que ajudo muitas pessoas por meio do meu conteúdo. Não só no sentido de outras mães não se sentirem sozinhas, de se identificarem com uma maternidade como a minha. Mas também no sentido de dar dicas do que já vivenciei e de aprendizados. Querendo ou não, é uma via de mão dupla. Ao mesmo tempo em que estou ajudando, recebo uma dica aqui e outra ali… Mas também tem uma influência para o lado negativo. Como exponho bastante da minha maternidade, recebo muitos palpites de todo mundo que está ali, assistindo ao conteúdo. E nem sempre são comentários construtivos.

Você se lembra de quais foram os momentos mais desafiadores de ser mãe sendo influenciadora?

O ônus de compartilhar muito da minha vida na internet está nos palpites e comentários alheios e na forma como isso pode acabar prejudicando. Por exemplo, no puerpério, que já é um período em que você está muito frágil, muito sensível e suscetível a se magoar com críticas e julgamentos. Recebi certos tipos de comentário que foram dolorosos, foram difíceis, sobretudo em relação ao meu corpo, do tipo “nossa, ainda não emagreceu depois que teve filho?”. Não era algo que me preocupava, meses após o nascimento da minha filha, mas era algo que as pessoas falavam muito. Outro momento foi a introdução alimentar da Gigi. Eu já estava um pouco insegura, porque são muitos caminhos para seguir. Conversei com o pediatra, mas aí tem BLW [Baby Led Weaning, quando o bebê pega os pedaços de comida com a mão, em vez de comer papinha]Com o pouco que comecei a mostrar da IA, já passei a receber enxurradas de comentários de pessoas falando para fazer assim ou assado, que isso estava certo, aquilo estava errado. Fiquei nervosa, muito tensa. Então, decidi não compartilhar mais sobre o assunto. Resolvi fazer do jeito que eu achava certo.

Outra situação aconteceu logo nos primeiros meses de vida da minha filha. Ela era bem pequenininha e as pessoas mandavam comentários como: “Nossa, como ela é cabeçuda”, “A cabeça dela é grande: é normal?”. Isso foi começando a me incomodar e a me preocupar. Conversava com o pediatra e ele dizia que estava tudo dentro das medidas esperadas. Porém os comentários eram muito frequentes e eu insisti. Ele sugeriu que, se eu quisesse tirar a dúvida, poderia marcar uma consulta com o neurologista. Acabei fazendo isso. Olha como os comentários podem mexer com a gente! Fizemos tomografia nela, bebezinha, pequenininha, e não tinha nada. O crescimento estava totalmente dentro do previsto.

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Algo que decidi compartilhar só depois foi a questão do atraso da Gigi para engatinhar e rolar. Fui atrás da fisioterapeuta e descobrimos que ela tinha um torcicolo. Soubemos também que tinha a língua presa e que precisávamos fazer o corte. Resolvi não contar nada disso naquele momento, porque eu estava meio abalada. Queria esperar ter uma resolução. Só depois, quando tudo estava resolvido, decidi compartilhar. Fui aprendendo com o tempo.

Quando uma mulher tem filhos, as pessoas já se sentem muito à vontade para cobrar e julgar essa maternidade. Para você, como uma pessoa pública, isso talvez seja ainda mais evidente. Como lidar com a questão?

Por estar há muitos anos nas redes sociais, fui aprendendo a lidar com esse tipo de comentário e com os julgamentos ao longo do tempo. Só que, quando entra no âmbito da maternidade e, principalmente, quando falam da minha filha, aí sim, isso toca pesado lá no fundo. Evito ao máximo responder, não dou palco. Sofro quando são coisas relacionadas à minha filha ou quando é alguma situação com a qual já não me sinto segura. Se recebo comentários nesse sentido, eles me afetam. Mas, de modo geral, eu meio que relevo e não perco muito tempo, não.

Você sempre quis ser mãe? Qual foi a primeira coisa que passou pela sua cabeça quando engravidou? 

Sim, sempre quis ser mãe, mas não era algo que “nossa, o que eu mais queria na vida era ter filho”. Fazia parte do meu planejamento. Eu namorei, estou com meu marido desde os meus 15 anos, então, todo mundo sempre falava disso e eu jogava muito para frente. Pouco antes de nos casarmos, em 2019, parece que virou uma chavinha dentro de mim e eu percebi que estava pronta. Esperamos o casamento, veio a pandemia, esperamos mais um pouco e, depois, decidimos engravidar – sem imaginarmos muito o depois. Então, na hora em que vi o positivo, fiquei muito feliz, mas, ao mesmo tempo, pensei: “E agora? O que eu faço? Vou para o médico? Com quem eu falo?”. Um mix de felicidade com desespero.

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mulher gravida, diante de uma cortina branca. Ela está em pé, de lado e com as mãos na barriga
Fabi Santina durante a gravidez de Gigi (@fabisantina/Instagram)

Quais foram, até hoje, os maiores perrengues da maternidade para você?

Sem dúvida, em primeiro lugar, a privação de sono nos meses iniciais. O primeiro mês, para mim, foi surreal, porque junta pós-parto, pós-operatório da cesárea, você já está ali, toda dolorida, com a amamentação. E, aí, a criança acorda toda hora para mamar, não dorme, chora e você não sabe o que fazer… Para mim, foi o maior perrengue de todos. O início da amamentação, nas primeiras semanas, foi um “perrengão”. Eu sabia que poderia ser difícil, mas, ao mesmo tempo, não imaginava a dor que poderia sentir. Fora isso, meu parto. Tive uma hemorragia grave e fui parar na UTI. Era algo que eu não imaginava.

Como é sua rotina com a Gigi? O que você não abre mão de fazer todos os dias com ela e por quê?

Acordamos cedo, levantamos e tomamos café da manhã. A Gigi passa bastante tempo na escolinha. Normalmente, tento ter uma horinha com ela todos os dias no período da manhã, para realmente sentar, brincar, interagir. À noite, depois de buscá-la na escola, faço toda a rotina noturna. São raras as exceções. Todos os dias, busco na escola, dou o jantar, o banho, brinco e faço dormir. Não abro mão de ter um momentinho com ela, de estar realmente conectada, sem celular, sem TV, sem distrações. Converso muito com a Gigi. Isso é bem importante para mim.

E qual “função de mãe” você não desempenharia, se tivesse escolha? Com sinceridade: qual é a parte mais chata da maternidade para você? Por quê?

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Nossa, difícil! Olha, trocar a fralda não é uma coisa muito legal, mas, ao mesmo tempo, eu gosto. Não, gostar é mentira, não gosto. Mas, às vezes, acho importante. Mesmo quando tenho a possibilidade de pedir para outras pessoas fazerem isso, pelo menos uma vez no dia tenho que trocar a fralda para ver como está, sabe? Se não está assada, como está tudo ali. Lógico que, normalmente, troco muito mais do que uma vez ao dia, mas ela passa bastante tempo na escola.

Outra coisa que exige bastante de mim hoje é fazê-la dormir, porque ela reluta muito. Isso me tira do sério, acaba me estressando, me desestabilizando. Então, se eu pudesse não fazer essa tarefa todos os dias, escolheria isso. Ao mesmo tempo, tem aquela famosa coisa de mãe: eu me sentiria culpada se não a colocasse na caminha pelo menos de vez em quando.

Qual é a parte mais legal de ser mãe? Por quê?

Ai, a parte mais legal de ser mãe é um amor surreal, que é indescritível. Ele cresce muito a cada dia. Se eu não tivesse uma filha, não conseguiria nem imaginar esse amor, não existe igual. Toda troca que há entre nós é uma conexão muito forte!

Você costuma falar bastante de viagens com crianças, contando dos passeios que faz com a Gigi. Já passou por apertos em viagens com ela? 

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Temos feito cada vez mais viagens com ela. No começo, fiquei bem medrosa, não só em relação à viagem, mas a tudo. Desde que ela nasceu, era medo de sair. Como eu ia amamentar na rua? Como eu daria conta? Depois, começou a introdução alimentar. Como vou levar tudo isso de comida? Porém, aos poucos, fui criando coragem, fazendo uma viagem aqui, outra ali, até que, no começo do ano, em janeiro, quando ela tinha 1 ano e 2 meses, ficamos trinta dias em Orlando, nos Estados Unidos. Foi um mês fora de casa, totalmente fora da rotina, e acho que essa viagem nos ensinou muita coisa.

Um dos apertos que passamos, por exemplo, foi estar com uma bebê em um grupo de mais de 14 pessoas, e ela ser a única criança. Tivemos que acompanhar o ritmo de todo mundo, acordar muito mais cedo que todo mundo, ir dormir muito mais tarde que todo mundo, para dar conta de toda a rotina e preparação necessárias para cuidar de uma criança. Lembro que ainda amamentava e ela queria mamar o tempo inteiro. Ao longo da viagem, nasceram quatro dentes! Eu passava o dia com ela pendurada no meu peito, carregando no canguru.

casal e criança em pé, de mãos dadas, diante de uma estrutura formada por várias outras estruturas redondas. Eles usam roupas iguais, short jeans e camiseta, olham para a frente e sorriem
Viagem em família (@fabisantina/Instagram)

Você pretende ter mais filhos?

Ainda é uma pergunta bem difícil. Sempre pensamos em ter dois filhos e com idades próximas, para crescerem juntos, para passarmos por tudo de uma vez. Planejávamos que, quando ela fizesse seis meses, talvez poderíamos engravidar de novo. Aí, os médicos falaram: “Não, você teve um parto muito complicado, precisa esperar pelo menos um ano”. Mudamos os planos e engravidei no começo de 2023, a Gigi estava com 1 ano e 3 meses. Foi quando iniciei o desmame também. Só que tive um aborto espontâneo. Foi muito difícil. Eu tinha que esperar mais três meses para poder tentar de novo. Desde então, temos conversado e pensado muito se realmente queremos mais filhos. Por enquanto, nossa resposta é não. Estamos felizes e satisfeitos com a Gigi e achamos que vamos encerrar por aqui. Mas digo que não é definitivo, porque não tomamos nenhuma medida drástica. Uso anticoncepcional e tomamos cuidado, mas não fizemos nenhuma intervenção maior. Ainda tenho 30 anos. Se mudarmos de ideia em algum momento, é possível voltar e conversar sobre o assunto. Porém estamos cada vez mais certos da nossa decisão.

Por quê? 

Por várias questões. Essa perda nos fez repensar. Além disso, fiz alguns exames e descobrimos uma alteração no meu útero, que se chama istmocele [uma espécie de cicatriz fibrosa], que foi uma decorrência da cesárea. Por conta disso, posso ter uma dificuldade maior para engravidar. Posso sofrer outros abortos. É possível também que eu precise operar, se não conseguir que nenhuma gravidez evolua e, ainda assim, não é certeza que vá funcionar.

E tem as complicações que vivi no meu parto, uma atonia uterina [quando o útero tem dificuldade para contrair novamente] e uma hemorragia. Ao conversar com alguns médicos, entendi que muito provavelmente posso ter isso de novo em um próximo parto. Não é uma certeza absoluta, mas, como já tive, a chance é grande. É claro que, sabendo disso, dessa vez, os médicos estariam preparados para a intercorrência, mas, sinceramente, quando penso sobre o assunto, não sei se quero passar por essa experiência de novo, ainda mais já tendo a minha filha aqui e pensando que é um sério risco de vida. Então, por enquanto, nossos planos são no sentido de ficar só com a nossa filha, como filha única. Temos ainda uma cachorrinha, que é a nossa pequenininha Amora. Deus sabe de todas as coisas e a gente vai mudando de ideia, de pensamento, as coisas vão se transformando ao longo da vida… Está em aberto, só que, por enquanto, essa é a nossa decisão.

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