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Como preparar o bicho de estimação para a chegada do bebê na casa

Consultamos especialistas para reunir tudo o que os futuros pais precisam saber antes de trazer o bebê para um lar com pets

Por Isabelle Aradzenka
16 jun 2022, 10h00
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 (Nicole Lienemann/Getty Images)
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As famílias que têm um integrante “extra” na casa já sabem que os pets são fontes intermináveis de amor e parceria. No entanto, também exigem um pouquinho de trabalho dos donos, seja no cuidado com a rotina de alimentação ou, em alguns casos, em função do comportamento. Por isso mesmo, a descoberta de uma gravidez em lares com bichos de estimação geralmente traz bastante receio e dúvidas quanto ao convívio da criança com o animal e à adaptação da rotina.

Para tirar de vez todas as dúvidas relacionadas ao tema e tranquilizar os papais, conversamos com especialistas no assunto e preparamos um guia completo para facilitar a chegada do bebê à casa “pet friendly”!

O contato entre crianças e pets é muito bem-vindo

Antes de qualquer coisa, vale ressaltar que os benefícios da convivência do bebê com o animal de estimação são inúmeros e o esforço de adaptação entre ambos com certeza valerá a pena.

“A interação com os animais traz vários estímulos diferentes para o desenvolvimento da criança. Os bichinhos geram curiosidade, ajudam a estimular a relação emocional, desenvolver habilidades motoras, bem como o senso de cuidado e responsabilidade com outro ser vivo”, explica Paulo Telles, pediatra pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

Mas antes de trazer o bebê para a casa…

É importante lembrar que tudo começa já no período de gestação. “A partir do sétimo mês de gravidez, o impacto no bichinho começa a acontecer, levando em consideração a mudança hormonal da gestante e a conexão que os cães têm com a nossa energia”, explica Cleber Santos, especialista em comportamento animal e CEO da Comportpet.

Somada a isso, também há toda a alteração na rotina da casa, seja por conta das saídas mais frequentes para exames, por exemplo, ou mesmo pelo comportamento da mãe. “Muitas vezes, a gestante era a pessoa que dava mais atenção ao pet e, com toda a situação, ela passa a diminuir o contato com o animal e os costumes de passeio que tinha”, completa o especialista.

A partir daí, a família pode observar no pet algumas condutas compulsivas de ansiedade e estresse ocasionados pelas mudanças. Entre elas, excesso de latidos ou até passar a se lamber, no caso dos cães.

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Prepare o pet para a chegada da criança

Durante os meses de gestação e planejamento da gravidez, é essencial que os pais ensinem ao pet comandos básicos de autocontrole para prevenção de futuros acidentes. “O animal precisa estar muito bem equilibrado para que faça uma boa aceitação e evite comportamentos impertinentes com a criança na casa”, completa Cleber.

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Muitas famílias, inclusive, questionam-se sobre a possibilidade de deixar animais mais agitados sob os cuidados de algum parente durante esta nova fase. No entanto, comportamentos de inquietação podem ser muito bem controlados com a ajuda do dono e de estímulos para o gasto de energia do pet em outras atividades.

Tente preparar o animal para as mudanças na rotina, pois ele também percebe as novidades e pode ficar ansioso. É importante ainda analisarmos as características de cada animal – se ele é sossegado ou mais agressivo – para ajudar a determinar o quanto os pais devem aproximá-lo do bebê”, recomenda o pediatra Paulo Telles.

Por fim, a preparação para a chegada da criança não estará completa sem uma conversa com o veterinário e a atualização da carteirinha de vacinação do animal, ok?

Como fazer o primeiro contato

O primeiro encontro entre o animal e o bebê é o que geralmente gera mais ansiedade para os pais. Então, algumas dicas são importantes para trazer tranquilidade nesta hora. Os cães, por exemplo, têm o olfato como sentido mais aguçado e os donos podem explorá-lo antes de a criança chegar.

“A primeira coisa a se pensar são as roupinhas trazidas da maternidade. Os pais podem deixá-las próximas ao local onde esse cachorro dorme, para ele se acostumar com o cheirinho do bebê e brincar com as peças. Assim, o animal já vai conhecendo a criança através do olfato e, quando ela chegar, não será algo totalmente estranho”, orienta o especialista em comportamento animal.

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Caso os donos ainda tenham bastante receio e medo em relação à aproximação do bichinho, é indicado que se tenha um profissional presente durante o primeiro encontro. Por outro lado, se eles se sentirem tranquilos para o momento, podem manter o pet limitado apenas pela coleira.

Ah, e nada de poupar nas recompensas! Sempre busque presentear o animal de uma forma positiva – com petiscos ou carinhos – durante o contato com o bebê, para que ele entenda que a chegada do membro é benéfica para a rotina dele. “Os animais aprendem com o condicionamento. Então, quando você repete a mesma coisa durante as mesmas situações, ele entenderá a lógica da repetição e começará a criar um hábito de associação”, explica Cleber.

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Regulando o convívio

O bebê traz muitas novidades à casa: choros, cheiros diferentes, diminuição da atenção e das brincadeiras com o pet… É importante, portanto, que os pais consigam manter o mínimo da rotina que o animal tinha anteriormente e, se possível, aumentar as atividades física, mental e lúdica dele.

“Uma boa interação e distração com o bichinho garante que ele fique com a energia mais equilibrada e evita que permaneça bagunçando ou aprontando em casa”, indica Cleber.

Os principais riscos são os acidentes involuntários. “Pular em cima, derrubar o carrinho, a mãe com bebê no colo… No caso de gatos, eles podem se aninhar no berço e até em cima da criança. Esses são exemplos de algumas situações perigosas”, pontua Telles.

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Por isso, de acordo com o pediatra, o ideal é não permitir que os animais tenham livre acesso ao quarto do bebê no início e, quando permitir a interação, contar com supervisão de um responsável, até que o animal tenha entendido como deve se comportar com o pequeno.

“Além disso, é interessante que o animal sempre faça a entrada com a coleira, para evitar o risco de acidentes. Lembrando que, após o pet estar com bebê, voltamos a recompensá-lo. A ideia é deixá-lo tranquilo no quarto da criança, para que ele compreenda que aquele comportamento deve ser daquela forma”, afirma Cleber.

Não devemos nos esquecer também dos bons hábitos de higiene, tais como lavar as mãos após contato do pequeno com o bichinho. “Um bebê sempre nos preocupa mais por ter o sistema imunológico imaturo. Uma boa limpeza do local com água e sabão após a visita do animal é essencial”, instrui o pediatra.

quando a criança é um pouco maior, é de extrema importância ensiná-la como tratar o pet – nada de puxar as orelhas ou o rabo. As atitudes dos pequenos devem ser supervisionadas para que se tenha um equilíbrio na casa. “A estabilidade na educação de ambos os lados da relação é superimportante e recomendada”, completa o especialista em comportamento animal.

Existe risco de alergia?

De fato, algumas pessoas possuem alergia a animais domésticos e os quadros às vezes se iniciam ainda na infância. “O que acontece é que os animais domésticos soltam pelos, têm descamação da pele e acabam eliminando resíduos, que não conseguimos ver a olho nu, e que podemos inalar durante a respiração – além de existirem proteínas potencialmente alergênicas na saliva e na urina deles”, explica a alergista e imunologista Brianna Nicolletti.

Quem apresenta hipersensibilidade a estes resíduos provavelmente terá uma reação inflamatória, com sintomas de coceira no nariz e nos olhos, espirros, congestão, coriza e tosse, o que é chamado de alergia. “As alergias podem começar em qualquer período da vida, porém, são pouco frequentes antes dos seis meses de idade”, conta a imunologista.

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No entanto, são vários os fatores que influenciam o possível desenvolvimento das reações alérgicas. Entre eles, a tendência familiar, não obrigatoriamente em relação à mesma hipersensibilidade. Existem alguns sintomas que podem ser percebidos no contato com os animais para identificar um quadro alérgico, mas é importante ressaltar que nem sempre conseguiremos ter a exata certeza de que são os bichinhos os causadores de alergia. Abaixo, estão alguns exemplos:

  • Nariz entupido, espirros, coceira nasal e coriza transparente;
  • Coceira, lacrimejamento e vermelhidão da conjuntiva dos olhos;
  • Dificuldade transitória para ouvir (sensação de ouvido tapado);
  • Dor de cabeça, cansaço, irritabilidade, perda de apetite, dificuldade para dormir e para se concentrar em atividades diárias;
  • Falta de ar, chiado e aperto no peito;
  • Coceira e inchaço na pele, que mudam de lugar rapidamente (urticária);
  • Eczema (lesão grosseira, descamativa e vermelha nas dobras, pescoço e face)

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Dá para evitar a alergia na criança?

A especialista lista algumas medidas que podem diminuir os riscos de uma reação alérgica nos pequenos. Entre elas, a preocupação com a higiene e a circulação dos animais na casa:

  • Mantenha os ambientes do lar sempre arejados;
  • Tente deixar os animais fora dos quartos e, se necessário, das áreas de convívio;
  • Banhos regulares em gatos e cachorros
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Quando a criança é maior e o quadro alérgico já foi identificado, vale apostar no tratamento de imunoterapia, autorizado a partir dos dois anos. “A imunoterapia é conhecida como ‘vacina para alergias’, e pode ser definida pelo especialista de acordo com o tipo de perfil alérgico do paciente. Os procedimentos agem modificando a resposta do sistema imunológico e a criança em tratamento passa a tolerar melhor o alérgeno que antes provocava uma série de reações inflamatórias”, finaliza Brianna.

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