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Filho virtual? Essa é a aposta de estudiosos do metaverso para o futuro!

“Crianças tamagotchi” serão indistinguíveis daquelas do mundo real. Obedecerão sempre e poderão interagir fisicamente com os “pais”, dizem os especialistas

Por Carla Leonardi
2 jun 2022, 16h36

Quem viveu os anos 1990 deve se lembrar do “bichinho virtual”, como era popularmente chamado no Brasil o Tamagotchi, um dispositivo eletrônico lançado pela empresa japonesa Bandai que ganhou o mundo. Tratava-se de um aparelho pequeno, que cabia bem no meio da palma da mão, e que tinha como único objetivo manter um bichinho (que se via em uma telinha minúscula) vivo, dando comida, banho, carinho… Agora, no clima do metaverso, que tem ganhado cada vez mais a mente de empresários e desenvolvedores tecnológicos, o futuro se mostra intrigante: e se, em vez de um bichinho, esse tamagotchi fosse uma criança? 

“À medida que o metaverso evolui, posso ver crianças virtuais se tornando uma parte totalmente aceita da sociedade em grande parte do mundo desenvolvido.” Quem disse isso foi Catriona Campbell em comunicado à imprensa. Uma das principais autoridades do Reino Unido em Inteligência Artificial e tecnologias emergentes, ela acaba de lançar o livro AI by Design: a Plan For Living With Artificial Intelligence.

Mundo real e virtual

A novidade, lógico, não é para já. Campbell prevê a mudança para daqui a 50 anos, quando, segundo ela, bebês do metaverso e bebês reais serão indistinguíveis. Parece loucura? Pois saiba que tudo que envolve o metaverso – que tem, entre suas principais vozes e mentes, Mark Zuckerberg, fundador do Facebook – está na ordem do dia e promete ser o futuro da internet, apagando as divisões entre mundo físico e digital.

Para os especialistas em IA, as crianças virtuais (chamadas por Campbell de “geração tamagotchi”) terão rosto e corpo realistas, poderão se parecer com seus pais e reconhecê-los por análise facial e de voz. Além disso, será possível até interagirem fisicamente por meio do uso de luvas high-tech por quem estiver “do lado de cá”.

Vale explicar que esse tal de metaverso pode ser entendido como um mundo virtual que, digamos, parece real. Imagine o seguinte: você trabalha em home office, mas coloca seus óculos supertecnológicos conectados a computadores e smartphones e se vê virtualmente no ambiente empresarial criado com tecnologia de realidade virtual e aumentada. Você tem um corpo e vê os outros funcionários, com os quais pode interagir, sentar-se à mesa de reuniões e até tomar um cafezinho. Esses mundos virtuais seriam todos conectados no metaverso, criando uma vida real e outra virtual – mas o que se vislumbra é o apagamento gradual das divisões entre os dois universos. Wow.

Bebê assistindo no celular
(Karl Tapales/Getty Images)

Revolução tecnológica

Sem mensalidades, tratamentos ortodônticos e viagens de férias para pagar. De fato, os “filhos virtuais” prometem uma economia e tanto aos pais do futuro. Isso para não mencionar que seria possível ainda escolher com que velocidade a criança cresce (acelerando, talvez, os terrible twos…). Mas esse baixo custo dos pequenos no metaverso não é a única vantagem que Campbell vislumbra; para ela, as crianças virtuais podem resolver o problema da superpopulação mundial.

“Com base em estudos sobre casais que escolhem permanecer sem filhos, eu acredito que é razoável esperar ao menos 20% das pessoas escolhendo ter um bebê virtual em vez de um real”, declarou. “Isso vai nos levar à primeira demografia totalmente digital, o que, embora pareça estranho num primeiro momento, representa o que poderá ser a mais importante revolução tecnológica desde a Idade do Bronze, dado seu impacto na população global e nas mudanças sociais”, prevê a autora.

Filhos on demand

Se tudo isso parece uma realidade tão distante que chega a ser quase impossível, talvez seja interessante pensar na vida há 50 anos, sem internet, celular, redes sociais, aplicativos de comida, de mensagens instantâneas, GPS… Colocar um óculos e ir para um mundo digital, então, seria algo 100% Black Mirror (num tempo em que os streamings ainda não existiam sequer enquanto ideia possível). Ou seja, pensar a partir das tecnologias que temos hoje o que será o futuro daqui a 5 décadas pode ser um tanto impreciso.

Da mesma forma, as relações humanas, entre humanos e máquinas e entre humanos e “pessoas virtuais” pode mudar completamente. Segundo Campbell, por exemplo, a satisfação dos pais ao ter filhos virtuais pode ser ainda maior dado o controle que terão sobre essa geração digital. Com um tempo de vida programável, as crianças poderiam existir em tempo real ou ser ativadas apenas quando os pais quisessem – algo como “crianças sob demanda”.

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Criança se olhando no espelho

Quem viver, verá?

Se você leu isso tudo e chegou à conclusão de que o mundo está perdido, calma. Embora a questão seja polêmica, pensar o futuro com a mentalidade de hoje também não costuma funcionar. Além disso, por enquanto, seguimos com nossos pequenos de carne e osso, com todas as dores e alegrias que cada fase nos dá. Considerando que essas previsões são para daqui a 50 anos, porém, talvez seja o caso de nos preparamos para sermos avós de netinhos virtuais, fazendo tricô e bolinhos de chuva apenas no metaverso. Será?

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