Começo de um novo tempo
Muitas empresas aqui no Brasil já entenderam a importância de uma licença-paternidade estendida, que beneficia tanto o pai quanto a família. Um exemplo disso é Eduardo Lopes, gerente de políticas públicas do Facebook, onde trabalha há quatro anos.
Quando os gêmeos Cecilia e Martim chegaram, Eduardo tirou uma licença de quatro meses do trabalho e defende a importância da presença do pai. “Acredito que seja tão importante para o pai quanto para o bebê. Estar integralmente presente e atuante desde os primeiros momentos, permite que pai e filho criem um vínculo verdadeiramente forte e duradouro. O pai não pode amamentar, mas se estiver lá, brincando, acolhendo, trocando, dando banho, certamente a família toda se beneficia. É uma oportunidade de viver momentos únicos a que todos deveriam ter acesso”.
Para a pediatra Janice Sityá, a importância da presença do pai começa antes mesmo de o bebê sair da barriga. “A participação do pai deve iniciar no pré-natal, indo às consultas com o obstetra, aos exames de ultrassom, tudo para que a mulher sinta mais segurança num momento de fragilidade e também para que o vínculo familiar se construa no dia a dia”.
Mas não para por aí, não: “No período do puerpério, principalmente nos primeiros dias após o nascimento do bebê, a mãe ainda está se recuperando fisicamente, e se preparando para a amamentação, que é um aprendizado diário e nem sempre fácil. Acredito, pela minha experiência como pediatra, que a amamentação é o mais desafiador para as mães: ela precisa aprender a amamentar e o bebê a mamar, por isso a informação prévia ao nascimento é fundamental”, explica a pediatra.
Continua após a publicidade
Outro bom exemplo de como a situação está mudando é o Google. “Temos a política ‘Baby Bonding Leave’, que é válida para todos os escritórios da empresa no mundo e concede pelo menos 12 semanas de licença com remuneração integral. No Google, todos os funcionários são contemplados – pais biológicos e adotivos. A ideia é que todos tenham oportunidade de criar laços com o novo membro da família”, explica Carol Azevedo, líder de recursos humanos do Google para América Latina.
Quem já teve filho, sabe que nem sempre é fácil deixar o bebê e retomar a rotina quando a licença acaba. Pensando nisso, o Google criou uma política de retorno para ajudar os pais a voltarem para o trabalho depois de receber uma nova criança: “Qualquer pai ou mãe do Google que tenha mais de 10 semanas de licença consecutiva, pode voltar a trabalhar em 50% do seu horário semanal normal por até duas semanas com pagamento integral”, completa Carol.
Na Volvo Car (braço dos carros da multinacional), a licença-parental é de 180 dias, sem necessidade de solicitação do funcionário. Esse tempo é padrão e passa a contar a partir do nascimento ou adoção do filho. Eliane Trinca, diretora de RH da Volvo Car Brasil, complementa: “Esta política é neutra em termos de gênero e inclui pais adotivos do mesmo sexo, adotivos de acolhimento permanente e pais substitutos”.