Rubéola em crianças e grávidas: sintomas, contágio e tratamento
Confira as respostas para as principais perguntas relacionadas a essa doença, que tende a ser leve na infância, mas preocupa quando acomete gestantes
Uma das chamadas “doenças da primavera“, por se tornar mais comum nessa estação do ano, a rubéola é causada por um vírus (o Rubella virus), e assusta pais e cuidadores, embora não tenda a se desenvolver de forma grave na infância. Já quando acomete grávidas, que são um importante grupo de risco para a enfermidade, mostra-se mais preocupante, pois pode gerar problemas para o desenvolvimento do bebê.
Como a rubéola é transmitida?
“A transmissão da doença ocorre quando uma pessoa inala partículas virais presentes no ar ou após o contato com alguém doente“, explica Anna Bohn, pediatra pela Sociedade Brasileira de Pediatria e especialista em terapia intensiva pela Universidade de São Paulo. Ela reforça que indivíduos infectados podem transmitir o vírus de uma semana antes das lesões de pele surgirem até duas semanas após os sintomas. “Além disso, de 25% a 50% dos adultos infectados têm um quadro assintomático, aumentando bastante a disseminação da rubéola”, acrescenta.
Quais são os principais sintomas?
Em crianças, eles costumam ser leves e, muitas vezes, a doença até passa despercebida. O sintoma mais frequente é na pele, com “manchas avermelhadas com aspecto de bolinhas, que podem ou não coçar, espalhadas por todo corpo”, descreve a pediatra. Esse padrão de lesões é chamado exantema, e pode ser acompanhado por febre alta, “aparecendo em torno de 1 a 5 dias antes das lesões avermelhadas”, diz Anna.
Ela ainda detalha como é o padrão de aparecimento dessas lesões: “surgem primeiro na face e, depois, em 24 horas, no tronco e nas extremidades”. Além disso, pode-se notar um aumento dos gânglios atrás das orelhas e nas regiões posteriores do pescoço, durando até uma semana.
“Sintomas em articulações, como dor e inchaço, além de indisposição e cansaço, são mais raros. Eles ocorrem com maior frequência em adultos, que tendem a ter um quadro mais intenso e duradouro do que crianças”, aponta a especialista.
Existe tratamento para a rubéola?
Não, o que se trata é a consequência, ou seja, aquilo que a doença provoca. “Não existe nenhum tratamento específico ou antiviral recomendado. Apenas medicamentos para alívio de sintomas como febre, mal-estar e coceira”, diz Anna, destacando ainda a importância de manter a hidratação.
Pode haver uma complicação grave?
Sim, mas é raro. A pediatra aponta exemplos de complicação como hemorragia renal, intestinal ou cerebral, e alterações plaquetárias, que levam a sangramentos e hematomas na pele. “Acontece 1 para cada 3000 casos”, afirma, acrescentando que a “encefalite, uma inflamação cerebral, ocorre em 1 a cada 6000 casos”.
Rubéola em grávidas: quais são os riscos?
Segundo a pediatra, o principal temor é a infecção neonatal ou congênita, ou seja, quando a infecção da mulher é transmitida ao bebê. “Nesses quadros, as sequelas tendem a ser mais graves, como perda auditiva, deficiência intelectual, problemas cardíacos e oftalmológicos”, exemplifica. É importante ressaltar que isso pode acontecer mesmo que a mãe apresente um quadro leve.
Como não há tratamento específico para a rubéola, é primordial evitar o contágio, sobretudo na gestação. Para isso, a vacina é importantíssima.
Como se prevenir do contágio?
Anna Bohn explica que a prevenção da rubéola tem dois pontos principais: o isolamento de casos suspeitos e confirmados por pelo menos sete dias após o surgimento do exantema [lesões de pele] e vacinação (no caso, com a chamada Tríplice Viral, aplicada aos 12 meses de vida).
“Uma dose de vacina para rubéola possui soroconversão, ou seja, imunidade, ao redor de 95%. Portanto, a vacinação completa com duas doses é uma medida importante e eficaz para controle e erradicação da doença. Também é de suma importância que todos os casos suspeitos e confirmados sejam reportados ao sistema de notificação compulsória, a fim de monitorar a atividade da doença e evitar surtos”, conclui a médica.
Por fim, vale lembrar que, caso a mulher que pretende engravidar não tenha sido vacinada ou não saiba se recebeu as duas doses da Tríplice Viral, é preciso ser imunizada antes da gestação para evitar qualquer tipo de risco para si mesma e para o futuro bebê.
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