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Febre reumática: o que é a doença, sintomas e tratamento

Dores nas articulações são os primeiros sinais da enfermidade, que é mais frequente em crianças a partir dos 3 anos e pode comprometer o coração

Por Carla Leonardi
1 nov 2023, 12h14

O nome é familiar, mas a enfermidade – com seus sintomas, causas e consequências – talvez não seja tanto assim. A febre reumática é uma doença autoimune inflamatória, que se desenvolve como decorrência de uma infecção de garganta pela bactéria Streptococcus pyogenes não tratada corretamente. Ou seja, ela aparece apenas posteriormente ao quadro infeccioso, e depende de uma predisposição genética. É mais frequente a partir dos 3 anos de idade até a adolescência.

“Depois de duas ou três semanas, ocorrem algumas manifestações clínicas, como febre e dores articulares“, explica o médico reumatologista Marco Antônio Araújo da Rocha Loures, presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR). Essas dores, principal sintoma da febre reumática, são diferentes daquelas da artrite reumatoide, pois não surgem simultaneamente em diferentes partes do corpo. “Por exemplo, primeiro a dor aparece no tornozelo, depois vai para o joelho e, então, sobe para os membros superiores”, diz o especialista. Pode haver ainda inchaço e calor nas regiões articulares.

Outra manifestação importante – e mais grave – é a cardite, que é a inflamação das camadas do coração, podendo levar a comprometimentos graves. “Pelo exame clínico, nós identificamos o sopro cardíaco. Podemos pedir ainda um ecodopplercardiograma [exame ultrassonográfico do órgão] para avaliar o tamanho da lesão”, diz o reumatologista. Em alguns casos, ele aponta que pode ser necessária a cirurgia para troca de válvula cardíaca.

Mais um sintoma possível, e que está ligado à cardite, são as lesões de pele, “os chamados rashes cutâneos de coloração vermelha, que podem surgir e sumir rapidamente, principalmente no tronco”, diz Loures. Nódulos também aparecem na literatura médica, mas são mais raros.

Em casos mais graves, lembra o especialista, pode acontecer a Coreia de Sydenham – nome dado a uma manifestação caracterizada por fraqueza nos membros, movimentos involuntários e maior irritabilidade da criança. “Mas não tem sido observada mais, pois o diagnóstico e o tratamento costumam acontecer precocemente hoje em dia”, tranquiliza.

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mulher com criança no colo, segurando um termômetro. A criança está debilitada
(FatCamera/Getty Images)

Como é feito o diagnóstico?

Pelo exame clínico e laboratorial. Ao relato das dores nas articulações e da dor de garganta prévia, soma-se o sopro cardíaco (se identificado). Alterações no exame de sangue também podem indicar a presença de uma inflamação, mas não são, necessariamente, determinantes – é todo o conjunto avaliado pelo médico que vai direcionar o diagnóstico.

Entre as dosagens no sangue, destaca-se a da antiestreptolisina (ASLO), anticorpo que o nosso organismo produz durante ou depois de uma infecção de garganta. Um resultado alto, porém, não é indicativo sozinho de que a criança tem febre reumática.

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Tratamento da febre reumática

A doença é tratada com penicilina benzatina, popularmente conhecida no Brasil como Benzetacil, aplicada por injeção a cada 21 dias. A duração do tratamento depende da gravidade das lesões, como detalha Loures: “Para uma febre reumática sem cardite, o tratamento é até os 21 anos de idade ou por cinco anos desde o último surto. Quando há cardite prévia, com insuficiência mitral leve, vai até os 25 anos de idade ou 10 anos depois do último surto. Com lesões moderadas/graves, vai até os 40 anos ou por toda vida, dependendo dos sintomas. Quando há cirurgia, trata-se por toda a vida.”

Esse tratamento chamado de profilático é essencial para evitar os surtos da doença, que podem tornar os comprometimentos cada vez mais graves, piorando as lesões do coração e levando a uma insuficiência cardíaca. Para pessoas com alergia à penicilina, outros antibióticos podem ser recomendados.

Já a artrite e a cardite têm um tratamento temporário com anti-inflamatórios e corticoides, respectivamente.

Por fim, vale ressaltar que não existe vacina contra a doença e que, por enquanto, não é possível saber quem tem predisposição a seu desenvolvimento.

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