Retinoblastoma: entenda os sinais do câncer da filha de Tiago Leifert

Os pais perceberam que Lua, de 1 ano, apresentava reflexos brancos e movimentos irregulares nos olhos, além de encará-los de lado algumas vezes.

Por Alice Arnoldi
Atualizado em 2 fev 2022, 11h48 - Publicado em 31 jan 2022, 13h47
 (@garbindaiana/Instagram)
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O diálogo sobre câncer infantil é delicado, mas também necessário, para que pais fiquem atentos aos sinais da doença que podem passar despercebidos e, consequentemente, não tenham um diagnóstico tardio. No sábado (29), Tiago Leifert e Daiana Garbin trouxeram este tema à tona ao revelarem que a filha Lua, de apenas um ano, está em tratamento após a descoberta de um câncer chamado retinoblastoma.

“Aparentemente, a Lua sempre enxergava tudo – um fiozinho de cabelo ou uma sujeira no chão. Então, não imaginávamos que havia algo impedindo a visão dela. Só que o Tiago começou a notar movimentos irregulares e, às vezes, ela olhava de lado para ele. Nesses momentos, em que ele dizia que havia algo de errado com o olho da Lua, eu dizia para ele parar de ser chato, que não era nada”, lembra Daiana.

A desconfiança do apresentador permaneceu, mas a família só foi buscar por um oftalmologista pediátrico e receber o diagnóstico correto quando a jornalista também observou a alteração na visão da pequena. “Um dia eu percebi um reflexo branco, como se fosse olho de gato”, relatou a mãe durante o vídeo.

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Uma publicação compartilhada por Tiago Leifert (@tiagoleifert)

Com a primogênita em tratamento há quatro meses, Tiago e Daiana explicaram que optaram por manter o que estava acontecendo apenas entre familiares e amigos por serem um casal bastante discreto. No entanto, com o decorrer da luta contra a doença, eles decidiram que iriam falar sobre o acontecimento porque sabiam que teria sido diferente se tivessem ouvido outros pais que estavam passando pela mesma situação, e alertando sobre possíveis sintomas da doença que passam batido.

Para seguirmos nesta missão de desmistificar este tipo de câncer infantil, conversarmos com a oftalmopediatra Ana Carolina Cassiano, da clínica EyeKids, e o oncologista pediátrico Carlos Eduardo Ramos Fernandes, do A.C.Camargo Câncer Center, sobre o assunto.

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O que é o retinoblastoma?

Carlos explica que o retinoblastoma é o principal tumor maligno intraocular da infância. “Ele corresponde de 10 a 15% da incidência de câncer em menores de 1 ano de idade e a grande maioria dos diagnósticos ocorre nos primeiros 5 anos de vida”, completa o especialista.

Ele ainda explica que a aparição deste tipo de câncer ocorre por dois motivos. Pode ser esporádica, isto é, as células da retina passam por diversas mutações sem motivo aparente, formando o tumor. Ou pode ser hereditário, que é “quando já há mutação herdada do gene RB1 das células germinativas (sexuais) dos genitores”, esclarece o oncologista pediátrico. Sabe-se que a segunda corresponde a cerca de 40% dos casos.

A doença é tida como bastante rara, com um parâmetro de 200 casos pediátricos por ano e proporção de um diagnóstico a cada 20.000 bebês nascidos vivos, como indica Ana Carolina.

Os principais sintomas em crianças pequenas

A oftalmologista pediátrica explica que existe uma parcela de crianças que tem retinoblastoma, mas não possuem sintomas, o que dificulta o diagnóstico precoce da doença. Já entre aqueles que apresentam sinais do câncer, dois tipos de indicativos merecem atenção dos pais:

  • Leucocoria: reflexo pupilar branco anormal, como é visto nas fotos com flash (em vez do olho da criança ficar vermelho na imagem, ele fica branco). Este sintoma costuma estar presente em torno de 60% dos casos;
  • Estrabismo: quando a criança vai perdendo a visão, seus olhos deixam de fixar no mesmo ponto e passam a desviar para os lados. Normalmente, este sintoma está presente em 20% dos diagnósticos do câncer.
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Carlos também cita nistagmo, que são movimentos anormais e involuntários dos olhos. Mais tarde, com a evolução do tumor, pode-se também perceber que os globos oculares estão vermelhos e mais salientes.

A perda da visão e inflamações oculares também podem ser vistas em decorrência do câncer, mas são mais difíceis de serem percebidas pela criança pequena e sinalizadas verbalmente.

Como é feito o diagnóstico do retinoblastoma

Caso um destes sintomas seja observado pelos pais, é fundamental procurar por um oftalmologista pediátrico que começará a investigar o caso. Ana Carolina cita que o primeiro exame pedido é o mapeamento da retina, feito para analisar como está a fina cama de tecido nervoso que reveste a parte detrás do globo ocular.

“Quando há suspeita do retinoblastoma, o próximo exame a se fazer é o ultrassom ocular que vai ajudar a ver se realmente é um tumor ou não e, depois disso, a ressonância magnética para analisar se o nervo ocular está acometido e também ver a parte cerebral”, completa a oftalmologista pediátrica.

Ela ainda pontua que o câncer pode ser unilateral, bilateral (quando os dois olhos são afetados) ou trilateral, que é quando o retinoblastoma também prejudica a glândula pineal que fica no cérebro.

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Os diferentes tipos de intervenção para o mesmo câncer 

Como se sabe, os tratamentos para um câncer variam de acordo com o nível que ele está e não é diferente com o retinoblastoma. “Eles são indicados conforme o tamanho do tumor dentro do olho, e também se há extensão extra-ocular com acometimento do sistema nervoso central, ossos e outros locais possíveis para metástases”, enumera Carlos.

No caso da filha de Tiago e Daiana, eles explicam que não sabem em que estágio estão do tratamento, mas Lua está fazendo a quimioterapia intra-arterial. “Com participação multidisciplinar entre oftalmologistas, oncologistas pediátricos e serviço de hemodinâmica, já é empregada nos principais centros de tratamento oncológico, com a aplicação de quimioterápicos em baixa dose localmente, através de cateterização arterial até artéria oftálmica”, explica o oncologista pediátrico.

Com a diversidade de tratamentos possíveis, o alerta do especialista é sobre o diagnóstico precoce. Quanto mais cedo o câncer for descoberto e menos agressivo ele estiver, maiores são as chances de preservação da visão da criança e de cura da doença.

“A sobrevida geral com tratamentos pode superar 95%, porém formas metastáticas reduzem para pouco mais de 50%, sobretudo quando há metástase no sistema nervoso central em que a sobrevida é inferior a 10%”, pontua o especialista. Portanto, o alerta é sobre fazer a triagem oftalmológica ainda no primeiro ano de vida do pequeno para que nenhum sinal passe despercebido e o seu desenvolvimento corra dentro do esperado.

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