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Por que é preciso ir ao pediatra antes do nascimento do bebê?

Pouco conhecido entre os pais, a consulta pediátrica pré-natal é uma ótima forma de se preparar para a chegada do pequeno e para a mudança na rotina.

Por Isabelle Aradzenka
Atualizado em 27 out 2021, 12h44 - Publicado em 26 out 2021, 16h13

O período do final da gestação é um turbilhão de emoções para os pais. Além da preocupação com a gravidez, esse é o momento em que surgem inúmeras dúvidas sobre os primeiros cuidados com o pequeno. Afinal, o novo integrante, que está cada vez mais perto de chegar ao mundo, vai mudar a rotina da família.

“Como aliviar as cólicas?”, “quais vacinas ele precisa tomar?”, “como dar o primeiro banho em casa?”… Já que a primeira consulta com o pediatra parece longe, pois é feita após o nascimento, alguns pais recorrem a cursos sobre maternidade ou até à internet para esclarecer questões como estas.

Mas o que muitos não sabem é que esse encontro com o médico pode ser adiantado. A consulta pediátrica pré-natal é o momento ideal para os pais conversarem sobre todas as suas inseguranças em relação aos cuidados com o pequeno com um profissional e, assim, se sentirem mais preparados para a sua chegada.

“Essa consulta vem para capacitar os pais a serem cuidadores mais competentes, principalmente para aqueles que se sentem muito perdidos em relação à maternidade, com medo de como vai ser cuidar do recém-nascido. A gente responde às dúvidas e antecipa orientações para diminuir o estresse que aquela família tem com a chegada do bebê ou a sensação de impotência, de que não vai dar conta”, explica Normeide Pedreira dos Santos, pediatra e membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

O ideal é que esse acompanhamento, que precede o nascimento da criança, seja marcado para o terceiro trimestre da gestação, a partir da 32° semana, e ele pode ser resolvido em apenas uma consulta, como um bate-papo com o pediatra. E apesar dessa ainda não ser uma prática muito conhecida entre os pais brasileiros, é recomendado entre organizações como American Academy of Pediatrics e a própria SBP.

Afinal, como a consulta pode ajudar?

Durante o terceiro trimestre de gestação, o obstetra se preocupa em “acompanhar o crescimento e o bem-estar fetal e preparar a gestante para o momento do parto”, como esclarece Joelma Queiroz Andrade, obstetra e membro da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (SOGESP). Mas logo após o nascimento, o pequeno vai para as mãos do pediatra e pode ser confuso procurar um profissional do zero tendo um bebê em casa.

Sendo assim, estabelecer uma relação de confiança com o profissional antes da primeira semana de vida do bebê é importante para firmar um ambiente mais acolhedor para a criança e para a própria família, sem atropelos para marcar consultas e sabendo o que esperar do profissional, afinal, você já o conheceu antes.

“É fundamental que os futuros pais conheçam o pediatra, e vice-versa, para estabelecer um vínculo entre eles. Inclusive, tem muitas coisas que precisam ser conversadas antes do nascimento, que ajudam a dar mais tranquilidade para os pais”, explica Renata Waksman, pediatra e vice-presidente da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP).

As orientações podem variar de acordo com as demandas da família, mas, em geral, a amamentação, os cuidados em relação à higiene do recém-nascido, vacinas e até sobre itens para bebê podem ser pautas da consulta.

“Normalmente, no começo as perguntas são sobre a gestação, se teve alguma intercorrência e até sobre a expectativa do tipo de parto. Depois pode-se falar do enxoval, sobre o primeiro passeio (que vai ser da maternidade para a casa) e como vai ser a rotina após o nascimento”, explica Renata.

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Além disso, em quadros de gravidez de risco, a consulta pediátrica pré-natal também pode ser um momento de acolhimento dos pais. “Se tiver algum diagnóstico de infecção da gestante ou de alguma má-formação do feto, por exemplo, a gente consegue lidar com a família e capacitá-la para aceitar aquela situação e receber melhor esse bebê”, esclarece Normeide.

A pediatra ainda ressalta que este “olhar adiante” da consulta é capaz de servir como preditor de riscos do próprio bebê em casos de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, por exemplo.

Apesar dos benefícios, a consulta pediátrica pré-natal ainda não é um serviço disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil, mas já entrou para a lista da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que regula a cobertura privada no país.

Os pediatras incentivam a adesão à consulta e reforçam os benefícios de que a conversa pode trazer para a relação da família com a criança que veio ao mundo. “É muito importante que os pais se sintam reforçados e fortalecidos em relação aos futuros cuidados do bebê. A gente precisa acolhê-los, pois depois do nascimento, aparecem muitas dúvidas que só vão aumentando”, finaliza Renata.

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