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Ministério da Saúde não autoriza combinação de vacinas para grávidas

Na mesma coletiva de imprensa, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, liberou a imunização para todas as gestantes, mesmo as que não possuem comorbidades.

Por Alice Arnoldi
Atualizado em 9 jul 2021, 13h31 - Publicado em 9 jul 2021, 13h17
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 (Emilija Manevska/Getty Images)
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Gestar em tempos pandêmicos não tem sido fácil diante das atualizações constantes de estudos sobre a covid-19 e também a respeito da vacinação em grávidas e puérperas. Na coletiva de imprensa do dia 8 de julho, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, informou que a combinação de vacinas não está liberada para a população geral e nem para gestantes.

“Não é recomendado, pois não há evidências científicas acerca de intercambialidade de vacinas nas gestantes. Portanto, vamos manter a orientação do Programa Nacional de Imunização (PNI). Os senhores secretários estaduais e municipais de saúde que, por acaso, queiram modificar essa orientação do PNI, não devem fazê-la por conta própria. Devem realizá-la após a aprovação do grupo intergestores do Programa, apoiado pela câmara técnica de especialistas”, enfatizou Queiroga durante a coletiva.

A combinação entre os imunizantes estava acontecendo em estados como Rio de Janeiro e Ceará. No dia 29 de junho, Daniel Soranz, secretário municipal de Saúde do estado fluminense, afirmou que a decisão tinha sido tomada por existir seis pesquisas sendo produzidas ao redor do mundo sobre a intercambialidade das vacinas e países como Itália e França já vinham realizando a prática.

Entretanto, para o Ministério da Saúde, tais levantamentos ainda são iniciais para estabelecer a combinação como diretriz oficial do país. “Pesquisas estão sendo realizadas, mas ainda não são suficiente para se tomar essa decisão como estratégia de saúde pública. A intercambialidade não está autorizada em grávidas ou não grávidas”, reiterou Queiroga na coletiva de imprensa.

O ministro ainda explicou que a combinação de vacinas tende a acontecer para aumentar a sua eficácia e também onde existe falta de determinadas doses. Só que, para isso ser aplicado no Brasil, é preciso que mais estudos comprovem a segurança dessa manobra de saúde pública.

Sendo assim, a orientação do Ministério da Saúde em relação a AstraZeneca/FioCruz continua a ser de que gestantes e puérperas que receberam a primeira dose da vacina, esperem 45 dias após o parto para tomarem a segunda dose do imunizante.

Todas as gestantes podem tomar a vacina

Além do posicionamento sobre a combinação entre os imunizantes para grávidas, o ministro da Saúde também informou que gestantes sem comorbidades voltam a poder ser imunizadas contra o coronavírus.

“A pandemia da covid-19 afetou, principalmente com a nova variante, as grávidas. Tanto que a letalidade em gestantes está entre 10% e na população geral em menos de 2%. Quando avaliamos o risco-benefício não há nenhuma discussão sobre não ser muito favorável o uso das vacinas nas grávidas de forma geral”, enfatizou o secretário de Atenção Primária à Saúde, Raphael Câmara.

A médica Rosana Leite de Melo, quem está a frente da Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, pontua que, até o momento, o Brasil tem em média 3 milhões de grávidas, em que 500 mil já foram vacinadas pois possuíam alguma comorbidades. As outras 2,5 milhões serão contempladas no calendário da vacinação a partir dessa nova liberação.

“Estamos em um cenário pandêmico, que é muito importante frisar que a mortalidade que vem nesse grupo é aproximadamente de 39/100.000 gestantes. Isso causou muita preocupação e, através das análises de risco-benefício, decidimos lançar esta nova nota técnica”, reforçou Rosana.

Ainda na coletiva, os três representantes ressaltaram que os imunizantes liberados para as gestantes são a Pfizer/BioNTech e a CoronaVac/Butantan. A Janssen/Cilag fica de fora das opções, junto com a AstraZeneca, por serem vacinas de vetor viral.

O que dizem os médicos

No dia 5 de julho, antes do posicionamento do Ministério da Saúde sobre a intercambialidade das vacinas, a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) já havia se posicionado a favor da retomada da vacinação em gestantes sem comorbidades após a análise dos riscos-benefícios da imunização.

A Febrasgo também reforça que é recomendada a aplicação de vacinas inativadas, como a CoronaVac, ou que possuem a técnica mRNA, como a Pfizer. Além disso, a Federação defende que não é necessário que gestantes ou puérperas possuam indicação ou relatório médico para serem imunizadas a partir do momento que desejarem.

Só que, diferente da orientação do Ministério da Saúde, a Febrasgo alinha-se à ideia da combinação de vacinas para as grávidas que tomaram a primeira dose da AstraZeneca, ampliando a discussão sobre o assunto.

“De acordo com a reunião da CTAI (Camara técnica assessora de imunizações) do dia 2 de julho de 2021, as gestantes e puérperas (incluindo as sem fatores de risco adicionais) que já receberam a primeira dose da vacina da AstraZeneca/Fiocruz, poderão aguardar o término do período da gestação e puerpério (até 45 dias pós-parto) para a administração da segunda dose da vacina ou podem optar por tomar a segunda dose preferencialmente com a vacina da Pfizer e nos locais aonde não estiver disponível, com a CoronaVac”, descreve a nota.

A Federação também pontua que as recomendações atuais podem sempre ser revisadas e reconsideradas a partir do momento que novos estudos relevantes forem publicados.

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