Criança pode ter queda de cabelo? Entenda os tipos de alopecia infantil
Trata-se de uma condição onde a queda de cabelo é anormal e, nos pequenos, ela costuma ter quatro causas.
Dentro do universo adulto, não é incomum ouvirmos relatos sobre a perda de cabelo e os possíveis tratamentos para contorná-la. No entanto, o que muitos não sabem é que a diminuição da quantidade de fios na cabeleira também pode afetar aos pequenos, com uma condição chamada alopecia infantil, que é definida como processo de queda de cabelo de maneira anormal.
Entre os bebês, a alopecia tende a não ser associada a nenhuma doença, sendo a queda dos fios um processo natural, como explica a dermatologista Carolina Gonçalves Contin, do Sabará Hospital Infantil. “Eles podem perder cabelo apenas pelo trauma do apoio da cabeça em uma superfície, quase sempre na mesma posição”, exemplifica a especialista.
Já com o avançar da idade, a alopecia pode passar a acontecer por influência de fatores externos e, então, tornar-se consequência de quadros patológicos. Abaixo, listamos os quatro mais comuns de acontecerem entre o público infantil:
1. Alopecia Areata
De acordo com o médico tricologista Luciano Barsanti, presidente da Sociedade Brasileira de Tricologia, a alopecia areata é uma doença autoimune, que pode acometer desde bebês, passando por crianças pequenas até chegar aos adolescentes.
“Ela acontece porque o organismo produz anticorpos contra o bulbo capilar, o que leva ao aparecimento de rodelas sem cabelo na cabeça”, detalha Luciano. Caso a alopecia areata venha a ser a do tipo universal, o pequeno pode acabar perdendo todos os pelos do corpo.
Independente do público que acaba desenvolvendo a doença, o especialista explica que o gatilho da condição tende a ser emocional, como um quadro de ansiedade infantil, episódios de violência, mudanças abruptas de casa e escola, e até a mesmo a perda de um ente querido.
“A boa notícia é que 60% dos casos evoluem para cura total, sem recorrência. Só que, para isso, é importante que haja um trabalho multiprofissional com um médico tricologista (que ponderará sobre o uso de corticoides, por exemplo), junto a psiquiatra e terapeuta infantis“, completa.
2. Alopecia por desnutrição
Neste caso, Luciano pontua que a desnutrição pode ocorrer tanto pela falta de alimentos necessários em decorrência da fragilidade social ou, ainda, como reflexo da má alimentação de algumas casas.
“Os dois cenários levam a uma falta de nutrientes importante, como ferro, sais minerais, magnésio e outros elementos que são necessários na reprodução do fio de cabelo”, detalha o tricologista. Assim, o principal caminho para contornar este quadro é a reposição destas substâncias para reequilibrar o organismo e devolver vida à cabeleira do pequeno.
3. Alopecia por tração
Este tipo de perda de fios é um alerta para pais e mães que gostam de testar penteados novos nos filhos com frequência, como rabos de cavalo, tranças e marias-chiquinhas muito apertadas.
Isso porque o ato constante de prender os fios capilares da criança pode levá-la a ter alopecia por tração, isto é, perder o cabelo em decorrência do atrito que há em seu manuseio, pois o músculo que segura o fio no bulbo rompe e, então, ele é perdido definitivamente.
Neste caso, é importante que mães e pais atentem-se ao arrumar o cabelo do filho ou filha, dando prioridade para deixá-lo em sua estrutura original e, uma vez ou outra, fazer uma gracinha com penteados diferentes e caprichados.
4. Alopecia por tricotilomania
Outro fator com gatilho emocional que leva à alopecia é o de tricotilomania (TTM), um transtorno psiquiátrico em que a criança possui um desejo incontrolável de arrancar o próprio cabelo. “E, muitas vezes, ela acaba comendo estes fios capilares, levando a casos graves de obstrução gastrointestinal”, detalha Luciano.
Diante desta situação delicada, o tratamento precisa ser uma ação conjunta de uma equipe multidisciplinar de psiquiatra e terapeutas que possam entender o que está levando a criança a acreditar que arrancar o próprio cabelo é a única maneira de suprir suas demandas emocionais.
E, a partir disso, ajudá-la a encontrar outras formas de aliviar o estresse, a ansiedade e outros sentimentos que podem estar envolvidos neste processo.
“Isso leva a uma destruição do couro cabeludo, inflamação e atrofia da fibrose e, então, jamais nascerão novos cabelos naquele local”.
Luciano Barsanti, médico tricologista
Já para o tratamento capilar tanto do caso de tricotilomania, quanto de outros tipos de alopecia, Luciano defende que ele deve ser desprovido de qualquer tipo de dor e nunca deve ser envolver medidas invasivas, como microagulhamentos.