De modo geral, a grávida pode ficar tranquila para planejar uma viagem um pouco mais distante com a família. O passeio de avião em si não oferece nenhum risco especial à mãe ou ao bebê, explica Igor Padovesi, ginecologista e obstetra pela Universidade de São Paulo (USP) e médico do Hospital Albert Einstein.
Antes, entretanto, as exigências da companhia aérea devem ser verificadas. “Oriento minhas pacientes a levarem uma declaração médica para todas as viagens. Assim, não enfrentarão problemas ao embarcar”, comenta o especialista.
As regras para autorização do embarque variam conforme a empresa que promove o voo. A maioria delas aceita que gestantes viajem até a 32° semana de gravidez. Porém, a partir do terceiro trimestre (28° semana), é necessária a autorização do obstetra, diz Cinthia Calsinski, enfermeira obstetra. É possível ainda que a companhia requisite que a grávida esteja acompanhada do médico.
O período ideal para planejar passeios de avião – especialmente os longos – é entre 12 e 29 semanas. “Muitas grávidas passam mal no primeiro trimestre devido a náuseas e vômitos, podendo tornar o trajeto mais complicado. Por isso, o segundo trimestre é a fase ideal”, recomenda Igor. Além disso, vale ressaltar que uma viagem no início da gestação não gera nenhum risco complementar, como o de perda gestacional. “Isto é um mito”, completa o ginecologista.
Situações de risco e atenção
Não há evidências científicas de qualquer prejuízo para grávidas que voam de avião. Ainda assim, é importante tomar alguns cuidados em viagens de longo período, a depender da idade gestacional.
“Gestantes que perderam líquidos ou que estão em risco aumentado para trabalho de parto prematuro precisam, junto com seu obstetra, ponderar os riscos e benefícios da viagem de avião”, explica Cinthia.
Outro ponto de atenção se refere à imobilização prolongada das pernas e ao risco de trombose, que é naturalmente maior pela gravidez. “Recomenda-se que a gestante use meias elásticas antitrombose, mexa as pernas e se levante algumas vezes durante o voo – o que já costuma acontecer pela vontade frequente de fazer xixi”, ressalta o obstetra.
Situações de gestação de risco (como hipertensão, sangramentos vaginais e alterações da placenta) podem contraindicar o embarque. Mas tudo dependerá do tempo de gravidez e da duração do passeio.
Como deixar a viagem mais confortável
Além do uso de meias elásticas, a gestante pode utilizar travesseiros para apoio da lombar, roupas e sapatos confortáveis e escolher assentos com mais espaço. Há ainda a opção de levar medicações para amenizar possíveis sintomas, como remédios para náuseas e dor de cabeça.
O cinto de segurança não deve ser afivelado diretamente sobre a barriga, mas sim abaixo dela – evitando a compressão do útero. O ideal é que as refeições durante o voo sejam leves, e a mulher precisa se manter bem hidratada, se alongar e se movimentar com frequência.