8 falsos indícios de que a mulher precisará fazer cesárea

Ter mais de 40 anos ou alguma doença materna, como pressão alta ou diabetes gestacional, não impedem a mulher de tentar seguir com o parto vaginal. Entenda!

Por Flávia Antunes
Atualizado em 27 ago 2021, 16h36 - Publicado em 27 ago 2021, 16h33
Ilustração de grávida com a mão na barriga
 (Irena Harmash/Getty Images)
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Das tantas incertezas que passam pela cabeça da gestante durante os nove meses, uma das principais se refere à via de parto. Às vezes, a mulher sonha que seu filho chegue ao mundo pela via vaginal mas, por já ter ouvido muitos pitacos e julgamentos, acaba se convencendo que o mais recomendado seria uma cesárea.

Claro que a saúde geral da grávida e do bebê são fatores decisivos nessa equação – e por complicações ou indicação do obstetra – nem sempre o parto desejado será possível. No entanto, não é definitivo que a gestante precise passar pela cirurgia e estamos aqui para desconstruir os principais mitos relacionados ao tema.

8 falsos indícios de que a mulher precisará fazer cesárea Conheça alguns falsos indícios de cesárea:

1. Mães que já fizeram cesárea antes 

Na hora de avaliar a via de parto, o médico deve sim consultar se a mulher já passou pela cesariana anteriormente, por conta do risco de rotura uterina durante o nascimento do bebê, que pode levar até a quadros de hemorragia grave.

No entanto, como tranquiliza Paula Fettback, ginecologista e especialista em infertilidade com ênfase em alta complexidade, a indicação de se evitar o parto vaginal geralmente ocorre quando a mãe já teve duas ou mais cesáreas anteriores – pois nestes casos o perigo de complicações é maior. Já quando fez apenas uma cesárea, é possível aguardar o trabalho de parto espontâneo.

2. Gestantes adolescentes

Em mães muito jovens, na verdade a cesariana é contraindicada, como explica Priscila Barbosa, ginecologista obstetra da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo

“O ideal seria o parto vaginal para evitar que essa paciente passe por uma cirurgia tão jovem, considerando que ela tem um bom tempo para futuras gestações. Quanto menos cirurgias ela for submetida, se não houver necessidade, melhor”, afirma.

3. Mulheres com mais de 40 anos

Ter uma gravidez com idade mais avançada não é um acontecimento isento de riscos, mas ginecologista Priscila esclarece que não é isso que deve decidir qual será a via de parto – e sim todas as outras informações sobre a gestação.

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“Há a falsa ideia de que acima de 40 anos a mulher tem que fazer cesárea, mas isso depende muito mais de uma indicação obstétrica e da saúde materna”, acrescenta Paula.

4. Pressão alta

A maioria das doenças maternas, quando bem monitoradas, não impedem que a mãe aguarde o trabalho de parto – e isto vale para mulheres com hipertensão. “Sabemos que o parto vaginal, se bem conduzido, traz menos complicações para mãe e bebê e menor taxa de sangramento. Por isso, se as doenças estiverem controladas e não houver outra condição que possa indicar uma cesárea, o parto normal pode ser realizado”, afirma Priscila.

No entanto, como pressão alta pode desencadear em pré-eclâmpsia, que coloca a gravidez em uma posição de maior risco, é preciso monitorar a condição de perto e, em casos mais graves, pode ser necessário sim recorrer a uma cesárea de urgência.

5. Diabetes gestacional

Outra condição que preocupa as mulheres, mas que não necessariamente a fará ter um parto cesariano, é a diabetes gestacional. O que pode acontecer, porém, é que por alguma consequência da doença o parto vaginal fique mais difícil.

“O risco de complicações no nascimento é maior em mulheres que têm obesidade ou que ganharam muito peso durante a gravidez, o que às vezes ocorre associado à diabetes gestacional. Assim, pode haver a necessidade de cesárea pelo alto peso do feto ou por alguma descompensação da doença”, pontua Paula.

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6. Trombofilia

A gestação já é um fator de risco para a formação de trombos – isto é, coágulos que entopem a circulação dos vasos sanguíneos -, mas as mulheres com trombofilia têm esse risco aumentado. O cuidado principal, segundo a especialista em infertilidade, é com a administração dos remédios da gestante para que não haja interação medicamentosa na hora do parto.

“A gestante precisa ficar atenta ao uso do anticoagulante, que deve ser suspenso 12 horas antes do parto. Se tiver passado este período, não há contraindicação de fazer a analgesia e pode seguir com o parto vaginal”, explica Paula.

7. Bebês com mais de 4kg

Você já deve ter ouvido que, se o bebê for muito grandinho, o nascimento terá que ocorrer através da cirurgia. Mas na verdade, como pontua Priscila, a logística do trabalho de parto depende do proporção entre a pelve da mãe e o tamanho do bebê. “Então, muitas vezes bebês menores podem ter que nascer por cesárea, assim como os maiores podem conseguir nascer de parto normal”, pontua. 

De acordo com a médica, as mães podem realizar uma prova de trabalho de parto, que nada mais é que a tentativa do nascimento por via vaginal, mesmo se o filho tiver mais de 4kg. Além disso, vale lembrar nem sempre o peso do pequeno indicado no ultassom corresponde exatamente às dimensões reais.

Em todo o caso, Paula reitera que a gestante deve estar ciente da possibilidade de que, durante o parto vaginal, seja preciso convertê-lo para cesárea. “Nos bebês maiores de 4kg, chamados também de macrossômicos, existe uma chance maior de desproporção céfalo-pélvica ou também de dificuldades e lesões na hora do nascimento. O importante é ter a monitorização adequada durante todo o processo”, ressalta Priscila.

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8. Gestação que passa das 40 semanas

O chamado período do pós-data é quando a gravidez ultrapassa as 40 semanas e só deve ocorrer caso a mãe e o bebê não tenham intercorrências durante o pré-natal. De acordo com Priscila, o máximo que a mulher pode esperar é até as 41 semanas (data considerada limite pela maior parte dos protocolos) mas, mesmo que chegue até esta fase, o pequeno não necessariamente terá que nascer cirurgicamente.

“Se não houver trabalho de parto espontâneo, pode-se tentar a indução de trabalho de parto (em mulheres que não tenham contraindicação para isso)”, diz a doutora. O procedimento também pode ser realizado em casos em que haja alguma condição materna ou fetal que não recomenda avançar mais do que as 40 semanas.

Condições que geralmente pedem a cesárea

Cada nascimento é único e, em conjunto com o obstetra, a mulher terá mais ferramentas para montar o seu plano de parto e para saber se alguma condição de saúde (sua ou do bebê) apontam para uma melhor via. Mas apesar dos indícios que não necessariamente indicam a cesárea, as médicas lembram que existem sim algumas situações em que a cirurgia é mais recomendada, pela segurança da gestante e do pequeno.

“As indicações mais formais de cesárea são quando a mulher já teve mais de duas cesáreas anteriores ou cirurgias no útero, devido ao risco de rotura uterina; a gestação gemelar (embora dependa do médico responsável); além da condição obstétrica em si (se há uma cardiopatia fetal ou materna grave, líquido amniótico baixo, sofrimento fetal crônico ou agudo ou restrição de crescimento, por exemplo)”, lista Paula.

O posicionamento do pequeno também pode ser determinante na hora de determinar a via de parto, como acrescenta Priscila. “Bebês em posição transversa contraindicam parto normal. Os bebês pélvicos (sentados) não são contraindicações absolutas, mas na maioria dos serviços esse tipo de parto não é preconizado devido ao risco alto de complicações na hora da saída do bebê”, explica a obstetra.

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Ela ainda acrescenta à lista de motivos que pedem a cesárea quando a mulher tem alguma doença materna grave e precisa do parto para que haja o tratamento (por exemplo, em caso de descompensação de pressão arterial grave); em situações de placenta prévia – quando o órgão está “tampando” o colo uterino -; e em indicações de urgência, pela cirurgia ser a saída mais rápida para o bebê.

“Além disso, pacientes com lesões ativas de herpes genital não devem realizar parto vaginal devido ao risco de contaminação do bebê, assim como mulheres com HIV que não têm tratamento adequado e carga viral muito baixa ou zerada”, complementa Priscila. “De toda forma, é necessário avaliar cada caso e todas as condições da mãe e do bebê, com equipe treinada, tanto para a realização de parto vaginal ou cesárea (quando indicado) com a maior segurança possível para ambos”, finaliza ela.

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